Os filmes de 2023 cuja bilheteria foi impactada pela greve dos atores

Enquanto os atores hollywoodianos lutam por melhores condições de trabalho, muitos filmes lançados entre julho e setembro tiveram bilheterias prejudicadas pela greve.

Os filmes de 2023 cuja bilheteria foi impactada pela greve dos atores

Enquanto os atores hollywoodianos lutam por melhores condições de trabalho, muitos filmes lançados entre julho e setembro tiveram bilheterias prejudicadas pela greve.

Os filmes de 2023 cuja bilheteria foi impactada pela greve dos atores
SITUAÇÃO COMPLICADA
Imagem: Reprodução | Divulgação
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O maior acontecimento na Hollywood de 2023 certamente foram as greves do sindicato dos roteiristas (WGA) e dos atores (SAG-AFTRA). Essas duas categorias profissionais lutam por melhores condições de trabalho e segurança contra ameaças futuras, como é o caso da Inteligência Artificial.




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Como estipulado pelos sindicatos, os atores membros da SAG-AFTRA (ou seja, quase todos os em atividade em Hollywood hoje) não podem trabalhar em nenhuma produção financiada pelos estúdios vinculados à AMPTP – o poderoso grupo que reúne os principais executivos dos grandes conglomerados como a Walt Disney, Warner Bros e Netflix. Em outras palavras, os artistas não podem nem gravar filmes novos nem promover os que já estão em fase de lançamento.

O resultado é que muitas produções que estrearam entre julho e setembro tiveram suas campanhas de marketing prejudicadas pela falta dos membros do elenco. Um dos principais elementos do marketing de grandes filmes hollywoodianos é trazer os atores dando entrevistas à imprensa e promovendo o longa nas redes sociais.


Afinal, que melhor forma de alcançar a população em geral, que de outra forma não saberia da existência dos filmes, do que artistas famosos aparecendo em talk shows, podcasts, junkets junto à imprensa de vários países, ou simplesmente postando no Twitter e no Instagram sobre seu novo filme?

Por isso, a falta do elenco nas campanhas promocionais acabou prejudicando tanto os grandes conglomerados que, finalmente, os executivos toparam sentar nas mesas de negociação e chegarem a um acordo comum com os sindicatos. A WGA encerrou a greve no último dia 27, e a SAG-AFTRA estará se reunindo com a AMPTP a partir desta segunda-feira, 2 de outubro, para negociarem o fim da greve.


Do ponto de vista financeiro, os estúdios não veem a hora de retomarem as atividades. Veja a situação nas bilheterias: ainda que, de um modo geral, o volume de faturamento seja bom (a arrecadação total nos EUA em 2023 é “apenas” 16% menor do que em 2019, o último ano antes da pandemia), muitos filmes poderiam estar com desempenhos muito melhores caso os atores os estivessem promovendo.

Desde o lançamento da dupla Barbenheimer, que compõe duas das maiores bilheterias de 2023, uma semana após o início da greve da SAG-AFTRA, os cinemas hollywoodianos não veem um filme estreante cuja arrecadação nos EUA/Canadá seja maior do que US$ 120 milhões.


Os principais lançamentos do ano cuja arrecadação foi prejudicada foram:

Mansão Mal-Assombrada

Mansão Mal-Assombrada (2023)


Com um elenco repleto de estrelas como LaKeith Stanfield, Tiffany Haddish, Owen Wilson, Danny DeVito e Rosario Dawson, entre outros, impedido de promover este novo Mansão Mal-Assombrada, sua bilheteria foi totalmente medíocre: US$ 67,2 milhões nos EUA e US$ 46 milhões fora de lá, resultando em US$ 113 milhões global. Claro, considerando as críticas ruins e o fato de que, afora Piratas do Caribe, a Disney raramente consegue transformar as atrações de seus parques em sucessos nas bilheterias, é duvidoso de se Mansão Mal-Assombrada teria tido uma carreira muito melhor sem a greve.

As Tartarugas Ninja: Caos Mutante

As Tartarugas Ninja: Caos Mutante (2023)

O novo reboot das Tartarugas, que provavelmente é a franquia de super-heróis fora da Marvel ou DC mais famosa da cultura pop, tinha vários atores famosos na dublagem, incluindo Seth Rogen (que também é produtor), Maya Rudolph, John Cena, Jackie Chan, Ice Cube, Hannibal Buress, Giancarlo Esposito, Paul Rudd e até o rapper Post Malone – todos impedidos de promover o longa. Como resultado, sua bilheteria não foi tão grande quanto deveria ter sido em condições normais, com US$ 117,5 milhões nos EUA e medíocres US$ 59,2 milhões fora, num total global de US$ 176,7 milhões. Felizmente, seu custo de produção não foi tão alto (US$ 70 milhões) e, combinado com as boas críticas, a Paramount sentiu segurança em autorizar sequências no cinema e TV.

Megatubarão 2

Megatubarão 2 (2023)

Um filme de ação estrelado por Jason Statham e o superastro chinês Wu Jing, que foi pensado mais para os mercados internacionais (em especial no Oriente) do que para o doméstico. Isso se refletiu em sua bilheteria: apenas US$ 82,4 milhões nos EUA e bons US$ 311,9 milhões fora, resultando em US$ 394,3 milhões global. É um total decente, porém abaixo do atingido pelo primeiro Megatubarão em 2018 (US$ 530,2 milhões) e com um custo de produção de quase US$ 140 milhões.

Besouro Azul

Besouro Azul (2023)

O novo filme da DC teve seu marketing prejudicado principalmente no Brasil, onde a estrela nacional Bruna Marquezine, que interpreta o par romântico do herói do título, não pôde promovê-lo. Ainda assim, Besouro Azul mostrou sinais de recuperação no Brasil e conseguiu até ultrapassar The Flash. Pena que isso não foi suficiente para salvar sua bilheteria global: apenas US$ 126 milhões, sendo US$ 71 milhões nos EUA e péssimos US$ 55,8 milhões fora. É mais um na longa lista de fracassos da DC.

Ruim para Cachorro

Ruim para Cachorro (2023)

A comédia é um gênero histórico do cinema mundial cujos números na bilheteria entraram em declínio a partir da década passada, conforme a audiência se acostumou a deixar para ver esse tipo de filme no conforto de sua casa via streaming e ver no cinema apenas os grandes eventos.

Ainda assim, após a performance milagrosa de Bons Meninos em 2019 (US$ 111 milhões global a um custo de US$ 20 milhões), a Universal apostou novamente em uma comédia repleta de palavrões e piadas adultas, agora trocando crianças por cachorros. Infelizmente, sem que comediantes de peso que trabalharam neste longa, como Will Ferrell, Jamie Foxx, Isla Fisher, Randall Park, Josh Gad, entre outros, pudessem promovê-lo, Ruim para Cachorro teve uma performance totalmente pavorosa: US$ 24 milhões nos EUA e US$ 10,7 milhões fora, resultando em apenas US$ 34,7 milhões global.

O Protetor: Capítulo Final

O Protetor: Capítulo Final (2023)

Último longa da trilogia de ação estrelada por Denzel Washington, sua bilheteria foi inferior à dos últimos dois longas: enquanto O Protetor e sua sequência arrecadaram pouco mais de US$ 100 milhões nos EUA e quase US$ 200 milhões global, este Capítulo Final tem até o momento US$ 86 milhões na bilheteria americana e apenas US$ 158,3 milhões ao redor do mundo.

A Noite das Bruxas

A Noite das Bruxas (2023)

O terceiro capítulo da franquia onde Kenneth Branagh adapta os clássicos de Agatha Christie é também o de pior bilheteria: US$ 89,9 milhões global, dos quais US$ 31,4 milhões vieram dos EUA e US$ 58,5 milhões de fora. Dado o desgaste da série, que segue em declínio desde o bom desempenho do primeiro filme (US$ 352,7 milhões em 2017), é provável que este A Noite das Bruxas não teria ido muito longe mesmo em condições normais. Ainda assim, a presença de seu elenco estrelado, que inclui o próprio Branagh, Tina Fey e Michelle Yeoh, em talk shows e coletivas poderia ter promovido o longa junto ao público mais velho e ajudado na sua bilheteria.

Os Mercenários 4

Os Mercenários 4 (2023)

O quarto filme da franquia que mistura astros do cinema de ação do passado e presente é também o primeiro da saga em nove anos. Infelizmente, o último capítulo, lançado em 2014, já não teve uma recepção das melhores, com bilheteria fraca e críticas ruins, portanto, o quarto filme teria dificuldades em reverter essa situação desfavorável.

Porém, some reviews ainda piores que as do terceiro com a falta de ações promocionais com o elenco (Stallone, Jason Statham, 50 Cent, Megan Fox, Tony Jaa, Iko Uwais) e o resultado nas bilheterias foi simplesmente desastroso: US$ 13,3 milhões nos EUA e US$ 23,2 milhões fora, resultando em US$ 36,4 milhões global.

Resistência

Resistência (2023)

Uma ficção científica que não se baseia em nenhuma franquia pré-existente famosa já era uma espécie em extinção em Hollywood desde bem antes da pandemia. Mas sem a ajuda do elenco, o marketing de Resistência teve que se apoiar nos visuais fantásticos e no diretor Gareth Edwards, famoso pelo Godzilla de 2014 e Rogue One: Uma História Star Wars. Nem isso ajudou: o longa estreou em terceiro lugar nas bilheterias americanas e quarto nas brasileiras. Com uma arrecadação de US$ 32,2 milhões global (US$ 14 milhões nos EUA e US$ 18,2 milhões fora), dificilmente o filme recuperará seu investimento de US$ 80 milhões.

Ao que tudo indica, esse festival de bilheterias decepcionantes, que poderiam ter sido muito melhores em condições normais, incomodou os executivos o suficiente para negociarem o fim da greve. Será o suficiente para proteger os artistas hollywoodianos, especialmente aqueles que não possuem o status de estrela milionária feito Leonardo Di Caprio, Brad Pitt, Tom Cruise, etc., da ganância e exploração dos grandes conglomerados de entretenimento?

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