Por conta do coronavírus, Dois Irmãos tem a maior queda da história da Pixar
Com Pedro Coelho 2 adiado até agosto, Mulan agora sem previsão de estreia e o destino de Trolls 2 incerto (por enquanto, está agendado para 10 de abril), seria...
Com Pedro Coelho 2 adiado até agosto, Mulan agora sem previsão de estreia e o destino de Trolls 2 incerto (por enquanto, está agendado para 10 de abril), seria de se pensar que Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica teria o caminho livre para ser a melhor opção para a família nos cinemas, não é?
Nada disso: a nova animação da Pixar, sua primeira original desde Viva: A Vida é uma Festa lá em novembro de 2017, despencou feito rocha no último fim de semana, conforme os espectadores nos EUA e no mundo se mantiveram longe dos cinemas.
O longa liderou as bilheterias norte-americanas, com US$ 10,5 milhões, em 4.310 cinemas. No total, são fraquíssimos US$ 60,3 milhões após 10 dias em cartaz, menos do que Monstros S.A., WALL-E, Carros 2 e Valente arrecadaram em seus primeiros 3 dias (respectivamente US$ 62,5 milhões, US$ 63 milhões, US$ 66,1 milhões e US$ 66,3 milhões).
Para piorar, o longa sofreu uma queda de 73% em comparação com sua (já fraca) abertura. Trata-se de um recorde para a Pixar, uma queda ainda maior que a de 60% sofrida pelo outro grande fracasso da história do estúdio, O Bom Dinossauro.
Claro, a culpa não é apenas de Dois Irmãos. Conforme reporta o site Box Office Pro, 18 das 25 maiores redes de cinema nos Estados Unidos estão operando com metade da capacidade, incluindo as muito populares AMC Theaters, Regal Cinemas e Cineplex (esta operando no Canadá), entre outras.
Muitas pessoas estão seguindo as recomendações das autoridades de evitarem aglomerações públicas, portanto poucas estão indo aos cinemas. Para os pais preocupados que devem trabalhar em casa com os filhos (muitas crianças não estão indo às aulas), a Disney tem a solução: adiantou as chegadas de Frozen II e Star Wars: A Ascensão Skywalker no Disney +, seu próprio serviço de streaming com foco em títulos familiares, ainda não disponível no Brasil.
Assim, para que gastar tempo e dinheiro e ainda arriscar a se infectar com o coronavírus, e para ver um filme que já não estava atraindo tanta atenção assim do público, se você pode distrair seus filhos em casa com infinitas repetições da segunda aventura de Anna e Elsa?
O pobre Dois Irmãos, além de não conseguir capturar a atenção do público, também teve o azar de estrear bem no ápice da crise do coronavírus. Portanto, se em tempos normais sua bilheteria já seria decepcionante, a pandemia de COVID-19 a tornou um completo desastre.
Sim, Dois Irmãos e Sonic praticamente não tem concorrentes em meio a títulos para crianças, e ficarão sem adversários por semanas a fio ainda. Mas isso de nada adianta quando os pais não estão dispostos a arriscar se infectarem com o coronavírus em uma ida aos cinemas, ainda mais com Frozen II já disponível com antecedência no Disney +.
E mundialmente a situação não está melhor para o longa. Pelo contrário: a China ainda está fechada, assim como boa parte da Europa, incluindo a França (onde a crise está numa crescente) e a Itália (muito devastada pelo coronavírus).
Por isso, fora da América do Norte ele arrecadou magros US$ 6,8 milhões no último fim de semana. No total, são apenas US$ 41,4 milhões na bilheteria internacional, resultando num total de US$ 101,6 milhões. É um número desastroso quando consideramos que o filme precisou de US$ 200 milhões para ser produzido.
Nada indica que o público possa voltar a frequentar os cinemas normalmente antes da estreia de Trolls 2, em abril. Por isso, dificilmente Dois Irmãos irá se recuperar. Provavelmente será o primeiro título da Pixar a encerrar sua carreira com menos de US$ 100 milhões na bilheteria americana e abaixo de US$ 150 milhões globalmente.
A Disney, claro, irá perder muito dinheiro, com o fracasso de Dois Irmãos, o fechamento de seus parques e o adiamento de Mulan. Porém, a Casa do Mickey está mais do que preparada para a crise, graças ao Disney +. Quem irá sofrer mesmo são os cinemas: sem o coronavírus, 2020 já seria um ano menor que o anterior graças à ausência dos poderosos blockbusters do ano passado (Vingadores: Ultimato, O Rei Leão, Homem-Aranha: Longe de Casa, Coringa, etc), mas com essa crise que efetivamente impede que as pessoas frequentem os cinemas… A situação fica crítica.
Esperemos que, quando o público puder voltar a frequentar os cinemas, que ele compareça às sessões de Mulan, Viúva Negra, Mulher-Maravilha 1984 e todos os sucessos agendados para este ano.