Acordo da Universal com a Cinemark revela um futuro sombrio para os cinemas

Acordo da Universal com a Cinemark revela um futuro sombrio para os cinemas

Acordo da Universal com a Cinemark revela um futuro sombrio para os cinemas

Primeiro, a Universal fechou um acordo com a rede de cinemas sediada nos EUA AMC, por meio do qual os lançamentos do estúdio iriam direto para PVOD (Premium Video-On-Demand,...

Acordo da Universal com a Cinemark revela um futuro sombrio para os cinemas
Imagem: Reprodução | Divulgação
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Primeiro, a Universal fechou um acordo com a rede de cinemas sediada nos EUA AMC, por meio do qual os lançamentos do estúdio iriam direto para PVOD (Premium Video-On-Demand, ou seja, aluguel do longa pela internet por meio de ferramentas como Google Play e Net NOW) após sua terceira semana de exibição nos cinemas. Agora, foi a vez da Cinemark fechar o mesmo acordo, com uma diferença: caso a bilheteria de abertura do longa seja igual ou maior que US$ 50 milhões, ele só seria levado para PVOD a partir de sua quinta semana de exibição.

Em outras palavras, os filmes do estúdio que abrirem com mais de US$ 50 milhões estarão disponíveis para aluguel dentro da casa das pessoas cinco semanas após o lançamento nos cinemas. Os que abrirem com menos que isso serão disponibilizados em PVOD em apenas três semanas.


Pode parecer muita coisa, mas em 2019 apenas 16 filmes estrearam com mais de US$ 50 milhões. Ou seja, apenas os maiores blockbusters conseguem bater essa marca. Logo, se outros estúdios, inspirados pela atitude da Universal, resolverem firmar acordos parecidos, a grande maioria dos filmes, incluindo desde blockbusters menores até queridinhos da crítica, poderão ser alugados pelo preço de alguns dólares três semanas após estrearem nos cinemas.

No entanto, esses filmes menores são tão essenciais para a indústria de cinemas quanto os grandes hits. Segundo reportagem do IndieWire, em 2019 blockbusters como Vingadores: Ultimato, O Rei Leão, Capitã Marvel, Homem-Aranha: Longe de Casa e Toy Story 4 responderam por apenas 55% da bilheteria anual. O restante veio de filmes que não atingiram os mesmos números colossais, mas que ainda foram bastante bem sucedidos nas bilheterias. Longas como Era Uma Vez em Hollywood, 1917 e Entre Facas e Segredos ultrapassaram US$ 100 milhões na bilheteria americana tendo estreado com menos de US$ 50 milhões.


Até o ano passado, era comum um longa aclamado pela crítica ter boa carreira nas bilheterias. Filmes menores, como os citados no parágrafo anterior e também sucessos como Parasita (que finalizou sua carreira com US$ 53,3 milhões nos EUA),  As Golpistas (US$ 104,9 milhões), Rocketman (US$ 96 milhões), Bons Meninos (US$ 83 milhões), Yesterday (US$ 73 milhões), entre outros, construíram suas bilheterias após semanas em cartaz, por meio de boca a boca positivo. 


Um acordo como o da Universal impediria esses filmes de alcançar seus números nas bilheterias. Você acha que uma comédia bem recebida pela crítica como Bons Meninos chegaria aos números que chegou se a Universal o tivesse disponibilizado para aluguel três semanas após o lançamento? É provável que muitas pessoas que o assistiram nos cinemas simplesmente esperariam ele chegar em PVOD para assisti-lo, por uma série de motivos (preguiça, falta de recursos, etc).

Em outras palavras, retirar um longa de cartaz após a terceira semana seria um golpe fatal para a bilheteria de muitos filmes pequenos e médios. E ainda ensinaria a toda uma geração a deixar para ver em casa qualquer filme que não seja um monstro do calibre de um Ultimato.


Claro, se analisarmos friamente os números, veremos que esse fenômeno já acontecia normalmente sem precisar da pandemia – afinal, qual foi a última comédia romântica que você assistiu nos cinemas? Mas ainda era possível para muitos filmes médios alcançarem boa bilheteria, caso eles tenham boas críticas (se forem mal recebidos, já era). 

A pandemia forçou bilhões de pessoas a ficarem sem ir ao cinema por vários meses, mas a esperança era que, uma vez que a situação se normalizasse e pudéssemos novamente voltar às salas sem nos preocuparmos em ficar doente, os bons números na bilheteria voltariam ao que eram antes. No entanto, os grandes estúdios aproveitaram o período de cinemas fechados para forçar acordos ruins para as salas.

Os estúdios não se preocupam com isso pois, se com o cinema eles ficam com de 55% a 60% do valor de cada ingresso (na América do Norte), com o PVOD eles embolsam 80% do valor do aluguel. Ou seja, eles continuariam a ganhar dinheiro com seu conteúdo. No entanto, acabar com a bilheteria dos filmes menores seria um golpe fatal para as empresas exibidoras de cinema. Apenas blockbusters não são capazes de segurá-las sozinhos – e quando será que veremos esses mega-filmes alcançarem números similares aos de um Homem-Aranha: Longe de Casa (US$ 390 milhões nos EUA)?

Por enquanto, as exibidoras enfrentam uma batalha mortal para se sustentarem durante a pandemia. Mas o cenário que se desenha para depois do coronavírus, com o fortalecimento do streaming e o PVOD para filmes médios, não é otimista para as salas de cinema.

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