Bilheterias americanas tem outro fim de semana histórico
Mais um fim de semana nas bilheterias americanas com números impressionantes até para os padrões pré-pandêmicos.
Após alguns meses modorrentos entre setembro e outubro, as bilheterias americanas (que compreendem os EUA e o Canadá) estão tendo um final de ano muito feliz. Após o Thanksgiving recorde da semana anterior, os números continuaram em alta conforme os cinemas da América do Norte tiveram o melhor fim de semana pós-Ação de Graças da história.
Em grande parte isso foi graças a três filmes: Moana 2, Wicked e Gladiador II. Ainda houveram numerosas estreias de filmes menores (entre animes, produções indianas, independentes e shows) que, por mais que nenhuma tenha sido exatamente um grande sucesso, ajudaram para que os cinemas não ficassem inteiramente dependentes dos blockbusters hollywoodianos. Variedade, afinal, é o segredo para uma indústria do cinema saudável.
Moana 2 faturou US$ 52 milhões em seu segundo fim de semana em cartaz. Ao todo, a animação da Disney acumula US$ 300 milhões na bilheteria americana e curiosamente também US$ 300 milhões na internacional, resultando num total global de US$ 600 milhões.
O longa caiu 63% em comparação com sua abertura na semana anterior, uma queda bastante incomum para desenhos da Disney do fim de ano. Isso pode ser um sinal de que o boca a boca não está tão positivo, o que poderá resultar em quedas maiores uma vez que outros longas familiares como Sonic 3 e Mufasa chegarem às telas.
Claro, o filme é um sucesso e com certeza figurará entre as top 10 maiores bilheterias animadas da história. Nos EUA, para chegar lá basta ultrapassar os US$ 400 milhões do primeiro Frozen. Se superar os US$ 477 milhões de Frozen II o longa entra para o top 5 (desconsiderando o remake “live-action” de O Rei Leão).
Globalmente, para entrar no top 10 histórico o longa deverá superar os US$ 1,03 bilhão de Procurando Dory e Meu Malvado Favorito 3. Isso não deve ser muito difícil considerando seu excelente desempenho nos mercados internacionais. O longa abriu em diversos países asiáticos como o Japão, Hong Kong, Vietnã e Tailândia, conquistando números excelentes, portanto deverá atingir a marca bilionária antes do fim do ano.
Ainda assim, as fortes quedas semanais servem como um sinal de aviso para a Disney. Moana 2 afinal começou como uma série para o Disney+ transformada às pressas num filme para o cinema quando a Casa do Mickey se viu necessitando desesperadamente de um sucesso animado após os humilhantes fiascos de Wish e Mundo Estranho nos anos anteriores.
Era uma ideia óbvia considerando o incrível sucesso de Moana no serviço de streaming da Disney. Como uma série transformada às pressas num filme, o resultado não impressionou os críticos. Todo o dinheiro que Moana 2 está fazendo agora é mais pelo amor do público pelo primeiro Moana do que pelos próprios méritos desta sequência.
É quase como o oposto de Divertida Mente 2, que faturou US$ 1,7 bilhão global não apenas porque o público adorou o primeiro mas também por sua trama sobre a ansiedade ressoou fortemente entre pessoas de todas as idades.
Considerando como os executivos hollywoodianos pensam, é provável que o sucesso de Moana 2, mesmo apesar do longa não ter sido tão bem recebido quanto o primeiro, inspire mais e mais sequências de hits do passado. A Disney verá que tirar magicamente (e apressadamente) da cartola uma continuação de um sucesso seu da década passada compensa mais financeiramente do que lançar uma animação original. Isso apesar do desempenho quase heroico de Elementos (US$ 490 milhões) no ano passado.
Como resultado, Elio, o possível último original da Pixar antes de mais uma onda de sequências, está sendo enviado para a morte: vai abrir no mesmo dia do remake live-action de Como Treinar o seu Dragão, uma batalha que uma produção original simplesmente não tem como vencer. Depois, teremos uma chuva de sequências de Zootopia, Toy Story, Frozen, Os Incríveis…
Nesse quesito, o sucesso de Wicked é mais estratégico para a Universal. O longa arrecadou US$ 320 milhões nos EUA e US$ 135 milhões fora, resultando em US$ 455 milhões global. Sim, ele é um sucesso bem maior no mercado americano do que no internacional, devido ao fato de musicais da Broadway serem uma característica da cultura americana que não necessariamente foi exportada para outros países.
Porém, ao contrário de Moana 2, Wicked teve aclamação da crítica e tem mostrado excelente sustentação, sinal de um boca a boca poderoso. O musical pode acabar terminando acima da princesa polinésia na bilheteria americana. Mais um hit da atual gestão da Universal, responsável por alguns dos maiores sucessos da década: Super Mario Bros, Oppenheimer e agora Wicked.
Enfim, o cinema hollywoodiano segue tentando entender o que funciona e o que não funciona num mundo pós-Covid onde todos assinam vários serviços de streaming. Se eles chegarem a conclusão de que “o que funciona” são apenas filmes que dependam de uma conexão afetiva do público com uma memória do passado, bem… O que acontecerá quando os estúdios não acharem mais nenhuma propriedade intelectual de anos pré-pandêmicos que possa render infinitas sequências?
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[Fonte: The Numbers]