As maiores bilheterias de 2019, Parte 2: Brasil
Na segunda parte de nossa matéria, vamos conferir quais foram as maiores bilheterias no Brasil no ano passado. Os dados estão em reais e foram compilados até o dia...
Na segunda parte de nossa matéria, vamos conferir quais foram as maiores bilheterias no Brasil no ano passado. Os dados estão em reais e foram compilados até o dia 19 de janeiro de 2020. Vem conferir!
1º Lugar: Vingadores: Ultimato
Direção: Anthony e Joe Russo
Distribuição: Disney
Data de estreia (Brasil): 25 de abril de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 102,5 milhões
Bilheteria final: R$ 339 milhões
O MCU foi a franquia mais popular entre os cinéfilos brasileiros, especialmente para os mais jovens, para os quais as aventuras dos Vingadores serviram ao mesmo papel que às de Harry Potter e seus amigos bruxos nos anos 2000, ou as de Luke Skywalker, Han Solo e a Princesa Leia nos anos 70 e 80. Ultimato foi aguardadíssimo pelos fãs graças ao trágico final do longa anterior dos heróis da Marvel, Guerra Infinita, gerando o maior cliffhanger no cinema desde que Luke teve sua mão decepada por Darth Vader e descobriu que o vilão era na realidade o seu pai (os finais em aberto de longas como A Sociedade do Anel, Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 e A Desolação de Smaug não contam muito, já que, por serem baseados em livros já publicados, quem quisesse saber o que acontecia só precisava ler a obra literária).
Ainda assim, aqui no Brasil seu desempenho foi absurdo mesmo levando em conta as expectativas mais otimistas.
O encerramento da Saga do Infinito já em seu primeiro dia em nosso país levou 1,5 milhão de pessoas aos cinemas – o recordista anterior era justamente Guerra Infinita, que em sua primeira quinta no país levou 953 mil pessoas às salas escuras. Até o domingo, o quarto longa dos Vingadores já havia alcançado um público de quase 5,5 milhões de pessoas e mais de R$ 100 milhões em faturamento – como comparação, Guerra Infinita estreou levando 3,76 milhões de pessoas e arrecadando R$ 66,4 milhões, o que já era absurdo em sua época (e ainda é, na verdade).
Na segunda semana, Ultimato tornou-se o (na época) segundo filme a ultrapassar a marca dos R$ 200 milhões na bilheteria nacional, e na quarta ele bateu a inédita marca dos R$ 300 milhões, ao mesmo tempo em que ultrapassava Titanic no número de ingressos vendidos (o romance trágico de Jack e Rose levou 17 milhões de pessoas aos cinemas nacionais), tornando-se o longa mais assistido nos cinemas nacionais da história.
Em menos de um mês Ultimato atingiu patamares nas bilheterias que ainda hoje são inconcebíveis para muitos blockbusters, incluindo os do próprio MCU. Depois, claro, conforme a internet era inundada por spoilers e novos longas chegavam às salas, o titã da Marvel ia diminuindo suas bilheterias semanais.
Ainda assim, ele saiu de cartaz tendo levado 19,6 milhões de pessoas às salas escuras no país, com um inacreditável faturamento de R$ 339 milhões. É uma bilheteria astronômica, do tipo que não veremos tão cedo.
2º Lugar: O Rei Leão
Direção: Jon Favreau
Distribuição: Disney
Data de estreia (Brasil): 18 de julho de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 68,3 milhões
Bilheteria final: R$ 266 milhões
Quem pensava que Ultimato seria o único megafilme de 2019 certamente não conhece o amor do público brasileiro por O Rei Leão.
Ao chegar às salas nacionais em julho passado, bem quando o público infantil estava de férias, O Rei Leão teve uma abertura que praticamente igualou à de Guerra Infinita em abril de 2018: embasbacantes R$ 68 milhões e 3,75 milhões de pessoas nas salas escuras. Porém, nas semanas seguintes, a nova versão do épico leonino da Disney desempenhou melhor que o terceiro Vingadores e, em seu quinto fim de semana, O Rei Leão acabou por superar os números finais de Guerra Infinita (14,5 milhões de ingressos).
No fim das contas, o controverso e não muito bem recebido remake saiu de cartaz tendo faturado R$ 266 milhões, o segundo maior da história, logo atrás de Ultimato. Quanto ao número de ingressos vendidos, por muito pouco Titanic não foi ultrapassado uma segunda vez em 2019: O Rei Leão levou 16,26 milhões de pessoas às salas escuras, 800 mil a menos do que o oscarizado filme de James Cameron.
Tal performance para o remake foi bastante adequada. Afinal, o Rei Leão original, lançado em julho de 1994 no Brasil, foi por nove anos a animação mais assistida da história nos cinemas brasileiros, até ser ultrapassada por Procurando Nemo. Agora, a coroa de maior animação em nosso país foi novamente devolvida a Simba, que, com seu remake fotorrealista, reinará por muitos anos.
3º Lugar: Coringa
Direção: Todd Phillips
Distribuição: Warner Bros.
Data de estreia (Brasil): 3 de outubro de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 29,5 milhões
Bilheteria final: R$ 157 milhões
O maior vilão da história da DC Comics conseguiu uma surpreendente vitória sobre diversos heróis na bilheteria brasileira, não apenas os de sua própria editora como também os da Marvel.
Chegando aos cinemas de todo mundo cercado de controvérsias, e com o temor de que o filme pudesse inspirar um atentado similar ao ocorrido em Aurora, nos Estados Unidos, na estreia de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge em 2012 (ou o infelizmente pouco lembrado hoje em dia ocorrido em São Paulo durante uma sessão de Clube da Luta, em 1999), ainda assim Coringa levou multidões aos cinemas. Inclusive no Brasil, onde o filme levou mais de 1,7 milhão de pessoas às salas escuras, obtendo uma abertura maior que às de filmes de quadrinhos muito menos perturbadores, como Aquaman, Mulher-Maravilha, Thor: Ragnarok e Homem-Aranha: Longe de Casa.
Claro, o brasileiro sempre foi apaixonado por adaptações de quadrinhos, porém Coringa era um filme diferente. Ao se apresentar como um suspense inspirado pelo cinema de Martin Scorsese dos anos 70 e 80 (como Taxi Driver e O Rei da Comédia), e não um longa de ação com efeitos especiais extravagantes tal como o público já havia assistido diversas vezes nas últimas décadas, Coringa atraiu não apenas os jovens fãs de filmes de heróis (que ainda não haviam tido contato com um longa do tipo), mas também quem sequer tem interesse no MCU, no DCEU e outras megafranquias estreladas por superseres.
Além disso, Coringa também foi beneficiado pelos fraquíssimos concorrentes que se seguiram à sua estreia. Com fiascos do calibre de O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio, Doutor Sono e As Panteras afundando nas telonas, o palhaço homicida da DC tornou-se basicamente o único blockbuster para adultos em cartaz por semanas à fio.
Isso permitiu que o filme tivesse um desempenho pós-estreia superior à média dos filmes de quadrinhos, e acabasse eventualmente superando tanto no número de ingressos vendidos quanto no faturamento sucessos como Aquaman, Batman vs Superman e Liga da Justiça (todos com faturamento entre R$ 133 milhões e R$ 140 milhões, e cerca de 8,6 milhões de ingressos vendidos). Mas nem assim o vilão sossegou: superando longas como Capitã Marvel e Capitã América: Guerra Civil, o filme chegou ao final de sua carreira tendo se tornado a 5ª adaptação de quadrinhos que mais vendeu ingressos no país, atrás apenas dos quatro filmes dos Vingadores, bem como o 17º maior público da história em geral (segundo para um longa da Warner, atrás do clássico dos filmes desastre Inferno na Torre).
Com quase R$ 160 milhões arrecadados, Coringa é também não apenas o maior faturamento da Warner no Brasil, como também o quarto maior de todos os tempos. Apenas Guerra Infinita, O Rei Leão e Ultimato arrecadaram mais do que o palhaço.
É a maior vitória da Legião do Mal contra os Super Amigos em terras brasileiras!
4º Lugar: Capitã Marvel
Direção: Ryan Fleck, Anna Boden
Distribuição: Disney
Data de estreia (Brasil): 7 de março de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 51,2 milhões
Bilheteria final: R$ 146,8 milhões
Chegando às terras nacionais no fim de semana imediatamente posterior ao carnaval (que já havia se provado extremamente frutífero para Logan dois anos antes), Capitã Marvel foi um sucesso sem precedentes para um filme de um herói solo.
Carol Danvers começou sua excelente carreira nas bilheterias nacionais já com um ótimo fim de semana: com R$ 51,2 milhões de arrecadação e 2,9 milhões de ingressos vendidos. Na época, foi a segunda maior abertura da história, atrás apenas de Guerra Infinita – hoje, a heroína encontra-se na quarta posição, tendo sido ultrapassada por Ultimato e O Rei Leão.
Nas semanas seguintes, Carol Denvers não perdeu o fôlego, e acabou alcançando números maiores e melhores que muitos de seus colegas do MCU. Após cinco semanas em cartaz, a heroína superou o público de Aquaman (8,5 milhões de ingressos) e tornou-se o filme protagonizado por um(a) herói(ina) solo de maior público no país – os outros à frente todos eram de equipes de superseres: a Liga da Justiça, os Vingadores, e até a família Incrível. Do mesmo modo, a Capitã também superou o público do primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi (8,4 milhões de ingressos), tornando-se a adaptação de quadrinhos protagonizada por um(a) personagem que ainda não havia aparecido nas telonas antes (o Aquaman de Jason Momoa fez parte de Liga da Justiça).
No fim das contas, Capitã Marvel saiu de cartaz com pouco mais de 9 milhões de ingressos vendidos, o que faz dele o sexto filme de heróis de maior público da história (atrás dos quatro Vingadores, Os Incríveis 2 e Guerra Civil). O longa é também, de bem longe, a maior bilheteria brasileira para um filme de ação protagonizado por uma mulher – Titanic, Dona Flor e Seus Dois Maridos, A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 e Ghost: Do Outro Lado da Vida até venderam mais ingressos que a heroína da Marvel, porém tais longas pertencem aos mais variados espectros do gênero romance: trágico, fantástico, cômico…
Quanto ao faturamento, Capitã Marvel conseguiu uma arrecadação superior à conquistada por aventuras anteriores dos próprios Heróis Mais Poderosos da Terra, como Os Vingadores (R$ 130 milhões), Guerra Civil (R$ 143 milhões) e Era de Ultron (R$ 145,9 milhões). Com isso, o filme é o terceiro maior faturamento do MCU, atrás de Guerra Infinita e Ultimato, e o quinto maior da história, perdendo também para Coringa e O Rei Leão.
Muitos recordistas chegando ao topo dos maiores faturamentos da história do país, não acha? E pensar que Era de Ultron reinou sem ser incomodado como a maior bilheteria da história por três anos…
5º Lugar: Minha Mãe é uma Peça 3
Direção: Susana Garcia
Distribuição: Downtown Filmes
Data de estreia (Brasil): 26 de dezembro de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 31 milhões
Bilheteria até o momento: R$ 138,2 milhões até 19 de janeiro
A inclusão deste longa aqui é controversa, visto que, apesar de ter estreado ainda em 2019, o filme fez boa parte de sua bilheteria em janeiro de 2020. De toda forma, o terceiro filme da saga da Dona Hermínia já é o maior faturamento da história para um longa brasileiro, superando o recordista anterior, que é… seu próprio predecessor, que foi lançado em 2016 e arrecadou R$ 124 milhões.
Já no número de ingressos vendidos, Minha Mãe é uma Peça 3 chegou a 8,7 milhões após apenas 4 semanas. Trata-se do sexto filme brasileiro que mais vendeu ingressos na história (ao menos, até onde existem dados confiáveis), logo atrás de Nada a Perder, Os Dez Mandamentos: O Filme, Tropa de Elite 2, Dona Flor e seus Dois Maridos e Minha Mãe é uma Peça 2 – mas enquanto você lê este artigo, é provável que o filme já tenha superado o segundo capítulo da franquia criada e estrelada por Paulo Gustavo.
Aliás, considerando que o filme está em cartaz há menos de um mês, é bem provável que o filme supere os faturamentos e ingressos vendidos de Capitã Marvel e Coringa, subindo para a terceira posição deste ranking. Até onde o último capítulo da saga de Dona Hermínia poderá chegar, só podemos imaginar por enquanto… Será que estamos diante do primeiro filme nacional a arrecadar mais de R$ 200 milhões?
6º Lugar: Toy Story 4
Direção: Josh Cooley
Distribuição: Disney
Data de estreia (Brasil): 20 de junho de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 35 milhões
Bilheteria final: R$ 124,5 milhões
A quarta aventura de Woody, Buzz e seus amigos brinquedos conquistou o que na época foi a maior abertura para uma animação, deixando no chinelo o recordista anterior, Meu Malvado Favorito 3 (que abriu com R$ 26 milhões em 2017). Aliás, em faturamento, o longa também teve uma abertura superior ao do remake de A Bela e a Fera, tornando-se a maior bilheteria de estreia para um filme infantil (ainda que o longa não tenha conseguido superar o musical estrelado por Emma Watson no número de ingressos vendidos no primeiro fim de semana).
Nas semanas seguintes, porém, Toy Story 4 acabou pegando uma combinação de concorrentes poderosos que lhe impediram de fazer jus à sua excelente abertura, como o bem sucedido e elogiado longa infantil brasileiro Turma da Mônica: Laços, o blockbuster do MCU Homem-Aranha: Longe de Casa e o monstro de bilheteria O Rei Leão. É uma situação bem diferente da enfrentada por Os Incríveis 2 em 2018, que teve como únicos adversários um filme menor da Marvel (Homem-Formiga e a Vespa) e a animação da Sony Hotel Transilvânia 3.
Ainda assim, R$ 124 milhões de faturamento e quase 8 milhões de pessoas nos cinemas não é nenhuma decepção, pelo contrário. Trata-se da quarta maior bilheteria para uma animação no país (atrás de O Rei Leão, Os Incríveis 2 e Meu Malvado Favorito 3) e do 8º maior público (atrás dos longas citados e também de A Era do Gelo 3, Minions, A Era do Gelo 4 e Procurando Dory).
Perceba como todos os filmes no parágrafo anterior são continuações, spin-offs ou um remake, no caso do longa de Simba. Porém, com a Disney e a Pixar focando mais em filmes originais num futuro próximo, será que os novos longas conseguirão manter esse patamar?
7º Lugar: Homem-Aranha: Longe de Casa
Direção: Jon Watts
Distribuição: Sony Pictures
Data de estreia (Brasil): 4 de julho de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 30,4 milhões
Bilheteria final: R$ 106,6 milhões
Segunda aventura solo do Homem-Aranha do Universo Cinematográfico da Marvel, Homem-Aranha: Longe de Casa teve no Brasil um desempenho similar ao de seu predecessor, De Volta ao Lar, lançado no ano anterior. Assustadoramente similar, na verdade.
Para começar, a estreia de Longe de Casa foi bem próxima à da primeira aventura solo de Holland: R$ 30 milhões e 1,66 milhão de ingressos vendidos para o embate do herói com Mystério contra R$ 29,7 milhões e 1,72 milhão da de sua luta com Abutre. O segundo fim de semana de ambos também foi inacreditavelmente parecido: 980 mil ingressos para cada um, com uma leve vantagem de 1366 ingressos (!) para De Volta ao Lar, e um público parcial de pouco menos de 4 milhões.
No terceiro, porém, Longe de Casa ficou um pouco mais distante de seu antecessor: enquanto o filme aracnídeo de 2017 levou 590 mil pessoas aos cinemas, o de 2019 levou 494 mil. Tudo isso graças à um motivo: enquanto De Volta ao Lar enfrentava concorrentes medíocres como Carros 3 e Transformers: O Último Cavaleiro, Longe de Casa pegou ninguém menos que a monstruosa abertura de O Rei Leão a partir de sua terceira semana.
Como resultado, o público final de Longe de Casa foi inferior ao do anterior: 6,71 milhões para De Volta ao Lar contra 6,56 milhões de seu sucessor, que portanto levou 154 mil pessoas a menos que o longa de 2017. No fim das contas, o filme que traz Jake Gyllenhaal como vilão ainda foi o quarto maior público do herói aracnídeo no Brasil, atrás apenas dos dois primeiros de Sam Raimi e De Volta ao Lar, porém superando Homem-Aranha 3, os longas com Andrew Garfield e Aranhaverso.
Ainda assim, graças aos preços mais altos dos ingressos, Longe de Casa saiu de cartaz com R$ 106,6 milhões, o que faz dele o maior faturamento para um longa do Aracnídeo e para a Sony em geral no Brasil, superando De Volta ao Lar em quase R$ 4 milhões. É um bom número, mas será que o terceiro longa do Cabela de Teia vai conseguir ser ainda maior?
8º Lugar: Malévola: Dona do Mal
Direção: Joachim Rønning
Distribuição: Disney
Data de estreia (Brasil): 17 de outubro de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 18,5 milhões
Bilheteria até o momento: R$ 91,8 milhões
O primeiro Malévola foi a maior bilheteria brasileira de 2014, com R$ 74,2 milhões. Portanto, já era de se esperar que sua continuação fosse ser grande no país – apenas que não tanto assim.
O longa, que era para ter estreado em maio de 2020, acabou chegando aos cinemas em outubro. No caso do Brasil, esta foi um decisão inteligente, uma vez que ele chegou justamente quando vários longas infantis estavam tendo desempenhos fraquíssimos (Abominável, Angry Birds 2, etc). Ou seja, o público não assistia a um grande blockbuster para a família desde O Rei Leão, lançado três meses antes.
E continuou sem assistir, pois a fada de Angelina Jolie praticamente não teve concorrentes entre longas infantis, com a notável exceção do bem sucedido A Família Addams. Dessa forma, o longa conseguiu reinar sem nenhuma oposição por semanas à fio, liderando as top 10 bilheterias brasileiras do fim de semana por seis semanas consecutivas, perdendo-a na sétima para Uma Segunda Chance para Amar e retomando-a na oitava, graças à fraqueza das estreias nos cinemas brasileiros entre novembro e o início de dezembro.
No fim das contas, Dona do Mal permaneceu no top 10 até a virada do ano, e depois disso também, mesmo com a chegada de Frozen II às salas nacionais – um recorde para um longa lançado em 2019, mais do que blockbusters como Ultimato e filmes muito comentados como Bacurau.
Com isso, o filme superou seu antecessor na renda e também no público (5,81 milhões de ingressos, contra 5,79 milhões do primeiro Malévola). O filme também superou Aladdin, e é a 16ª maior bilheteria da Disney no Brasil – sim, considerando também os filmes do MCU, da Pixar, as animações, e tudo o mais. Entre as fantasias da Disney derivadas de seus clássicos animados (lembre-se que a Malévola originalmente era a vilã de A Bela Adormecida), Dona do Mal só perde para os titãs A Bela e a Fera e O Rei Leão.
Se depender do público brasileiro, Angelina Jolie pode continuar interpretando a feiticeira ainda por vários filmes!
9º Lugar: Aladdin
Direção: Guy Ritchie
Distribuição: Disney
Data de estreia (Brasil): 23 de maio de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 18,5 milhões
Bilheteria final: R$ 80,1 milhões
No Brasil, Aladdin foi o longa que retirou Ultimato da liderança das bilheterias após cinco semanas. Arrecadando pouco mais de R$ 18 milhões, o filme foi na época a segunda e hoje a terceira maior estreia para um remake de uma clássica animação da Disney, atrás de O Rei Leão e A Bela e a Fera. A abertura de Malévola: Dona do Mal foi levemente maior, mas tal filme não refaz nenhuma animação da Casa do Mickey, apenas continua a história de um longa que já fazia precisamente isso.
Depois disso, apesar das críticas não exatamente positivas, o longa teve bom desempenho com o passar das semanas, aproveitando-se do fato de ser basicamente a única opção para filmes infantis em cartaz por semanas à fio. Não, você não está tendo um déjà-vu, Aladdin realmente teve a mesma vantagem de Malévola: Dona do Mal.
Mas, diferentemente da fantasia estrelada por Jolie, no caso da turma de Agrabah esta vantagem não durou muito, e acabou quando Toy Story 4 chegou às salas nacionais em 20 de junho, na quinta semana de Aladdin. Naquele ponto, porém, o longa estrelado por Smith já havia conquistado 90% de seu público final. Como comparação, Dona do Mal em sua quinta semana havia alcançado 80% de seu público total.
Comparando as situações de Aladdin e Toy Story 4 com a de Dona do Mal, podemos pensar que, em 2019, os filmes infantis ficaram tão concentrados na Disney, que a única coisa que os impedia de seguir por semanas sem fim no ranking das 10 maiores bilheterias do fim de semana (e certamente nas primeiras posições) era… outro filme infantil da Disney. Claro, houveram sucessos surpreendentes como o bom desempenho do elogiado filme brasileiro Turma da Mônica: Laços e o da animação A Família Addams (que foi bem sucedido em reinventar a antiga franquia), porém isso não apaga o fato de que em 2019 o cinema familiar pertenceu à Casa do Mickey.
No caso do Brasil, muito disso se deve ao fato de que as franquias que costumavam desafiar a supremacia da Disney tiraram folga em 2019: não tivemos nenhuma nova aventura no Hotel Transilvânia, nenhum novo Rio ou A Era do Gelo (o estúdio responsável por estes dois longas, a Blue Sky, pertence à Fox, que agora é da própria Disney) e, claro, nenhum novo filme da franquia Meu Malvado Favorito. O único filme da Illumination neste ano, Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2, decepcionou de maneira surpreendente.
Mas tudo indica que em 2020 esse embate será mais equilibrado. Não apenas a franquia das criaturas amarelas retorna com Minions: The Rise of Gru (forte candidato a maior público de 2020 no Brasil), como também a Warner vai tentar reconquistar as crianças com novas animações cinematográficas estrelando o Scooby Doo e a dupla Tom e Jerry – ao passo em que a Disney terá o remake de Mulan e três animações originais (sendo duas da Pixar). Vai ser uma briga boa de se assistir.
10º Lugar: WiFi Ralph: Quebrando a Internet
Direção: Rich Moore, Phil Johnston
Distribuição: Disney
Data de estreia (Brasil): 3 de janeiro de 2019
Bilheteria de estreia no primeiro fim de semana: R$ 17,5 milhões
Bilheteria final: R$ 64,9 milhões
Ainda falando na Disney…
Até a chegada de WiFi Ralph, nenhuma animação original da Casa do Mickey (afora as da Pixar) havia faturado mais do que R$ 15 milhões ou vendido mais de 1 milhão de ingressos no fim de semana de estreia. Moana chegou perto, mas bateu na trave.
Portanto, a animação (que no Brasil traz as vozes de Tiago Abravanel e Marimoon como os simpáticos protagonistas Detona Ralph e Vanellope) aproveitou-se de um longo período sem filmes infantis em cartaz para estrear de forma turbinada. 2018, ao contrário de 2019, não teve um Malévola: Dona do Mal, e até a estreia de WiFi Ralph o único longa familiar em cartaz era O Grinch, que havia estreado em novembro.
E justamente por isso o mês de janeiro foi tão lotado de longas para crianças: afora o próprio WiFi Ralph, houveram também Como Treinar o seu Dragão 3, Homem-Aranha no Aranhaverso, Dragon Ball Super: Broly e até o ignorado live action O Menino que Queria Ser Rei. Dessa forma, apesar de ter estreado com números acima dos de Moana, WiFi Ralph saiu de cartaz com números abaixo dos da princesa polinésia no Brasil: 4,4 milhões de ingressos vendidos e R$ 65 milhões de faturamento por Ralph e Vanellope contra 5,14 milhões de ingressos e R$ 71,6 milhões arrecadados por Moana e Maui.
Ainda assim, WiFi Ralph encerrou o ano como a 15ª maior bilheteria para uma animação no Brasil. Comparado com seu predecessor Detona Ralph, lançado seis anos antes, o filme conquistou um faturamento 61% maior e vendeu 26% a mais de ingressos do que o longa anterior na franquia.
Outros longas que estrearam em 2019 e ficaram entre a 11ª e a 20ª colocação:
11º Lugar: Nada a Perder 2 – R$ 59,7 milhões
Os filmes religiosos da Record lançados na última década estão entre os mais controversos da história do cinema brasileiro. Um dos motivos para isso foi quando foi revelado que os números das bilheterias de Os Dez Mandamentos e o primeiro Nada a Perder foram inflados artificialmente, graças à compra em massa de ingressos por fiéis.
Quando o segundo Nada a Perder estreou, seus números ainda foram superlativos, porém menores que os de seu predecessor e Os Dez Mandamentos. Além disso, não se ouviram novamente notícias acerca de fraude nas bilheterias como das duas outras vezes. Portanto, será que a bilheteria de Nada a Perder 2 foi conquistada de forma “natural”, por seus próprios méritos?
Se isto ocorreu, então de fato não havia motivo algum para que a Record, a Paris e seus associados cometessem as fraudes, pois seus longas seriam sucesso de toda forma. Se pensarmos que Nada a Perder 2 não precisou das estúpidas estratégias que fizeram seus antecessores artificialmente atingirem números de ingressos superiores aos de clássicos nacionais como Dona Flor e seus Dois Maridos e Tropa de Elite 2, então a segunda parte da biografia do bispo Edir Macedo foi um sucesso extremamente respeitável.
Com 6,1 milhões de ingressos e R$ 60 milhões de arrecadação, o longa ainda ficou abaixo dos números bizarros de seu antecessor, porém ainda é uma das maiores bilheterias da história para um filme nacional. Se Os Dez Mandamentos e o primeiro Nada a Perder tivessem alcançado números parecidos por conta própria, já seria o bastante para que os longas da Igreja Universal fossem respeitados por sua capacidade de atrair uma boa quantidade de cristãos às salas, ao invés de suspeitos por sua lamentável manipulação da bilheteria.
Por outro lado, nada garante que o mesmo não ocorreu com Nada a Perder 2. Uma vez tendo ganhado a desconfiança do público e do cinema nacional com os dois primeiros longas, será difícil para a Record reconquistá-la novamente – se é que os responsáveis ligam para isso.
12º Lugar: Como Treinar o seu Dragão 3 – R$ 58,5 milhões
O encerramento da saga da DreamWorks teve desempenho inferior a outros longas familiares da Disney este ano, mas ao menos obteve o maior faturamento de sua franquia no Brasil (o segundo saiu de cartaz com R$ 55 milhões), ainda que não o maior público (3,94 milhões de ingressos para o terceiro longa contra 4,63 milhões do segundo).
13º Lugar: Star Wars: A Ascensão Skywalker – R$ 53,5 milhões até o dia 19 de janeiro
O nono capítulo da saga espacial ainda está em cartaz, mas tudo indica que seu desempenho será inferior aos dos dois Episódios anteriores da franquia, que arrecadaram R$ 110 milhões e R$ 63 milhões respectivamente. E com 2,78 milhões de ingressos vendidos após cinco semanas em cartaz, já é certo que o filme não apenas não vai nem encostar no público de seus predecessores (6,74 milhões e 3,51 milhões), como também não deve ultrapassar o público do spin off Rogue One (2,86 milhões), o que é surpreendentemente decepcionante para a saga. Leia minhas análises mais aprofundadas do desempenho de A Ascensão Skywalker no Brasil aqui, aqui, aqui e aqui.
14º Lugar: Shazam! – R$ 47,9 milhões
A aventura da DC não conseguiu capitalizar na obsessão do cinéfilo brasileiro por filmes de heróis e saiu de cartaz com a segunda menor bilheteria do DCEU no país, superando apenas O Homem de Aço. Ter estreado logo entre Capitã Marvel e Ultimato certamente feriu o potencial de bilheteria do longa por aqui – na semana em que o quarto Vingadores chegou às salas nacionais, o público de Shazam! despencou em monstruosos 85%. Quem sabe se o filme não tivesse estreado numa época fácil para blockbusters familiares, como em setembro ou novembro…
15º Lugar: It: Capítulo Dois – R$ 47,7 milhões
O segundo filme do palhaço assassino pode não ter alcançado os números do primeiro (R$ 62 milhões), mas ainda arrecadou bem acima da média para um filme de terror. Os dois It estão na lista dos maiores filme de horror da história no cinema nacional – saiba mais aqui!
16º Lugar: Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw – R$ 44,2 milhões
O spin off da franquia de ação e corridas alcançou um faturamento menor que os do sexto, sétimo e oitavo longas de sua franquia, e um público (2,75 milhões de ingressos) inferior ao destes filmes e ao do quinto capítulo capítulo, passado no Rio de Janeiro. Sua bilheteria foi mais parecida com a de um típico longa de espionagem como Missão: Impossível – Efeito Fallout (R$44,5 milhões e 2,5 milhões de ingressos), e menos como a da única franquia live action na atualidade capaz de desafiar a supremacia dos heróis da Marvel e da DC na bilheteria brasileira. Será que uma continuação desse spin off pode atingir números maiores, ou será que o público nacional não vai se apaixonar pelas aventuras dos personagens interpretados por Dwayne Johnson e Jason Statham da mesma maneira que pela família do Dominic Toretto de Vin Diesel?
17º Lugar: Homem-Aranha no Aranhaverso – R$ 31,2 milhões
Elogiadíssima e com alta bilheteria nos EUA, Aranhaverso, tal como Shazam!, não conseguiu traduzir a paixão do brasileiro por super-heróis em grandes números em nossa bilheteria. Também pudera, tendo estreado em meio a uma violenta disputa pela atenção do público infantil com WiFi Ralph e Como Treinar o seu Dragão 3, Aranhaverso despencou com extrema velocidade após sua estreia. Quem sabe se o filme não tivesse chegado ao Brasil em conjunto com os EUA, em dezembro de 2018, em vez de um muito competitivo janeiro de 2019…
18º Lugar: Turma da Mônica: Laços – R$ 30,3 milhões
Mesmo enfrentando pesada competição dos blockbusters estrangeiros (especificamente Toy Story 4, Longe de Casa e O Rei Leão), ainda assim o primeiro filme em live action da adorada Turma da Mônica conquistou ótimos números. O cinema brasileiro para crianças, que nos anos 70 e 80 era dominado pelos Trapalhões, nos 90 e 2000 pela Xuxa e pelos filmes solo do Didi, e na segunda metade da última década por adaptações de séries infantis (como os longas baseados em Carrossel e Detetives do Prédio Azul), agora conquistou uma nova franquia para chamar de sua – uma que, além disso, ainda foi aclamada pela crítica (Laços ganhou reviews positivas de sites como Cinema com Rapadura, Papo de Cinema, Cinepop, entre outros). Com a boa performance deste filme, sua continuação Lições, que reúne o diretor Daniel Rezende com os jovens intérpretes dos icônicos personagens de Maurício de Souza, chega em dezembro de 2020.
19º Lugar: Dumbo – R$ 29,6 milhões
Nem mesmo a Disney consegue acertar todas, e Dumbo foi basicamente a maior decepção da Casa do Mickey em 2019. No país, o longa teve fraco desempenho enquanto competia com Capitã Marvel e Shazam!. Sim, a animação Dumbo é bem mais antiga do que Aladdin e O Rei Leão, porém se o remake de Cinderela e Malévola (nova versão de A Bela Adormecida) conseguiram se sair bem, certamente o problema está no tom solene e pesado imposto por Tim Burton ao longa do simpático elefante orelhudo.
20º Lugar: Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 – R$ 27,6 milhões
Se nos EUA o segundo Pets enfrentou uma queda violenta em relação ao primeiro, aqui no Brasil não foi diferente. A franquia foi dos R$ 62 milhões do primeiro Pets para menos de R$ 30 milhões no segundo – uma queda gigantesca de 55%. Pelo visto, o primeiro longa não fidelizou os espectadores a ponto de levá-los a voltar para uma continuação, ou então simplesmente haviam competidores demais pelo público infantil em cartaz.