Bilheteria EUA: Em fim de semana de Super Bowl, Bad Boys 3 lidera novamente
Em um fim de semana no qual os norte-americanos estavam mais preocupados com o Super Bowl, e afora novas estreias que pudessem captar o interesse do público, os cinemas...
Em um fim de semana no qual os norte-americanos estavam mais preocupados com o Super Bowl, e afora novas estreias que pudessem captar o interesse do público, os cinemas ficaram bastante vazios. Em termos de ingressos vendidos, trata-se do segundo pior fim de semana de Super Bowl nas bilheterias, à frente apenas do ano passado, que foi o recordista.
Naquela ocasião, o maior filme em cartaz era o controverso suspense de M. Night Shyamalan Vidro e o drama Amigos para Sempre. Em 2020, porém, ao menos há um autêntico blockbuster para que as salas não fiquem totalmente às moscas: Bad Boys para Sempre arrecadou mais US$ 17,6 milhões em seu terceiro fim de semana nos EUA. No total, a comédia de ação estrelada por Will Smith e Martin Lawrence tem ótimos US$ 148 milhões após 17 dias em cartaz.
É um total maior do que o alcançado por outros filmes de ação recentes, como John Wick 3: Parabellum (US$ 124 milhões) e Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (US$ 134 milhões), após o mesmo período de tempo, e levemente abaixo de Missão: Impossível – Efeito Fallout (US$ 161 milhões). Sua queda em comparação com o fim de semana anterior foi de apenas 48%, bastante similar às enfrentadas por Fallout e Hobbs & Shaw em suas respectivas terceiras semanas.
O problema é que esses dois longas protagonizados por respectivamente Dwayne Johnson e Tom Cruise estrearam em agosto, quando a temporada de blockbusters do meio do ano já havia ficado para trás, portanto, os longas enfrentaram concorrentes mais fracos. Afora a surpreendente recepção dos críticos, um dos motivos pelo qual Bad Boys 3 tem se saído tão bem é a falta de competidores, principalmente entre longas de ação. Infelizmente, esta vantagem só vai durar até a semana que vem, quando estreia nada menos que o primeiro filme de herói(ína) do ano: Aves de Rapina.
Qualquer possibilidade que Bad Boys para Sempre tenha de conseguir chegar aos US$ 200 milhões dependerá de sua habilidade de se segurar frente ao filme da DC. Uma performance similar a Hobbs & Shaw o leva a US$ 192,3 milhões, acima do spin-off de Velozes & Furiosos do ano passado. Já uma mais parecida com John Wick 3 o leva a sair de cartaz com US$ 201 milhões – o longa com Keanu Reeves do ano passado ficou livre conforme as novas estreias que chegaram nas semanas seguintes (X-Men: Fênix Negra, MIB: Homens de Preto – Internacional) tinham fraco desempenho.
Não que Bad Boys para Sempre precise disso, claro. Desde já, o filme é a sétima maior bilheteria americana para um filme em janeiro, e a maior para um filme que esteja realmente estreando em janeiro – os outros seis longas acima (Gran Torino, Estrelas Além do Tempo, Chicago, Uma Mente Brilhante, O Regresso e Sniper Americano) fizeram pré estreias em algumas cidades americanas no dezembro anterior antes de se expandirem para todo o país no mês seguinte.
Uma vez que Bad Boys para Sempre chegar aos US$ 180 milhões, ele deixará o total ajustado pela inflação de vários outros longas de janeiro anteriores, incluindo Kung Fu Panda 3, O Besouro Verde e Segurança de Shopping. A comédia policial provavelmente será a segunda maior bilheteria ajustada da história para um filme a chegar em janeiro, atrás apenas do clássico de Robert Altman M.A.S.H. (cujos US$ 81 milhões em 1970 seriam US$ 479 milhões hoje em dia).
Na segunda posição, o drama de guerra e provável vencedor do Oscar de Melhor Filme 1917 faturou mais US$ 9,6 milhões e agora tem pouco menos de US$ 120 milhões. Caso seja coroado como o Melhor Filme de 2019 pelo Oscar no próximo domingo, o longa de Sam Mendes provavelmente será o vencedor de Melhor Filme de maior bilheteria da década, derrotando O Discurso do Rei (US$ 135,4 milhões) e Argo (US$ 136 milhões). Aliás, é bem possível também que 1917 encerre sua carreira acima de outros sucessos que chegaram a concorrer a Melhor Filme, porém não ganharam, como La La Land (US$ 151 milhões), Mad Max: Estrada da Fúria (US$ 153 milhões), Django Livre (US$ 163 milhões) e talvez até O Regresso (US$ 184 milhões).
Falando em Oscar, o também concorrente ao prêmio de Melhor Filme Adoráveis Mulheres continua se saindo muito bem. O longa de Greta Gerwig arrecadou mais US$ 3 milhões em seu sexto fim de semana, e agora tem pouco menos de US$ 100 milhões. Tendo custado apenas US$ 40 milhões, o longa deverá ser mais lucrativo do que concorrentes que precisaram de pouco mais que o dobro disso para serem produzidos, como o próprio 1917, Ford vs Ferrari e Era Uma Vez…. Em Hollywood.
Independentemente do que ocorrer na noite da premiação, os sucessos de 1917, Adoráveis Mulheres, Era Uma Vez, Ford vs Ferrari e o sul-coreano Parasita (a maior bilheteria para um filme de língua não-inglesa nos EUA), comprova mais uma vez que o cinema para adultos continua se saindo bastante bem, mesmo na era do streaming. É um recado importante para Hollywood de que longas que não envolvem super-heróis ou refazem animações da Disney ainda continuam a atrair público aos cinemas. Muito possivelmente, se algum grande estúdio tivesse investido em Histórias de um Casamento e O Irlandês para que tais filmes pudessem chegar aos cinemas e não na Netflix, eles também teriam conquistado números decentes.
Com a indústria do cinema focada no Oscar, evitando o Super Bowl e se preparando para a estreia de Aves de Rapina na semana que vem, os dois estreantes da semana nos EUA tiveram performances lamentáveis. O terror Maria e João: O Conto das Bruxas, que transforma o clássico conto infantil em uma história assustadora, arrecadou apenas US$ 6 milhões. É um número fraco, mas considerando que seu orçamento foi de apenas US$ 10 milhões e dividido entre a Orion e a United Artists, não dará tanto prejuízo.
Francamente, o gênero horror está enfrentando uma grande seca de sucessos, possivelmente desde o blockbuster It: Capítulo Dois, que arrecadou tão acima da média para o gênero que nem deve ser usado de comparação. Mas desde então houveram fracassos monumentais como Doutor Sono, o desastroso Natal Sangrento (tamanho foi seu fiasco que este nem chegará às telonas brasileiras), o novo O Grito e Os Órfãos. Para Hollywood, é bom que essa tendência se reverta logo, pois algumas das principais apostas da indústria para 2020 são filmes de terror, a começar pelo aguardado O Homem Invisível, que estreia no final de fevereiro.
Já The Rhythm Section…, bem, 2020 mal começou e já temos um dos maiores desastres do ano (juntamente com Doolitle). Baseado no livro homônimo de Mark Burnell (também roteirista do filme) e estrelado pela ex-protagonista de Gossip Girl Blake Lively, o longa foi vendido pela Eon (a mesma detentora dos direitos de James Bond) como um 007 feminino. No entanto, o filme teve diversos problemas na produção e recepções terríveis em exibições teste com a audiência convenceram seu estúdio (a sempre azarada Paramount) de que o longa não lhe traria nenhum retorno financeiro. Por isso, o filme foi despejado em um dos piores fins de semana do ano com marketing praticamente inexistente.
Ainda assim, tendo arrecadado apenas US$ 2,7 milhões, o filme é nada menos que a pior abertura da história para um longa que estreou em mais de 3.000 salas. Trata-se de uma média por sala de apenas US$ 890 dólares, um número digno de um longa que já está deixando os cinemas, não um que está estreando agora. Tendo custado US$ 50 milhões, o longa dará um prejuízo absurdo para a Paramount, que se meteu num poço sem fundo e não consegue mais sair (embora o estúdio tentará de tudo este ano, inclusive com novos longas do Bob Esponja e Top Gun).
Por fim, entre os blockbusters, Jumanji: Próxima Fase, ainda em cartaz mesmo após 8 semanas (!), arrecadou mais US$ 6 milhões. Com US$ 290 milhões, o filme tentará chegar aos US$ 300 milhões. Com a performance decepcionante de Um Espião Animal e o desastre Doolittle, sobrou à comédia estrelada por Dwayne Johnson ser a principal opção para toda a família durante praticamente todo o mês de janeiro. Esta vantagem, porém, acabará assim que Sonic: O Filme chegar aos cinemas americanos em 14 de fevereiro.
Finalmente, Star Wars: A Ascensão Skywalker começa a se preparar para deixar as salas. Tendo arrecadado mais US$ 3,2 milhões em seu sétimo fim de semana (sim, o filme está em cartaz há menos tempo que Jumanji e ainda assim arrecadou a metade do que a comédia de aventura nesta semana), o longa chegou a US$ 507 milhões. Tendo ultrapassado o remake de A Bela e a Fera (US$ 504 milhões), o Episódio IX agora é a14ª maior bilheteria da história nos EUA, não ajustada pela inflação.