Estreia de Frozen 2 bate recorde de bilheteria mundial!
Após diversas semanas a fio em que uma série de fiascos fracassaram de maneira humilhante (O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio, As Panteras, etc), as bilheterias mais uma vez...
Após diversas semanas a fio em que uma série de fiascos fracassaram de maneira humilhante (O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio, As Panteras, etc), as bilheterias mais uma vez foram salvas, claro, por um blockbuster da Disney. A aguardadíssima animação Frozen 2 finalmente chegou às salas em diversos países, e já quebrou uma série de recordes.
Nos EUA, o filme abriu uma semana antes do feriado do Dia de Ação de Graças, até então utilizado pela Casa do Mickey para a estreia de quase todas as suas animações anuais – como foi o caso do primeiro Frozen, que estreou com US$ 93,5 milhões ao longo dos cinco dias do feriado prolongado. A segunda aventura das irmãs Anna e Elsa, porém, abriu durante um fim de semana de três dias tradicional e os resultados foram impressionantes: nada menos que US$ 130,2 milhões na estreia.
Com isso, Frozen II tornou-se a décima animação na história a estrear com números acima dos US$ 100 milhões em um fim de semana de três dias. Na realidade, trata-se da quarta maior abertura americana para uma animação e a maior para uma original da Walt Disney Animation, atrás do remake de O Rei Leão* (US$ 191,7 milhões) e das sequências da Pixar Os Incríveis 2 (US$ 182,6 milhões) e Procurando Dory (US$ 135 milhões). O filme, porém, superou as estreias de Shrek Terceiro (US$ 121,6 milhões, um número que permitiu que ele reinasse como a maior abertura por nove anos) e o recente Toy Story 4 (US$ 120,9 milhões).
Além disso, Frozen II conquistou a marca de 5ª maior abertura nos EUA da história para o mês de novembro, perdendo apenas Jogos Vorazes: Em Chamas (US$ 158 milhões) e três sequências da Saga Crepúsculo (Lua Nova com US$ 143 milhões, Amanhecer – Parte 2 com US$ 141 milhões e Amanhecer – Parte 1 com US$ 138,1 milhões), porém superando Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 (US$ 125 milhões) e Thor: Ragnarok (US$ 123 milhões). Claro, o fato de que a Disney até então estreava suas animações de fim de ano durante o feriado de Ação de Graças impedia que seus desenhos ocupassem posições mais altas no ranking das maiores estreias de novembro, afinal, o período de folga diluía os números do fim de semana – para que correr aos cinemas no sábado quando você estará de folga na quinta e na sexta? Por conta disso, o ranking era até então dominado por adaptações de livros para jovens, uma tendência que perpassou franquias como Harry Potter, Crepúsculo, Jogos Vorazes e Animais Fantásticos.
Curiosamente, apesar deste excelente resultado, houve certa preocupação dos analistas quando os números de sexta-feira foram divulgados: “apenas” US$ 42,2 milhões, um número para o primeiro dia abaixo dos de Os Incríveis 2 (US$ 71,2 milhões), Procurando Dory (US$ 54,7 milhões), Toy Story 4 (US$ 47,4 milhões) e até mesmo de Minions (US$ 46 milhões, rumo a uma abertura de US$ 116 milhões). Tais números iniciais, além de acabar com a esperança de que o filme fosse alcançar números nos níveis de um Os Incríveis 2 ou O Rei Leão (ou mesmo de Procurando Dory), aparentavam que o longa teria dificuldade até em ir muito além da marca dos US$ 100 milhões.
Porém, no sábado a mágica aconteceu: foram ótimos US$ 50 milhões, um número quase 20% superior ao de seu primeiro dia, e também o 3º maior primeiro sábado para uma animação, atrás apenas dos de O Rei Leão (US$ 61 milhões) e Os Incríveis 2 (US$ 58,8 milhões), bem como o 2º para um longa que estreou em novembro, perdendo apenas para Em Chamas (US$ 52 milhões). Combine isso com mais um bom domingo de US$ 38 milhões, o quarto maior para uma animação (novamente atrás dos de O Rei Leão e Os Incríveis 2) e o resultado foi a ótima bilheteria deste fim de semana.
A conclusão que dá para se tirar disso é que o longa tem tido maior apelo entre o público familiar, pais com crianças pequenas, em especial meninas – 59% do público foi do sexo feminino e 70% foi de famílias. É uma audiência que, claro, tem mais disponibilidade para ir aos cinemas nos dias de folga, na qual as crianças não tem aula nem compromissos extraclasse, e portanto podem comparecer às salas escuras.
Dito isso, se Frozen II era uma das animações mais aguardadas do ano e longas como O Rei Leão e Os Incríveis 2 também atraíam famílias com crianças, então por que a nova animação musical não conseguiu chegar aos números destes dois monstros de bilheteria? Ou mesmo dos de Procurando Dory? A resposta: o fator nostalgia. As sequências de Procurando Nemo e Os Incríveis chegaram às telonas respectivamente 13 e 14 anos após o lançamento dos originais, enquanto o novo O Rei Leão estreou 25 anos após o clássico animado dos anos 90. Com isso, toda uma geração de crianças que cresceu com os originais hoje já são jovens adultos, já ganhando o próprio dinheiro, que certamente quiseram relembrar sua infância com novas aventuras com seus heróis (ou, no caso de O Rei Leão, uma nova versão da mesma aventura).
Já Frozen II estreou seis anos após o primeiro, o que é um tempo considerável, porém nem o bastante para que haja nostalgia. Uma menina que tinha 7 ou 8 anos na época do primeiro Frozen hoje já é uma adolescente de 13 ou 14 anos, que já passou há muito tempo da época de brincar com bonecas da Anna e da Elsa, e hoje tem outros interesses, como artistas pop, redes sociais, ir às primeiras festas, comédias românticas na Netflix, e por aí vai. Acredite, eu sei por experiência própria que adolescentes são dificilmente apegados às coisas da infância, até porque, nesta fase, os jovens buscam se afastar de elementos “infantis” para construírem sua própria identidade como adultos. Apenas depois dos 20 anos que eles começarão a se relembrar nostalgicamente de seus passatempos da época de criança.
Portanto, Frozen II, muito como qualquer outra animação que não seja uma sequência/remake/reimaginação de outra que estreou décadas atrás, tem um apelo quase que exclusivo aos que são crianças hoje, e não aos que eram em 2013. Felizmente, as crianças de hoje também já devem ter assistido ao original diversas vezes em home vídeo ou streaming incontáveis vezes, de modo que a marca Frozen ainda é valiosa o bastante para atrair multidões de famílias aos cinemas – ainda mais aquelas que (desconsiderando os números decentes de A Família Addams e Malévola: Dona do Mal) estão sem assistir a um grande blockbuster familiar desde O Rei Leão, em julho.
Sendo assim, como Frozen II irá desempenhar a partir de agora? Bem, em primeiro lugar, a situação desta segunda aventura musical com Anna e Elsa é curiosamente similar à da primeira, que, por ser uma animação “original”, não capitalizava na nostalgia de jovens adultos com saudades da infância, portanto, era atraente quase que exclusivamente para um público familiar. Ainda assim, Frozen saiu de cartaz com pouco mais de US$ 400 milhões nos EUA (a terceira maior bilheteria doméstica daquele ano), e isso graças a mais uma arma secreta: os outros blockbusters em cartaz no final de 2013 eram voltados para uma audiência mais velha (Jogos Vorazes: Em Chamas) e/ou masculina (Thor: O Mundo Sombrio, O Hobbit: A Desolação de Smaug). Ou seja, a premiada animação musical era basicamente a única opção para famílias com crianças em exibição nos cinemas.
Frozen II não vai ter a mesma vantagem, pois no mês que vem o longa vai enfrentar outros concorrentes na batalha pelas famílias, incluindo as animações Playmobil: O Filme no dia 6 e Um Espião Animal no dia 25, bem como a comédia Jumanji: Próximo Nível no dia 13 e o aguardadíssimo Star Wars: A Ascensão Skywalker no dia 20. Claro, você pode argumentar que tais concorrentes tem maior apelo entre o público masculino, mas mesmo assim é uma situação bem menos tranquila da enfrentada por Frozen há seis anos.
Assim, a performance de Frozen II vai depender do quanto o longa conseguir ser atrativo para as crianças na temporada de fim de ano, com tantos concorrentes. É difícil fazer comparativos com outras animações da Disney de fim de ano, visto que elas, como dito acima, estrearam em meio a feriados prolongados, porém um desempenho similar aos de O Lorax e Minions e as sequências de Jogos Vorazes leva o musical a sair de cartaz com US$ 355 milhões. Já um desempenho similar ao de Animais Fantásticos e Onde Habitam o leva a encerrar sua carreira com US$ 396 milhões, enquanto um mais parecido com o de Detona Ralph o leva a incríveis US$ 483 milhões, ou um total similar ao de Procurando Dory.
Mas, na pior das hipóteses em que Frozen II termina atrás do primeiro, ao menos isso certamente será compensado por uma superlativa performance na bilheteria internacional. O longa abriu em 37 mercados internacionais no último fim de semana, e quebrou recordes em quase todos eles: terceira maior estreia da história na Coréia do Sul; maior abertura da história para uma animação na França, Reino Unido, Bélgica, Croácia, Islândia, Polônia, Ucrânia, Indonésia e Malásia, entre outros; e maior abertura para uma animação da Disney na China, Japão, Espanha, Alemanha, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Vietnã, México, Peru, Colômbia, Equador e Índia, entre outros.
Com isso, Frozen II faturou absurdos US$ 228,2 milhões na bilheteria internacional no fim de semana, explodindo o recorde de maior abertura internacional para uma animação, antes pertencente a A Era do Gelo 3 (US$ 152 milhões). No total, o musical chegou a incríveis US$ 358,5 milhões, e não só é a maior estreia mundial para uma animação como também é o primeiro longa que não é em live action a faturar mais de US$ 300 milhões em seu primeiro fim de semana.
Sem desmerecer Frozen II, que será uma das maiores bilheterias do ano, porém você deve estar se perguntando: por que demorou tanto tempo para que uma animação arrecadasse mais de US$ 300 milhões mundialmente na estreia? A verdade é que muitas animações tem estreias mais espaçadas em vários países, estreando num primeiro conjunto de mercados, e então no fim de semana seguinte o longa chega a mais países, e por aí vai. Os filmes da Pixar, normalmente lançados em junho nos EUA, às vezes demoram até agosto, setembro ou outubro para chegar a muitos países. A ideia é que, sendo estes filmes familiares, então ele possa se beneficiar ao máximo do período em que as crianças estão de folga, ou seja, férias, feriados prolongados, e por aí vai.
O Brasil é um grande exemplo disso: tal como quase todas as animações de novembro da Disney, Frozen II só chegará às salas nacionais em janeiro do ano seguinte, durante as férias de verão. Ou seja, é uma estratégia diferente da de longas como os dois últimos Vingadores, que, para faturar o máximo de dinheiro no menor espaço de tempo possível, chegaram em praticamente todo o globo juntamente com os EUA.
De toda forma, é um excelente início para Frozen II, que muito provavelmente já terá ultrapassado a marca do bilhão na bilheteria global antes de sequer pisar no país. Será que o filme deixará para trás os US$ 1.27 bilhão de seu antecessor? Ou será que ele tem chances de encostar nos US$ 1.64 bilhão de O Rei Leão? É o que nós vamos ver!
Bilheteria EUA 22/11/19 a 24/11/19:
Filme | Semanas em cartaz | Renda no fim de semana (em US$) | Renda acumulada (em US$) |
1- Frozen II | 1 | 130.263.358 | 130.263.358 |
2- Ford vs Ferrari | 2 | 15.730.678 | 57.720.248 |
3- Um Lindo Dia na Vizinhança | 1 | 13.251.238 | 13.251.238 |
4- Crime sem Saída | 1 | 9.250.117 | 9.250.117 |
5- Midway: Batalha em Alto Mar | 3 | 4.640.673 | 43.048.234 |
6- Brincando com Fogo | 3 | 4.515.388 | 31.522.035 |
7- A Grande Mentira | 2 | 3.401.194 | 11.791.988 |
8- As Panteras | 2 | 3.236.460 | 14.002.052 |
9- Uma Segunda Chance para Amar | 3 | 3.099.535 | 27.851.925 |
10- Coringa | 8 | 2.746.029 | 326.857.842 |
*Sim, o remake de O Rei Leão busca emular a impressão de assistir a um filme live action, mas para os propósitos deste texto vamos considerar que o longa é uma animação.