[CRÍTICA] Humilde, Uncharted surpreende como um dos melhores filmes de games
Uncharted: Fora do Mapa é a nova aposta da Sony Pictures, e vem carregado de todo o peso e curiosidade que toda adaptação dos games recebe. Afinal, ainda mais...
Uncharted: Fora do Mapa é a nova aposta da Sony Pictures, e vem carregado de todo o peso e curiosidade que toda adaptação dos games recebe. Afinal, ainda mais aqui quando estamos falando de uma das franquias mais aclamadas do mundo dos jogos.
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Com os 4 e espetaculares jogos principais e seus derivados, a franquia da Naughty Dog proporcionou aventuras frenéticas nos consoles. Portanto, era questão de tempo até que ela fosse adaptada para os cinemas. E depois de um longo processo de adiamentos graças à pandemia, chegou a hora de responder aquela pergunta.
O filme de Uncharted é BOM?! É fiel aos jogos e uma boa adaptação?! Essa pergunta parece uma maldição toda vez que algum filme de games é lançado. Já que a resposta, quase que 100% das vezes, é NEGATIVA, o que causa uma justa desconfiança com essas tentativas.
Felizmente, a primeira coisa que temos que falar sobre o filme é que os fãs dos games podem respirar aliviados. Uncharted é um filme simples e direto ao ponto e espertamente consciente de sua responsabilidade. Mas acima de tudo, ele está LONGE de ser uma abominação como Mortal Kombat, que traumatizou todo mundo no ano passado.
A essa altura, e com todo o medo, só de Uncharted estar longe disso, já é uma verdadeira conquista. Mas ele vai além disso, e prova que fez bem o dever de casa. Deixando evidente que, apesar de algumas mudanças, os roteiristas entenderam a essência dos jogos.
Mesmo com críticas e desconfiança, tivemos um ótimo Nathan Drake (e um ótimo Sully)!
Sem inventar muita coisa e se submeter a convencionais clichês cinematográficos para atrair um novo público, ele aposta na simplicidade. Ele é simples, mas fiel! É humilde e feliz por ser uma diversão simples, e não sairá marcada como um dos melhores filmes de todos os tempos.
Mas também não ofenderá os fãs dos games e não soará desinteressante e genérico para quem nunca os jogou. Portanto, é com toda essa humildade que Uncharted surpreende e se consagra como uma das melhores adaptações de toda a história dos games.
Embora não seja muito difícil, é um marco e só torcemos para que isso mostre a todos os produtores e estúdios de Hollywood como que se faz uma adaptação decente. E que isso abra o caminho para produções ainda melhores no futuro.
O roteiro fez o dever de casa corretamente, mas o que impede o filme de ir mais longe é a direção travada e limitada de Ruben Fleischer. Tal como em Venom (2018), Ruben não consegue repetir o seu brilho e dinamismo criativo do primeiro Zumbilândia.
Embora seja bem injusto comparar, a direção de Ruben não chega perto das sequências de ação elaboradas e intensas dos games. Faltando aquele senso de perigo, dificuldade e desafio, e principalmente: o parkour e as escaladas, que fazem muita falta.
Sendo justos, é visível que o diretor se esforçou para dar o melhor de si na ótima sequência da queda do avião. Apesar de ser bem boa, ela é o ÚNICO momento do filme onde sentimos que estamos MESMO vendo um filme de Uncharted. Não é à toa, ela é baseada na icônica sequência do terceiro jogo (Drake’s Deception).
Uncharted resgata as aventuras de exploração e tesouros
É essa limitação técnica do diretor e foco em apenas uma única grande sequência, que torna o filme inferior e traz aquela sensação de que podia ser melhor. Se houver uma sequência, e torcemos para que isso aconteça, a troca de diretor é URGENTE!
Falando em sequência, nós queremos que ela ocorra pois o grande destaque do filme está no carisma do elenco! Tom Holland e Mark Wahlberg foram escolhas de elenco bem polêmicas na época, já que ninguém enxergava os dois como atores decentes para os papeis de Nathan Drake e Sully, respectivamente.
Surpreendentemente, a escolha foi simplesmente perfeita! Funcionou, e pode demorar para que a gente se acostume, mas mesmo com certa liberdade e seus jeitinhos, Tom e Mark conseguem entregar uma boa versão da icônica dupla.
É difícil tirar a imagem de Tom Holland como o Homem-Aranha, mas a estranheza com seu Drake parece ser mais por costume do que por limitação de seu talento. Ele entregou uma boa versão mais jovem do ladrão, e pode ficar ainda melhor conforme for envelhecendo com o personagem.
A química entre Tom e Mark é ótima, e seria um grande desperdício não termos mais disso. Uma boa surpresa no elenco está na Chloe de Sophia Ali, conseguindo brilhar e se sobressair mesmo diante de nomes consagrados. Que é o caso de Antonio Bandeiras, que é simplesmente o auge dos personagens genéricos.
Que estão ali apenas para trazer algum ator mais famoso sem precisar fazer muito esforço. Um desperdício de ator, um desperdício de personagem, e uma lição do que NÃO fazer em nenhum tipo de blockbuster. Mas um péssimo hábito que parece nunca ir embora.
A trilha sonora de Ramin Djawadi é uma pequena decepção, por se tratar de um compositor que sempre entrega algo diferente e marcante. Mas que aqui, entrega aquele tipo de trilha que é tão esquecível que você nem percebe uma nota que esteja tocando.
Diretamente dos games!
E em uma grande oportunidade perdida, o tema original dos games só é tocado… nos créditos?! Enquanto isso, não sobra nada marcante tocando no filme de fato. Custava muito criar um tema melhor, já que decidiram em não usar o dos games? Mas essa é uma reclamação pequena que não atrapalha seriamente.
Por fim, o filme pode não deixar os fãs de carteirinha totalmente satisfeitos por não ser nada extraordinário. Mas é uma pena e injustiça se não ficar reconhecido como um passo importante para adaptações decentes dos games. Além de conseguir fazer a história de caça ao tesouro não ser algo ultrapassado e datado, é aquela boa e velha experiência de ir aos cinemas e simplesmente se divertir.
Tire as suas conclusões e confira o filme nos cinemas, que estreia na próxima quinta-feira, dia 17/02. Vale lembrar que os ingressos já estão à venda. Então corre lá!