Os Fantasmas Ainda Se Divertem: O novo Beetlejuice VALE A PENA? [Crítica]
Os Fantasmas Ainda Se Divertem – Beetlejuice Beetlejuice chega com aquela bagagem de 36 anos e aquela velha pergunta: VALE A PENA? TEM NECESSIDADE? Todas as continuações de décadas...
Estamos vivendo o (suposto) auge da era da nostalgia que só fortalece a onda dos revivals de filmes e séries em Hollywood. O retorno da vez fica com BEETLEJUICE, com o bio-exorcista de Michael Keaton de volta às telonas depois de 36 anos.
Os Fantasmas Ainda Se Divertem – Beetlejuice Beetlejuice chega com aquela bagagem de 36 anos e aquela velha pergunta: VALE A PENA? TEM NECESSIDADE? Todas as continuações de décadas possuem a mesma proporção de invalidez e validez.
Talvez seja a noção disso – ou a total ignorância dela – que torna esse segundo Beetlejuice em um revival extremamente divertido, embora caia nos mesmos pecados. Afinal, a trama repete quase todos os tropes e dinâmicas do original, invertendo alguns personagens e disfarçando algumas referências.
A pior parte disso nem é o deja vu do retorno à casa, a morte de um familiar ou a dinâmica de filha afastada e desconectada de seu pai (aqui, a mãe), mas sim a obrigação de colocar a Lydia de Winona Ryder em um arco muito abaixo do potencial da personagem.
Apesar de roteiro esquecer identidade, Winona ARRASA!
36 anos mudam qualquer pessoa, mas a Lydia assume um papel mais próximo ao de seu pai que destoa completamente toda a graça que ela tem. O que reforça isso é o fato dela ganhar um destaque e um rumo bem mais solto e fiel à sua essência lá pela segunda metade.
A segunda metade, inclusive, é o super trunfo que VALIDA o filme e compensa todo o hype. Os primeiros 40 minutos pecam na repetição e falta de propósito do puro revisionismo e soam como pura enrolação para o que realmente interessa.
Já que a plot-twist acontece e surge um filme bem mais dinâmico, solto, consciente e DIVERTIDO. É na falta de pretensão de reinventar a roda e revolucionar os personagens originais, que os vemos em situações mais originais e livres que deveriam ser 100% do filme!
Os personagens inéditos de Willem Dafoe e Monica Bellucci não possuem nenhuma necessidade REAL para a história e todos parecem ter consciência disso. A principal reviravolta é resolvida repentinamente com uma piada, sem nenhum tempo a perder.
Elenco caprichado de Beetlejuice Beetlejuice
A vilã Delores é uma das mais coisas mais irrelevantes possíveis para todos os arcos… mas quem é maluco de não se contentar de ver a Bellucci deslizando entre os cenários (ótimos!) do pós-vida? Ou o Dafoe num personagem hilário que merece um clipe-montagem de suas cenas.
E é nesse raro lampejo de um Tim Burton focado em se divertir que Beetlejuice Beetlejuice contorna o início lento, devolve a Lydia ao que ela merecia e ainda encontra tempo para inserir alguns ganchos para futuro.
Decisões questionáveis no roteiro à parte, toda a estética está afiada e não parece ser um puro exercício de nostalgia e homenagem. Com direito a todo aplauso possível pro gênio que pensou no trocadilho besta do Soul Train. Uma daquelas coisas que você solta uma risada quando pesca a graça e te deixa ainda mais desarmado pro todo o resto.
Obviamente, Michael Keaton continua nojento e magnífico como Besouro Suco
Sets práticos e até mesmo o retorno do verme de areia de stop-motion provam que Burton soube pular pro mundo mais digital, mas sem perder a essência. De longe, uma das melhores coisas que o diretor faz em MUITO tempo.
NOTA: 3/5