Com três sucessos consecutivos, Warner Bros é líder de bilheteria em 2025
Após diversos vexames consecutivos nas bilheterias, Warner domina a indústria do cinema nos últimos meses com três sucessos surpreendentes.

Premonição 6: Laços de Sangue é o terceiro filme consecutivo da Warner Bros. Discovery a arrecadar bem mais do que o esperado. O terror faturou US$ 51 milhões nos EUA/Canadá e US$ 54 milhões fora, resultando numa abertura de US$ 105 milhões global.
Para se ter uma ideia do quão significativo é esse número, basta dizer que em apenas um fim de semana a bilheteria americana de Laços de Sangue foi acima dos totais finais de dois filmes da franquia nos EUA, o segundo (US$ 47 milhões em 2003) e o quinto (US$ 43 milhões em 2011). Por muito pouco este sexto filme não superou também a bilheteria final do primeiro (US$ 53 milhões em 2000) e do terceiro (US$ 54 milhões em 2006).
Globalmente, Premonição 6 já deixou o segundo comendo poeira (US$ 90 milhões) e está próximo de ultrapassar o primeiro e o terceiro (ambos com US$ 112 milhões). Não vai demorar até superar o quinto (US$ 155 milhões) e o quarto (o campeão, com US$ 187 milhões).
A um custo de US$ 50 milhões, Premonição 6 não deve demorar até se tornar lucrativo para a WB. O melhor resultado possível para um longa planejado para ser lançado diretamente no Max, mas que foi resgatado das profundezas do streaming para brilhar nos cinemas.
Tudo isso graças a uma combinação de ótimas críticas (92% no Rotten Tomatoes), um marketing inteligente que viralizou nas redes sociais e, claro, a nostalgia de um público um pouco mais velho pelos filmes da saga.
Mas o mais importante é que Premonição 6 se trata do terceiro filme consecutivo da Warner Bros a se tornar um sucesso que ninguém imaginava que seria tão grande.
Do fracasso de Coringa ao sucesso de Minecraft
O estúdio vinha de alguns meses lamentáveis nas bilheterias para o estúdio dono do Pernalonga. Em 2024 a Warner colecionou fracassos: O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim, Horizon: Uma Saga Americana, Furiosa: Uma Saga Mad Max e o mais constrangedor de todos: Coringa: Delírio à Dois, um completo fiasco de público e crítica, vencedor do Framboesa de Ouro. Os únicos pontos positivos foram Duna: Parte 2, Godzilla e Kong e Beetlejuice Beetlejuice.
O início deste ano também não foi fácil. Primeiro Mickey 17 naufragou: seus US$ 127 milhões na bilheteria global não seria tão ruim se não tivesse custado absurdos US$ 118 milhões. Depois, o drama policial Alto Knights: Máfia e Poder não fez sequer US$ 10 milhões ao redor do globo.
Toda a mídia colocou em xeque a estratégia da Warner para 2025. O estúdio visava equilibrar blockbusters tradicionais baseados em marcas famosas (Superman, Minecraft) com filmes mais autorais de cineastas aclamados, grande parte deles baseados em ideias originais.
Será que isso funcionaria no atual contexto, em que a sabedoria convencional diz que o público só vai ao cinema para ver longas baseados em propriedades intelectuais que já conhecem?
Tudo começou a mudar em abril. A indústria esperava (e torcia) por Um Filme Minecraft, acreditando que seria um sucesso – afinal, era a adaptação de um famoso game. Só não imaginavam que seria um hit tão grande. Previsto para arrecadar US$ 60 milhões no fim de semana na bilheteria americana, Minecraft acabou tendo uma estreia de US$ 163 milhões.
Pecadores: o sucesso surpresa do ano
Duas semanas depois, foi a vez de uma aposta da Warner bem mais arriscada do que a adaptação do game da Mojang. Pecadores é um misto de terror, ação, musical e drama, focado na experiência da comunidade negra no Sul dos EUA em uma época de segregação racial – e que também fala sobre vampiros.
Ao custo de US$ 90 milhões, o longa precisaria arrecadar muito mais do que o comum para um terror, mesmo um lançado por um grande estúdio, se quisesse dar lucro. Além disso, não estava conectado a nenhuma propriedade original.
Porém, o público e a crítica responderam com um entusiasmo raramente visto. Pecadores não só teve abertura acima do esperado como também mostrou uma resiliência inacreditável na bilheteria.
Nos EUA, o filme já arrecadou US$ 241 milhões, cinco vezes mais do que seu primeiro fim de semana de US$ 48 milhões.
Trata-se do primeiro filme totalmente original desde Viva: A Vida é uma Festa no final de 2017 a ultrapassar a barreira dos US$ 200 milhões na bilheteria americana. E o primeiro live-action original a fazer isso desde Gravidade (que, aliás, também é da Warner) em 2013.
Com um excelente boca a boca, não seria surpresa se o filme terminasse sua carreira com um total próximo aos de Duna 2 (US$ 282 milhões) e Beetlejuice Beetlejuice (US$ 294 milhões). Aliás, cruzar a marca dos US$ 300 milhões nos EUA não seria uma surpresa.
A maior crítica a Pecadores, porém, é que a performance do filme fora dos EUA não foi das melhores. O filme arrecadou apenas US$ 76 milhões nos mercados internacionais, resultando num total global de US$ 316 milhões.
Ainda assim, já é o suficiente para gerar lucros ao estúdio, sem falar no burburinho de Oscar.
Trajetória de sucesso
E agora, no último final de semana, tivemos a estreia recorde de Premonição 6, a maior abertura para um terror desde Um Lugar Silencioso: Dia Um há quase um ano.
Em suma: nos últimos 15 meses a Warner conseguiu o feito de levar o público a pagar para ver no cinema um filme totalmente original (Pecadores), fez propriedades intelectuais antigas serem relevantes entre os jovens de hoje (Duna e Beetlejuice), ressuscitou uma franquia de terror antes julgada morta (Premonição) e conseguiu uma nova franquia blockbuster baseada num dos games mais adorados entre jovens, crianças e adolescentes (Minecraft).
Os cinemas agradecem ao estúdio por mantê-los movimentados, mesmo retirando longas que eram para ser do streaming (vide Premonição ou o A Morte do Demônio: A Ascensão em 2023).
Próximo passo: lançar o primeiro filme inquestionavelmente bem sucedido do Superman em 44 anos. Será que vão conseguir?
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