Gato de Botas 2 é a maior bilheteria da DreamWorks no Brasil
Gato de Botas 2 ultrapassou o faturamento de filme do Shrek e se tornou a maior bilheteria da história da DreamWorks no país.
Apesar do início das aulas, Gato de Botas 2: O Último Pedido conseguiu conquistar mais um feito nas bilheterias brasileiras: tornar-se a maior bilheteria da DreamWorks no Brasil.
O longa chegou a 3,97 milhões de ingressos vendidos e R$ 71,5 milhões de arrecadação. É o suficiente para superar os R$ 70,4 milhões do antigo campeão da DWA, Shrek para Sempre, lançado em julho de 2010.
Claro, no público, O Último Pedido ainda está bem atrás do quarto filme do ogro, que vendeu nada menos que 7,38 milhões de ingressos para os cinemas nacionais. Isso mostra o incrível encarecimento do preço dos ingressos ocorrido ao longo da década que separa os dois filmes: enquanto uma entrada para Shrek para Sempre custou em média menos de R$ 10 (e olha que ele foi um dos primeiros a se aproveitar da onda 3D pós-Avatar), o ingresso de Gato de Botas 2 tem o preço médio de R$ 18.
Ainda assim, não deixa de ser curioso que Shrek para Sempre tenha permanecido por quase 13 anos como a maior arrecadação da DreamWorks. Isso ressalta um problema fundamental enfrentado pela empresa de animação ao longo da última década, particularmente no Brasil.
No espaço de dez anos entre 2004 e 2014, a DreamWorks viveu seu ápice de popularidade no país. Neste período de tempo, a casa fundada por Jeffrey Katzenberg e Steven Spielberg nos anos 90 só não lançou um longa que superou a barreira dos 4 milhões de público em 2006, 2009 e 2013.
Tudo isso graças à predominância das franquias Shrek e Madagascar, que então estavam no auge. O período de maior sucesso começou com Shrek 2 em 2004 (4,67 milhões de público/R$ 29 milhões de bilheteria) e continuou com Madagascar em 2005 (4,34 milhões/R$ 28 milhões), Shrek Terceiro em 2007 (4,67 milhões/R$ 35,6 milhões), Madagascar 2: A Grande Escapada em 2008 (5,18 milhões/R$ 38,2 milhões, a maior bilheteria daquele ano), o citado Shrek para Sempre em 2010, o primeiro Gato de Botas em 2011 (4,46 milhões/R$ 46,5 milhões) e finalmente Madagascar 3: Os Procurados em 2012 (5,23 milhões/R$ 58,6 milhões).
Mas os hits da DreamWorks não se restringiam a essas duas séries. Embora longas como Monstros vs Alienígenas (1,41 milhão de ingressos/R$ 13,5 milhões) e Megamente (1,94 milhão/R$ 18 milhões) tenham ficado aquém do desejado e, portanto, não tenham gerado continuações no cinema, a DWA conseguiu lançar duas outras franquias com relativo sucesso no Brasil. A primeira foi Kung Fu Panda, cujo primeiro (3,8 milhões/R$ 26,9 milhões) e segundo filme (3,04 milhões/R$ 31,2 milhões) fizeram números razoáveis, ainda que levemente abaixo dos de Madagascar.
A outra trouxe uma aclamação da crítica que as sequências das aventuras de Shrek ou do leão Alex e seus amigos não conseguiram. Lançado em março de 2010, Como Treinar o seu Dragão teve desempenho apenas decente no país (2,03 milhões/R$ 21,8 milhões), porém sua boa recepção entre os críticos e o público gerou uma sequência em 2014 cujo sucesso foi consideravelmente maior (4,63 milhões/R$ 55 milhões).
Como Treinar o seu Dragão 2, porém, foi o último grande hit do ápice de popularidade da DWA no Brasil. Enquanto ela continuava tentando fazer novas franquias decolarem (Os Croods e Turbo em 2013, Cada um na Sua Casa em 2015, Trolls em 2016, etc), duas coisas ocorreram.
A primeira foi a ascensão da Illumination, cujos números foram catapultados para a estratosfera a partir de 2013 com Meu Malvado Favorito 2 (6,96 milhões de ingressos/R$ 80,2 milhões) e atingiu o ápice com Minions em 2015 (8,92 milhões/R$ 120 milhões) e Meu Malvado Favorito 3 em 2017 (9 milhões/R$ 126 milhões). Graças à franquia do vilão transformado em figura paterna Gru, a Illumination substituiu a DreamWorks como a maior produtora afora a Disney de animações para a família.
E a segunda foi a própria Disney, que, após alguns anos de baixa na década de 2000, voltou com toda a força, principalmente no período compreendido entre Frozen em 2014 (4,03 milhões de ingressos/R$ 48,6 milhões) e sua sequência em 2020 (7,95 milhões/R$ 124,1 milhões). Parte desse sucesso todo se deve à Pixar, que produziu três continuações absurdamente bem sucedidas: Procurando Dory em 2016 (8,2 milhões/R$ 113,4 milhões), Os Incríveis 2 em 2018 (9,88 milhões/R$ 145 milhões) e Toy Story 4 (7,99 milhões/R$ 124,5 milhões).
A década de 2010 foi dominada pela Illumination, Disney e Pixar, com alguma ajuda da Sony (cujo Hotel Transilvânia 3 vendeu mais de 5 milhões de entradas em 2018) e da hoje extinta BlueSky (na época a dona da franquia A Era do Gelo, popularíssima no Brasil). Juntos, eles catapultaram a bilheteria dos filmes familiares, tanto em público quanto em renda, para um novo patamar.
Enquanto suas animações rotineiramente quebravam a casa dos R$ 100 milhões, a DreamWorks não conseguiu competir no mesmo ritmo, apesar de alguns sucessos menores e pontuais, como O Poderoso Chefinho (3,66 milhões de ingressos/R$ 55 milhões em 2017) e Como Treinar o seu Dragão 3 (3,96 milhões/R$ 58,4 milhões em 2019).
O auge da DreamWorks ocorreu numa época em que vender entre 4 e 5 milhões de ingressos para uma animação gerava um faturamento de no máximo menos de R$ 60 milhões. O próprio Shrek para Sempre teve público próximo aos de Toy Story 4 e Frozen II, lançados 9 anos depois, mas uma arrecadação 44% menor. A falta de novos hits do mesmo calibre na década que se seguiu manteve a coroa brasileira da DWA por tantos anos com o quarto filme do ogro.
Enfim, com o preço mais alto dos ingressos, Gato de Botas 2 finalmente conseguiu alcançar o longa de 2010. Nos próximos dias, vai se tornar o primeiro longa da DWA a passar dos 4 milhões de público desde 2014. No contexto da atual era pós-Covid, é um sucesso de grandes proporções e mais um passo na recuperação do entretenimento familiar após a pandemia.
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