[CRÍTICA] Me Tira da Mira é a farofa da Gkay que o cinema merecia

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Se você der de cara com o pôster de Me Tira da Mira, e talvez conseguir tirar os olhos de Cleo e passear por cada rosto presente na arte, vai dar de cara com uma reunião aleatória de muitos rostos famosos. Nomes como Viih Tube e Kaysar ao lado de Silvero Pereira no mesmo filme?

 

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Além, é claro, de ter a genial ideia de colocar Cleo para atuar ao lado de Fiuk e Fábio Júnior, seus respectivos irmão e pai. A reação imediata é: ‘Esse filme é REAL? Se sim, eu PRECISO assistir isso!’. Felizmente, a produção nacional se aproveita de toda a graça que é ver a reunião familiar de estrelas, atores conhecidos e alguns ex-BBBs e entrega algo dignamente divertido.

E não perde a oportunidade de brincar com todas as referências e metalinguagens que tal elenco proporciona, seja com piadas às músicas do Fábio Júnior, BBB e muito mais. Afinal… por que não?

Mas não se engane caso ache que esse é o centro e motivação principal do filme, que traz uma trama simples mas eficiente, e conta com uma visível confiança dos responsáveis. A trama de investigação se leva mais a sério do que o esperado, mas não se colide de maneira prejudicial com todos os alívios cômicos.

Caberia um pouco mais de personalidade e mais coragem em exagerar na comédia, mas é compreensível, e a primeira metade flui perfeitamente. Mantendo um interesse real no que está acontecendo, além de ser estranhamente ótimo ver a personagem da Cleo e a personalidade confiante da personagem que faz a atriz brilhar ainda mais.

Começa tão bem e cheio de personalidade, que é realmente uma pena que as coisas desandem e percam um pouco do interesse da metade para o final, no desenrolar da investigação na Clínica de Realinhamento Energético.

E isso se dá, talvez, ao decidirem focar em muitos personagens e muitas sub-tramas. O maior desperdício dali, infelizmente, está na personagem de Júlia Rabello. Júlia realmente se esforça pra fazer bem, e a graça com o cancelamento de famosos vem em boa hora, mas sua personagem simplesmente não se encaixa.

A brincadeira de metalinguagem que o brasil merecia

Parecendo que caiu de paraquedas, vinda de um outro filme com um tom e senso de humor completamente diferente. Não funciona, não diverte como deveria pelo seu tempo absurdo de tela, que tira à força o espaço de personagens bem melhores.

É um desperdício de Fiuk, que é simplesmente hilário de se ver, pelo simples fato do quão ele mesmo ele está sendo (e dizemos isso de maneira positiva, juramos!). Mas até dói quando a gente percebe que o vilão de Silvero Pereira parece mais uma participação especial de luxo.

Estando ali por breves minutos, apenas para balbuciar um espanhol de vilão genérico. Que até funciona, mas é tão breve que não dá pra se acostumar ou se afeiçoar. É até um crime você ter um ator desse naipe, para um papel tão pequeno.

Nesse pique, até o Kaysar ganha mais destaque e cenas interessantes. O que nos leva a um ponto interessante. Já que o filme realmente trabalhou em colocar as grandes estrelas para interpretarem papeis diferentes, e não apenas versões de si mesmos.

Vimos no BBB 21 o quanto a Viih Tube é uma boa atriz, e ela manda bem com o papel que ela recebe, por ser diferente da fanfic que qualquer um aqui faria.

Elenco do filme conta até com participação da lendária Vera Fischer!

Em surpresas na atuação, temos a grande revelação do filme, que é a atriz Bruna Ciocca. Em seu primeiro trabalho, ela começa como uma personagem em que você não vê muito brilho ou potência no humor, mas vai se encontrando e liberando o carisma até que termina o filme como uma das melhores de todo o elenco. Ela é ótima e realmente fica grande a curiosidade e interesse para vê-la em mais projetos no futuro!

O clímax pesa um pouco na mão ao evidenciar algumas questões técnicas, com a montagem do som. Mas a maior delas, são as cenas de tiro que deixam problemas de orçamento atrapalharem sua qualidade, saindo como disparos que estão sendo mais escondidos na tela do que vistos.

Entendemos as complexidades de se fazer um filme no país cujo governo possui um descaso e quase repulsa à arte. O resultado final levanta o sentimento de que uma solução mais criativa poderia ter sido encontrada. Mas não é um demérito do diretor Hsu Chien, que manda bem em todo o resto.

Por fim, Me Tira da Mira é uma comédia competentemente divertida. Mesmo que pudesse ser mais escrachada e solta, como os nomes do elenco podem sugerir, ela está longe de ser decepcionante.

Se não valer uma continuação, porque veríamos facilmente mais da dupla principal formada por Cleo e Bruna, que pelo menos arranjem qualquer desculpa para mais filmes com Fábio Junior ao lado de seus filhos. É um potencial de entretenimento nacional que não pode ser desperdiçado.

NOTA: 3/5

Assista o trailer de Me Tira da Mira, que chega aos cinemas no dia 24 de Março!