[CRÍTICA] Não! Não Olhe: Jordan Peele foge de 'Corra' e surpreende com ousadia

'Não! Não Olhe' é o retorno de Jordan Peele depois de 'Corra' e 'Nós', mas prova que o diretor pode fazer muito mais do que o público imagina. Confira o que achamos:

[CRÍTICA] Não! Não Olhe: Jordan Peele foge de ‘Corra’ e surpreende com ousadia

'Não! Não Olhe' é o retorno de Jordan Peele depois de 'Corra' e 'Nós', mas prova que o diretor pode fazer muito mais do que o público imagina. Confira o que achamos:

[CRÍTICA] Não! Não Olhe: Jordan Peele foge de ‘Corra’ e surpreende com ousadia
NÓS OLHAMOS
Imagem: Reprodução | Divulgação
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Enfim chegamos em ‘Não! Não Olhe’! Jordan Peele é um diretor que conseguiu conquistar o respeito do público e fãs. Não é à toa, ‘Corra’ é de fato um dos filmes de terror mais criativos e divertidos da última década. Tal como é também uma das novidades mais empolgantes, sem exagero, do século.




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Ele criou um fenômeno, e conseguiu ainda mais respeito quando seu segundo filme (‘Nós’), seguiu a linha da personalidade, complexidade e humor que fez o público se apaixonar pelo seu estilo. Acontece que não é de hoje que vemos diretores virarem fenômenos com seus primeiros filmes.

Muitas das vezes, esses diretores conseguem emplacar um segundo filme com o mesmo sucesso. Mas um desafio ainda maior é acertar também na TERCEIRA vez. Com tanta pressão e expectativa, Não! Não Olhe’ consegue escapar de todos esses fantasmas e não é apenas MAIS UM acerto na conta de Jordan Peele, como é também um corajoso amadurecimento do diretor.


Isso porque o primeiro trailer do filme lançou sob o público mais um mistério intrigante de Peele. Mas quem diria que sua reunião com o ator Daniel Kaluuya nos preparava algo MUITO diferente de ‘Corra’ e ‘Nós’. Por mais que essa decisão possa surpreender e talvez não agradar os fãs de seus antecessores, é um passo fundamental para que o diretor se prove como muito mais do que ‘o autor do hit…’.

ESSA CRÍTICA CONTÉM SPOILERS DE ‘NÃO! NÃO OLHE’!

Sua marca registrada está presente com a mesma intensidade, mas diluída em uma trama e narrativa bem mais simples e direta ao ponto. Abraçando o gênero de OVNI/filmes alienígenas, criando um mistério tenso e imersivo.


Mas assim que o mistério já está decifrado, ele não tem medo de apostar na reviravolta de mudar totalmente o tom do filme. Agora, com lampejos de um faroeste alucinante e épico, reaproveitando totalmente o magnífico cenário aberto do rancho e os seus cavalos, para um clímax que transforma a noite de terror para um dia de ação.


E não tem surpresa mais satisfatória do que ver que além de muito bom das ideias, Peele fez um trabalho incrível nessas cenas de ação e alta velocidade. Essa maestria somada com a deslumbrante fotografia de Hoye Van Hoytema, o resulto é uma experiência OBRIGATÓRIA para as telonas, principalmente em IMAX!

Sim, Peele provou mandar muito bem um filme com mais cara de blockbuster, mas por mais que essa seja uma obra mais ‘simples’, ela está longe de ser rasa. E a prova disso tudo vem logo no comecinho, com uma prévia da história bizarra com o chimpanzé Gordy.


A princípio, toda essa subtrama com a carnificina de Gordy testemunhada por Jupe (numa atuação carismática de Steven Yeun) pode parecer bizarra e desconexa demais com todo o resto. Mas olhando e pensando mais a fundo, é simplesmente o centro, coração e essência do filme.

Daí, fica mais evidente e genial que um filme sobre OVNIs, é também sobre a espetacularização e sensacionalismo em cima de tragédias e a exploração animal. Ao mesmo tempo em que faz uma revisão histórica sobre a cultura, importância e exploração dos negros em paralelo com a história do próprio cinema.

Falando em paralelos e simbolismos, toda a história do jóquei negro da primeira imagem em movimento e como ela se mescla, ao fim, com a tentativa de feito histórico de OJ, cavalgando para atrair o alien enquanto é filmado por Antlers, é apenas uma pequena parte do quanto o filme ganha mais complexidade e valor a cada novo detalhe que você pare para analisar.

Muito se diz sobre o quanto Jordan Peele ‘exagera’ em puxar assuntos raciais e políticos em suas obras. Mas se alguém fizer QUALQUER reclamação sobre isso especificamente aqui em ‘Não! Não Olhe’, só pode ser alguém que se incomoda facilmente com qualquer curiosidade ou fato sobre a cultura ou pessoas negras. E aí sabemos muito bem qual é o verdadeiro problema. Portanto, com sutileza ou não, que Peele não pare de fazer o que faz tão bem!

Obviamente, não poderíamos ter uma crítica sem um parágrafo específico para exaltar as atuações de Kaluuya e Keke Palmer! Representando lados de um extremo, com o calado OJ e a expressiva Em, a dupla possui uma química que consegue compensar até o ritmo mais lento que atrapalha um pouco da primeira metade.

Esse ritmo lento te recompensa com a virada triunfal no final, mas ainda assim a duração total conta com alguns inchaços que poderiam ser cortados ou reduzidos para um ritmo melhor.

Por fim, mesmo que a princípio ele fique abaixo de ‘Corra’ e ‘Nós’, o filme é uma conquista gloriosa de Peele, que nos deixa ainda mais curiosos pelo que mais ele consegue fazer, e qual gênero ou história ele nos apresentará na próxima vez. Que vá ainda mais além… e que não demore!

NOTA: 4/5


2 Comentários Sobre o Assunto
  1. Juan Rossi disse:

    Este filme é ótimo! Assim como na maravilhosa crítica observacional e enredo totalmente inusitado de Corra!, abordando em sua totalidade a problemática do enraizado preconceito contra negros! Acaba sendo ainda terror concentrado… Nota 10 merecida a este!

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