Afinal, Tenet foi um fracasso de bilheteria ou um sucesso?

Afinal, Tenet foi um fracasso de bilheteria ou um sucesso?

Afinal, Tenet foi um fracasso de bilheteria ou um sucesso?

O diretor Christopher Nolan é um grande fã da experiência de se assistir a um filme na maior tela de cinema possível. Quando isso se tornou impossível graças à...

Afinal, Tenet foi um fracasso de bilheteria ou um sucesso?
Imagem: Reprodução | Divulgação
PUBLICIDADE

PUBLICIDADE



O diretor Christopher Nolan é um grande fã da experiência de se assistir a um filme na maior tela de cinema possível. Quando isso se tornou impossível graças à pandemia, Nolan ofereceu seu próximo filme, o caríssimo longa de ação Tenet, como aquele que traria o público de volta às salas escuras. 

Assim, Tenet foi lançado com toda a pompa e circunstância a partir de agosto nos cinemas da Europa (então aproveitando um breve intervalo entre as duas ondas da pandemia), Ásia (que, em grande parte, conseguiu controlar o coronavírus) e América do Norte, chegando ao Brasil em outubro. Seu resultado nas bilheterias, porém, foi no mínimo controverso, e deve ser observado com uma série de asteriscos.


Tenet arrecadou US$ 57,4 milhões nos Estados Unidos/Canadá e US$ 300,4 milhões fora da América do Norte, para um total global de US$ 357,8 milhões. Tendo custado US$ 200 milhões aos cofres da Warner Bros. para ser produzido, sem contar os gastos com marketing, sua bilheteria não foi nem de perto o suficiente para dar lucro ao estúdio.

No entanto, quando analisamos os problemas que o filme enfrentou quando chegou aos cinemas, fica claro que sua bilheteria, por mais insatisfatória que seja, acabou sendo melhor do que o esperado para a atual situação.


Para começar, Tenet não foi exibido nas maiores cidades dos Estados Unidos. Nova York, Los Angeles e San Francisco são alguns dos maiores mercados cinematográficos do país, e uma boa parte da renda de um filme vem destas cidades. Os filmes de Nolan, em particular, costumam se sair muito bem nos estados de Nova York e da Califórnia. No entanto, durante o lançamento do filme elas permaneceram com os cinemas fechados, para desgosto do próprio diretor e da Warner. 


Afora isso, os cinemas em que Tenet de fato foi exibido tiveram sessões com capacidade de sala reduzida; apenas 25% a 40% das poltronas de cada sessão poderiam ser ocupadas. Assim, sem NY e LA e com salas operando abaixo da capacidade total, sua bilheteria nos EUA acabou sendo abaixo do que seria desejável. 

Em compensação, o filme se saiu muito bem fora da América do Norte, especialmente na Europa, China e Coréia do Sul. Seus US$ 300 milhões na bilheteria internacional representam um resultado superior ao conquistado por longas lançados antes da pandemia, como Bad Boys para Sempre (US$ 220 milhões) e Sonic (US$ 173 milhões). 


Em recente entrevista, Nolan saiu em defesa da bilheteria do longa: “Eu estou preocupado que os estúdios estão retirando as conclusões erradas do nosso lançamento – que, ao invés de olhar onde o filme funcionou bem e como ele pode providenciar eles (os cinemas) com uma renda muito necessária, eles estão olhando para como o filme não correspondeu às expectativas pré-COVID e vão começar a usar isso como desculpa para fazer os exibidores levarem todas as perdas da pandemia, ao invés de entrarem no jogo e se adaptarem – ou reconstruírem nosso negócio, em outras palavras”.

Ou seja, os estúdios olharam para os números tão duramente conquistados por Tenet não como uma vitória apesar das adversidades, mas sim como um indicativo da inviabilidade momentânea dos cinemas.

Com isso, muitos blockbusters que acabaram adiados para o segundo semestre na esperança de que a situação já estaria controlada no fim do ano, foram adiados novamente para 2021. A esperança é que no ano que vem, com a vacina, seja possível para os caríssimos filmes hollywoodianos alcançarem números semelhantes aos de antes da pandemia. 

Entretanto, isso não ajuda as empresas exibidoras e donas de salas de cinema. Amargando números fracos de bilheteria semana após semana, os exibidores se veem numa situação financeira delicada. Com fervor messiânico, eles aguardam a chegada do único blockbuster que não fugiu para 2021: Mulher-Maravilha 1984, que nos EUA será lançado simultaneamente nos cinemas e em streaming durante o Natal. Distribuído pela mesma Warner que lançou Tenet nos cinemas, o novo longa da Amazona vai testar para ver até onde vai a disposição do público em conferir o longa nas salas escuras.

Afinal, Mulher-Maravilha 1984 terá uma vantagem que Tenet não possui: o simples fato do longa da DC ser mais agradável ao público do que a complexa trama do filme de Nolan. Aqui, fica claro que talvez Tenet não tenha sido o melhor candidato a salvador dos cinemas: longo (150 minutos de duração), repleto de reviravoltas e com uma trama excessivamente complicada até para os padrões do diretor, Tenet não é exatamente o tipo de filme que atrai uma multidão às salas escuras – Mulher-Maravilha, por outro lado, é.

Violento, de difícil compreensão, sem um elenco que de fato coloca pessoas dentro das salas (pense num Tom Cruise, Leonardo DiCaprio ou Angelina Jolie) e com críticas apenas razoáveis (71% no Rotten Tomatoes), seria difícil para Tenet conquistar os números de um Batman: O Cavaleiro das Trevas (US$ 1 bilhão) ou mesmo de um A Origem (US$ 826 milhões) e Interestelar (US$ 678 milhões) se estivéssemos em uma situação normal. Claro, os filmes de Nolan são conhecidos por terem ótimas bilheterias independentemente do quão complexos eles sejam, mas se Dunkirk arrecadou US$ 526 milhões foi por ter uma aclamação da crítica e um “cheirinho de Oscar” que Tenet não vai poder contar.

Em suma, Tenet era o filme errado para reabrir as salas. Talvez Mulan tivesse mais chances, mas infelizmente a Disney preferiu não arriscar um lançamento nos cinemas, enviando o blockbuster asiático (bem como a animação da Pixar Soul, outro forte candidato a alcançar bons números em meio à pandemia) direto para seu serviço de streaming

A maioria dos blockbusters optou por fugir para 2021, depois de uma possível vacina, mas ninguém quis ser o primeiro longa a começar a trazer o público de volta – com exceção de dois filmes: Os Croods 2 e Mulher-Maravilha 1984. Ambos são muito mais atraentes para o público familiar do que Tenet, e vão fazer uma tentativa. Será que o público agora vai querer voltar?

© 2019-2022 Legado Plus, uma empresa da Legado Enterprises.
Developed By Old SchooL