Encanto foi o filme mais assistido do ano via streaming
Liderados pela animação da Disney Encanto, filmes infantis dominaram o ranking dos mais assistidos por streaming do ano segundo a Nielsen.
A Nielsen (via Variety) divulgou a lista das produções mais assistidas em streaming nos Estados Unidos ao longo de 2022. Entre os filmes, o líder absoluto foi o premiado musical da Disney Encanto.
A animação foi assistida no Disney+ durante pouco mais de 27,4 bilhões de minutos. Isso significa em torno de 300 milhões de streams do longa completo, apesar de que, certamente, muitos espectadores, ao invés de ver o filme todo, preferiram assistir em repeat apenas as canções mais memoráveis.
Em um distante segundo lugar temos outra animação recente no Disney+: Red: Crescer é uma Fera, que foi visto por 11,4 bilhões de minutos. É um total próximo do conquistado pelo terceiro colocado, a comédia musical da Illumination Sing 2, assistida durante 11,3 bilhões de minutos em 2022 na Netflix.
A lista, aliás, é dominada por filmes infantis, tanto aqueles lançados há pouco tempo (como o elogiado longa da Pixar Luca e os citados nos parágrafos anteriores) quanto aqueles que deram a sorte de saírem nos cinemas antes da pandemia (Moana, Zootopia, Frozen 1 e 2).
Isso pinta um interessante retrato sobre quais longas as crianças da chamada geração Alpha estão preferindo assistir nos streamers. Nascidos a partir de meados da década passada, esses meninos e meninas crescem tendo à sua disposição todo o conteúdo infantil dos serviços de streaming, em especial o Disney+ e a Netflix.
Baseado nos dados, parece que as crianças atuais estão tendo forte preferência pelas animações mais recentes (de 2013 para cá), em especial o líder absoluto Encanto, cuja trilha sonora também foi um sucesso gigantesco. A popularidade deste longa, aliás, contrasta com a realidade vivida pelas animações infantis que ousam estrear nos cinemas.
Como eu venho discutindo aqui no Legado Plus já há algum tempo (ver aqui, aqui e aqui), a pandemia intensificou uma tendência entre os filmes voltados para crianças que já vinha desde 2018, em que apenas sequências de franquias populares conseguem fazer muito sucesso nas bilheterias, vide Sonic 2: O Filme, Minions 2: A Origem de Gru, Gato de Botas 2: O Último Pedido e Sing 2. Longas originais como o próprio Encanto não conseguem chegar nem aos US$ 300 milhões global, uma marca que Gato de Botas 2 já superou.
A liderança da animação baseada na cultura da Colômbia é um caso exemplar do momento vivido pelos filmes infantis no atual momento. Tendo decepcionado nas bilheterias (US$ 257 milhões global), Encanto só virou mania entre as crianças atuais quando chegou ao Disney+, um mês depois de sua estreia nos cinemas – confira aqui.
Claro, a curtíssima janela entre a estreia do longa nas telonas e no streaming foi fundamental em sua fraca bilheteria – por que os pais pagariam por um ingresso nos cinemas se o mesmo filme estará disponível no Disney+ daqui a poucas semanas? Mesmo assim, será que se tivesse tido um lançamento “normal” digno de um Minions 2 Encanto teria conseguido faturar pelo menos o dobro de seus números reais?
Não estamos mais em 2013, quando um longa original baseado em um conto de fadas como Frozen consegue faturar US$ 1,2 bilhão globalmente graças ao ótimo boca a boca entre pais e filhos. Aliás, não estamos nem sequer em 2016, ano em que Moana, Zootopia e Pets: A Vida Secreta dos Bichos puderam competir de igual para igual com Procurando Dory e A Era do Gelo 5: O Big Bang.
No contexto atual, sua animação precisa ter um numeral no título se quiser ser um sucesso. Ainda assim, os estúdios hollywoodianos estão dispostos a desafiar esta noção ao longo dos próximos meses. A Universal firmou uma parceria com a Nintendo para produzir Super Mario Bros.: O Filme, e a Disney vai apostar em “caras novas” como Elementos (novo da Pixar, a ser lançado em junho de 2023), Wish (que terá os diretores e roteiristas de Frozen e sairá nos EUA em novembro de 2023) e Elio (mais um da Pixar, agendado para estrear nos EUA em março de 2024).
Se você quiser continuar tendo a opção de levar seus filhos, sobrinhos e primos para assistir filmes originais nos cinemas, ao invés de infinitas sequências dos Minions, vai precisar, como diria Scott Mendelson, “votar com a sua carteira”.
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