Somente 4 filmes faturaram mais de US$ 200 milhões na bilheteria dos EUA desde a greve dos atores
Desde o começo da greve dos atores, em julho passado, somente quatro filmes conseguiram faturar mais do que US$ 200 milhões nos EUA, três deles do mesmo estúdio.
Quando Hollywood parecia que ia se recuperar da pandemia, veio a greve dos roteiristas e depois dos atores, causadas pelas desastrosas mudanças que afetaram muitos profissionais na era do streaming. Com isso, muitos blockbusters acabaram adiados, o que prejudicou ainda mais as finanças das empresas exibidoras, já fortemente afetadas pela pandemia.
Antes da crise de saúde pública, era comum ver numerosos blockbusters sendo lançados ao longo de praticamente todo o ano. Entre 2015 e 2019, ao menos dez filmes por ano faturavam mais de US$ 200 milhões na bilheteria americana, chegando a um recorde de 14 em 2018.
Daí, em 2020 a pandemia fechou os cinemas após dois meses e meio em um ano que iria testar a resiliência de Hollywood com um calendário teoricamente mais fraco que o do ano anterior (que incluiu titãs como Vingadores: Ultimato, O Rei Leão, Frozen 2, Homem-Aranha: Longe de Casa, Capitã Marvel, Coringa, Toy Story 4, todos os quais bateram o US$ 1 bilhão global). Assim, apenas um filme daquele ano conseguiu arrecadar mais de US$ 200 milhões nos EUA e Canadá: Bad Boys para Sempre, lançado em janeiro.
Em 2021, a indústria do cinema começava a se recuperar em meio a uma arrancada desesperada rumo ao streaming imposta às centenárias empresas hollywoodianas por Wall Street. Naquele ano, três filmes fizeram mais do que US$ 200 milhões na bilheteria dos EUA, todos eles da Marvel: Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (US$ 814 milhões), Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (US$ 224 milhões) e Venom: Tempo de Carnificina (US$ 214 milhões).
No ano seguinte, a recuperação do hábito de ir ao cinema acelerou ainda mais, e agora os heróis da Marvel (Pantera Negra: Wakanda para Sempre com US$ 454 milhões, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura com US$ 411 milhões e Thor: Amor e Trovão com US$ 343 milhões) e da DC (Batman com US$ 369 milhões) teriam que disputar espaço com outros blockbusters, incluindo os megahits Top Gun: Maverick (US$ 719 milhões) e Avatar: O Caminho da Água (US$ 684 milhões). Como resultado, tivemos oito filmes acima dos US$ 200 milhões em 2022.
Assim, 2023 começou de forma otimista para a indústria. O sucesso contínuo de Avatar 2 e Gato de Botas: O Último Pedido, lançados no final do ano anterior, sinalizavam um bom ano para Hollywood. Os primeiros quatro meses do ano passado foram bastante movimentados, com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, Creed 3, Pânico VI, John Wick 4 e, finalmente, Super Mario Bros.: O Filme, que tornou-se uma das animações de maior bilheteria da história.
Entretanto, a euforia só durou o primeiro semestre daquele ano. Enquanto a indústria celebrava o fenômeno Barbenheimer em julho, os atores se juntavam aos roteiristas na maior greve já vista em Hollywood nos últimos anos. Como efeito, muitos filmes foram adiados e os que permaneceram tiveram suas estrelas impedidas de atuarem na divulgação, o que prejudicou sua performance na bilheteria.
Com os cinemas gravemente necessitando de blockbusters, em 2023 foram oito filmes que ultrapassaram os US$ 200 milhões, porém sete deles haviam sido lançados até o mês de julho. Entre o início da greve, em julho, até os dias de hoje, somente quatro filmes conseguiram ultrapassar a marca dos US$ 200 milhões de arrecadação na bilheteria americana em oito meses. São eles:
- Barbie (US$ 636 milhões);
- Oppenheimer (US$ 330 milhões);
- Wonka (US$ 218 milhões);
- Duna: Parte 2 (US$ 233 milhões até domingo 24 de março – e contando)
Como dá para ver, dois deles compõem a dupla Barbenheimer que tanto surpreendeu a indústria em julho. Aliás, o próprio Oppenheimer é o único que desses que não foi distribuído pela Warner Bros. – o drama de Christopher Nolan saiu pela Universal.
Claro, isso não significa que estes sejam os únicos sucessos de bilheteria do período. Mesmo que não tenham quebrado os US$ 200 milhões, longas como Taylor Swift: The Eras Tour (US$ 181 milhões), Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (US$ 166 milhões), Five Nights at Freddy’s (US$ 137 milhões) e Patos! (US$ 127 milhões) também foram essenciais para que os exibidores não morressem de fome no período pós-Barbenheimer.
Porém, apenas a comédia de Greta Gerwig, o drama oscarizado de Nolan, o musical com Timothée Chalamet e a ficção científica também estrelada por Chalamet alcançaram números dignos de serem chamados de blockbuster. Aliás, somente os dois primeiros sequer conseguiram ultrapassar os US$ 300 milhões, embora Duna 2 ainda tenha chances.
Enfim, apesar do que Hollywood e Wall Street acreditavam, o público voltou ao cinema após a pandemia, e com vontade de assistir caras novas e franquias diferentes após anos dedicados ao Universo Cinematográfico da Marvel, os longas da DC, Star Wars, Velozes & Furiosos, remakes de clássicos da Disney e sequências de sucessos animados do passado. Desde 2022 para cá, foram longas como Maverick, O Caminho da Água, Super Mario Bros, Barbie, Oppenheimer e agora Duna 2 que cativaram o espectador.
O problema é que, com a greve, muitos blockbusters de grande potencial acabaram adiados e como resultado 2024 é o ano com lançamentos teoricamente muito mais fracos do que 2022 ou 2023. Sim, Deadpool & Wolverine, Mufasa: O Rei Leão e Meu Malvado Favorito 4 provavelmente vão obter bons números, mas ainda assim o ano não demonstra ter nenhum candidato a Barbie, Maverick ou mesmo uma sequência de Avatar.
É uma seca que já vem desde julho do ano passado e que demorará a passar ainda. Enquanto isso, o público ao menos segue redescobrindo outros gêneros que outrora eram um sucesso e acabaram sumindo em favor dos universos compartilhados na última década, como comédias românticas (Todos Menos Você), animações originais (Elementos, Patos!), entre outros.
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