6 em cada 10 ingressos vendidos para os cinemas brasileiros em junho foram para Divertida Mente 2

Divertida Mente 2 teve domínio absoluto sobre as bilheterias em junho, respondendo por mais da metade de todos os ingressos vendidos para os cinemas no mês passado.

6 em cada 10 ingressos vendidos para os cinemas brasileiros em junho foram para Divertida Mente 2

Divertida Mente 2 teve domínio absoluto sobre as bilheterias em junho, respondendo por mais da metade de todos os ingressos vendidos para os cinemas no mês passado.

6 em cada 10 ingressos vendidos para os cinemas brasileiros em junho foram para Divertida Mente 2
DM2 DOMINOU GERAL
Imagem: Reprodução | Divulgação
PUBLICIDADE

As bilheterias do Brasil e do mundo tiveram em junho seu melhor mês desde o fenômeno Barbenheimer em julho do ano passado. E tudo graças a um único filme: Divertida Mente 2. A animação da Pixar quebrou recordes de bilheteria a torto e a direito, tornando-se um autêntico blockbuster que em nada deixa a dever para os filmes bilionários dos últimos 15 anos.




PUBLICIDADE



Por aqui em nosso país, o longa encerrou o domingo dia 30 de junho com uma bilheteria de R$ 216,4 milhões e 10,6 milhões de ingressos. É o bastante para se tornar a animação de maior bilheteria da história do Brasil, tanto em público quanto em renda, ultrapassando outra sequência da Pixar: Os Incríveis 2 (R$ 145 milhões e 9,88 milhões de ingressos vendidos).

Graças a Divertida Mente 2, os cinemas em todo o Brasil venderam 16,9 milhões de ingressos em junho. Trata-se do mês mais movimentado nas salas nacionais desde julho passado, quando, graças a Barbie e Oppenheimer, foram 18,9 milhões de ingressos vendidos.


De lá para cá, os cinemas não conseguiram alcançar um público tão grandioso assim. Entre agosto e dezembro de 2023, nenhum dos meses vendeu mais do que 10 milhões de ingressos. Em janeiro deste ano, graças às férias e uma combinação razoável de filmes em cartaz (Aquaman 2: O Reino Perdido, Wish: O Poder dos Desejos, Minha Irmã e Eu, entre outros), as salas chegaram a 10,6 milhões de entradas, o que não é um valor muito distante dos 10,5 milhões de janeiro de 2023 (quando os cinemas estavam dominados por Avatar: O Caminho da Água e Gato de Botas 2).

De um modo geral, o primeiro trimestre de 2024 no Brasil foi marcado pela presença de blockbusters menos grandiosos em termos de bilheteria (o citado Aquaman 2, Duna: Parte 2, Kung Fu Panda 4, Madame Teia), combinados com filmes médios (Bob Marley: One Love, Todos Menos Você) e longas nacionais que nos deram esperanças de que o cinema brasileiro iria recuperar a popularidade e o público pré-Covid (Minha Irmã e Eu, Os Farofeiros 2, Nosso Lar).


Sem um titã hollywoodiano monopolizando toda a atenção, parecia que o público poderia voltar a dar uma chance para assistir nos cinemas longas que antes pareciam condenados a só acharem sua audiência quando chegassem ao streaming. Os 8,7 milhões de ingressos de fevereiro foram quase idênticos aos do mesmo mês do ano passado, enquanto março de 2024 (7,6 milhões de entradas) foram bem acima de março de 2023 (6,2 milhões).

Entretanto, em abril a situação mudou para pior. Apenas um único filme (Godzilla e Kong: O Novo Império) vendeu mais de 1 milhão de ingressos, ao contrário das principais estreias do mês (Guerra Civil, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo, A Primeira Profecia).


Entre os filmes nacionais houve a estreia de Evidências do Amor, um longa que tinha a missão de voltar a atrair o público para assistir tanto comédias românticas quanto longas brasileiros. Porém, ele fracassou: menos de 300 mil pessoas compareceram aos cinemas.

Como resultado, abril fechou com apenas 5,7 milhões de ingressos, bem abaixo dos 10,3 milhões de abril de 2023, quando os cinemas receberam o mega sucesso animado Super Mario Bros.: O Filme.


Alguns candidatos a blockbuster que sobreviveram aos vários adiamentos provocados pelas greves que sacudiram Hollywood no ano passado estrearam em maio: O Dublê, Planeta dos Macacos: O Reinado, Garfield: Fora de Casa, Furiosa… Desses, somente a ficção científica símia (que brevemente assumiu a liderança das bilheterias anuais) e a comédia animada (com quase 2 milhões de pagantes) conseguiram se destacar.

Assim, por mais que maio tenha sido superior a abril, com 6,8 milhões de ingressos, ainda ficou consideravelmente abaixo dos 12,5 milhões do mesmo mês no ano passado, que tinha blockbusters bem mais óbvios (Guardiões da Galáxia Vol. 3, Velozes & Furiosos 10, A Pequena Sereia).

Porém, em junho, tudo mudou com a chegada de Divertida Mente 2. A animação conquistou números inacreditáveis no Brasil: primeiro, roubou de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa o posto de segundo maior fim de semana de abertura da história. Em seguida, conquistou números dignos de Vingadores: Ultimato (a atual maior bilheteria de todos os tempos no país) em sua segunda semana – saiba mais aqui.

Com isso, em junho o público total do mês foi de 16,9 milhões de ingressos. Desse total, como você viu, 10,6 milhões foram apenas para Divertida Mente 2 – ou seja, 63% de todas as entradas do mês. Em outras palavras, 6 de cada 10 ingressos para os cinemas do Brasil em junho foram para apenas um único filme.

É uma concentração muito grande, mas que permitiu que o mês fosse consideravelmente maior do que junho de 2023 (11,5 milhões), quando os longas de maior arrecadação em cartaz eram Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, A Pequena Sereia e Velozes 10.

Assim, o primeiro semestre nas salas brasileiras fechou com 56,7 milhões de ingressos, apenas 6% abaixo dos 60 milhões vendidos até 30 de junho de 2023. Os fracos meses de abril e maio foram compensados por um junho turbinado por um único longa com performance fora do normal.

Aliás, Divertida Mente 2 (que, vale lembrar, estreou nas últimas semanas de junho) ficou com 19% de todas as entradas vendidos nos primeiros seis meses do ano. Ou seja, mesmo que tenham sido lançados 207 filmes nas salas nacionais entre 1º de janeiro e 30 de junho, um único blockbuster da Disney ficou com 2 de cada 10 ingressos vendidos em todo o primeiro semestre de 2024. É uma situação curiosa, que lembra a de 2021, no qual apenas um filme lançado na segunda quinzena de dezembro (Sem Volta para Casa) ficou com 23% de todos os ingressos daquele ano (que, para ser justo, foi marcado pela luta contra a pandemia de Covid-19).

Em ambas as ocasiões, um blockbuster de desempenho excepcional trouxe números gloriosos às bilheterias após um período de seca. No entanto, por mais que a indústria e os exibidores comemorem esses resultados, ele pode não ser sustentável a longo prazo. O que acontecerá quando o público se cansar de crossovers de super-heróis, que usam a desculpa do multiverso para trazer de volta atores de longas passados, e sequências animadas?

Vimos uma prévia disso no ano passado, quando The Flash foi um fracasso humilhante enquanto Barbie e Oppenheimer dominaram as bilheterias. Ainda assim, como replicar todos os anos um fenômeno tão único e orgânico quanto Barbenheimer? Qualquer outra tentativa de se criar um evento parecido com o apoio das redes sociais soará falso e forçado.

Enfim: a indústria está presa a esse ciclo, sempre dependente de um único longa, ou um seletíssimo grupo de franquias, para atingirem as bilheterias monstruosas de que precisam para sobreviver? E quando todas as novas tentativas de se produzir um Top Gun: Maverick, Barbie ou Divertida Mente 2 fracassarem?

Hollywood ainda está altamente dependente de produzir longas que apelem para a nostalgia (seja a dos anos 80 com Maverick, de animações de sucesso das décadas passadas ou de brinquedos da infância). Provavelmente porque isso relembra o público de tempos (supostamente) melhores e menos incertos do que o atual.

No entanto, a indústria precisa se preparar para quando não houver mais propriedades nostálgicas do passado para explorar e as audiências não quiserem mais pagar para ver um Toy Story 7, um Frozen 5, Maverick Ataca Novamente ou Vingadores 9 co-estrelado pelo Capitão América de Matt Salinger e o Hulk de Lou Ferrigno.

O cinema precisa que os espectadores voltem a comparecer às salas para outros tipos de longas, em especial aqueles que apostam em ideias originais, e não somente quando o filme em cartaz for um caríssimo blockbuster hollywoodiano descaradamente se aproveitando de sucessos passados.

Fonte: Filme B

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

© 2019-2022 Legado Plus, uma empresa da Legado Enterprises.
Developed By Old SchooL