O impacto de Ainda Estou Aqui na recuperação do cinema nacional
Ainda Estou Aqui não só ajudou a levantar o cinema brasileiro como também fez crescer a bilheteria das salas nacionais de um modo geral.
Vencer o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro foi uma grande conquista. Afinal, é a primeira estatueta do Brasil no prêmio mais importante de Hollywood. Mas não foi o único feito de Ainda Estou Aqui. O longa também foi crucial para levantar as bilheterias das salas de cinema brasileiras.
Apesar de ter estreado em novembro de 2024, Ainda Estou Aqui se manteve entre as maiores bilheterias por 17 semanas. Seu acumulado até o final do Carnaval, quatro meses depois, é de 5,53 milhões de ingressos vendidos e R$ 112 milhões de arrecadação.
Segundo a Ancine, o longa comandado por Walter Salles respondeu por 32% de todo o público que os filmes nacionais receberam em 2025. Graças não somente a Ainda Estou Aqui como também O Auto da Compadecida 2 (acumulado de 4,36 milhões de ingressos e bilheteria de R$ 85 milhões), o cinema nacional atingiu um market share de 30% neste ano.
Pode não parecer muito – e, de fato, ainda há muito o que melhorar na visibilidade dos longas nacionais. Porém, é um crescimento considerável em relação aos primeiros meses de 2024, quando o share de filmes brasileiros era de 25%, conquistados graças a Minha Irmã e Eu e Nosso Lar 2.
O impacto da pandemia nos filmes brasileiros
É também um crescimento notável se comparado aos pavorosos anos de 2021 a 2023. A pandemia prejudicou bastante o cinema nacional não apenas levando o ator de maior bilheteria dos últimos anos (Paulo Gustavo) como também derrubou o desempenho dos filmes brasileiros.
Entre 2010 e 2019, filmes nacionais vendiam entre 15 e 30 milhões de ingressos todos os anos. Em 2020, ano da pandemia, foram pouco mais de 9 milhões, grande parte disso vindos de Minha Mãe é uma Peça 3, que estreou no final do ano anterior.
Porém, com a produção prejudicada pela Covid 19, em 2021 foram apenas 700 mil ingressos para longas nacionais. No ano seguinte, um aumento considerável, mas ainda abaixo do normal: 4,4 milhões, conquistados com a ajuda de longas como Turma da Mônica: Lições (766 mil ingressos), Tô Ryca 2 (526 mil) e Medida Provisória (472 mil).
Em 2023, houve uma forte queda: 3,5 milhões de ingressos, representando somente 3% de todas as entradas vendidas naquele ano. Somente um filme conseguiu atrair mais de 500 mil pessoas às salas: o drama biográfico Nosso Sonho.
A situação começou a melhorar na virada do ano, quando Minha Irmã e Eu atingiu um acumulado de 2 milhões de ingressos. Porém, durante grande parte de 2024, produções brasileiras fizeram números fracos. Até a chegada de Ainda Estou Aqui, que atingiu o maior público para um filme nacional desde antes da pandemia.
Somente nessas primeiras semanas de 2025 os filmes brasileiros já venderam 6,5 milhões de ingressos – ou seja, mais do que em 2022 e 2023 inteiros.
Bilheterias brasileiras vivem bom momento
De um modo geral, as bilheterias de cinema no Brasil até agora estão em 21,8 milhões, um crescimento de 13% em relação aos 19,3 milhões registrados no mesmo período em 2024. Portanto, se não tivéssemos sucessos nacionais como Ainda Estou Aqui e Compadecida 2 e as salas dependendo exclusivamente dos longas estrangeiros (em grande parte hollywoodianos), o total do ano seria de pouco mais de 15 milhões de pagantes – uma queda de 21% em relação a 2024.
Ou seja: o cinema nacional ajudou a impulsionar o crescimento da bilheteria brasileira nesses anos pós-pandêmicos. Ainda Estou Aqui e O Auto da Compadecida 2 foram cruciais para os bons números gerais da bilheteria no Brasil nessas primeiras semanas do ano. Especialmente agora que as produções hollywoodianas em cartaz não são exatamente grandes titãs de bilheteria – o que explica os números terríveis vistos nos EUA nos últimos dias.
Mas isso é papo para outro post.
E você, já assistiu a Ainda Estou Aqui? E O Auto da Compadecida 2? Deixe aí nos comentários!
Fontes: Ancine (via O Cafezinho), Filme B