Ainda Estou Aqui e O Auto da Compadecida 2 lideram a nova retomada do cinema brasileiro
O drama Ainda Estou Aqui e a comédia O Auto da Compadecida 2 atingiram uma bilheteria não vista para filmes nacionais desde antes da pandemia.
Iniciado no final de 2023 com a performance surpreendente de Minha Irmã e Eu (que vendeu mais de 2 milhões de ingressos), a recuperação pós-pandemia do cinema nacional atingiu um novo auge. Agora, graças a um drama com chances reais de indicação ao Oscar e uma sequência de uma das comédias mais amadas do cinema brasileiro: Ainda Estou Aqui e O Auto da Compadecida 2.
O filme estrelado por Fernanda Torres está em cartaz desde novembro. O boca a boca positivo permitiu que Ainda Estou Aqui mostrasse resiliência na bilheteria nacional, mesmo enfrentando vários blockbusters Hollywoodianos. E isso inclui tanto os bem sucedidos (Moana 2, Mufasa: O Rei Leão), os fracassados (Kraven: O Caçador, O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim, Operação Natal) e os de performance mediana (Wicked, com 1,2 milhão de ingressos, não foi tão bem sucedido quanto nos EUA; Gladiador II até conseguiu chegar aos 2,1 milhões de pagantes, porém vai sair de cartaz com público acumulado menor que os 2,65 milhões de seu antecessor lançado em 2000) nas bilheterias do Brasil.
Com isso, o drama ainda permanece no top 5 semanal, mesmo após 8 semanas de seu lançamento. No acumulado, são R$ 64,9 milhões de arrecadação e 3 milhões de ingressos vendidos. Ainda Estou Aqui é a maior bilheteria atingida por um filme nacional desde Minha Mãe é uma Peça 3 no início de 2020, pouco antes da pandemia.
A Covid-19 não apenas levou Paulo Gustavo, o ator mais rentável dos últimos tempos em filmes nacionais, como também prejudicou duramente o cinema brasileiro. De 2021 até o final de 2023, os poucos longas locais que saíram não tiveram a menor força para competir com os blockbusters americanos.
Tudo começou a mudar entre 2023 e 2024 com o lançamento do citado Minha Irmã e Eu e de Nosso Lar 2. Infelizmente, a maior parte do ano não foi muito diferente do usual pós-pandêmico, com os poucos filmes nacionais sendo praticamente ignorados em favor dos americanos. Esperava-se que a situação mudasse no Natal com O Auto da Compadecida 2, uma típica “sequência legado” (continuações de clássicos passados) tão popular na Hollywood atual.
No entanto, poucos esperavam que já em novembro seria lançado o primeiro filme nacional a atrair mais de 3 milhões de espectadores às salas brasileiras desde antes da pandemia. Nesse quesito, os rumores de indicações ao Oscar e a trama emocionante sobre os tempos da ditadura militar foram essenciais para o excelente boca a boca de Ainda Estou Aqui.
Isso não tira os méritos de O Auto da Compadecida 2, claro. A comédia estreou na quarta-feira de Natal, 25 de dezembro, e chegou ao final de domingo com um acumulado de R$ 23,8 milhões de arrecadação e 1,07 milhão de ingressos vendidos.
Considerando apenas a porção de quinta a domingo, a sequência do clássico de 2000 teve faturamento de R$ 19,7 milhões e 887 mil espectadores. É o maior fim de semana de estreia para um filme nacional desde Minha Mãe é uma Peça 3, no final de 2019.
E isso enfrentando forte concorrência dos blockbusters hollywoodianos. Inclusive uma forte estreia: Sonic 3 conquistou números bastante próximos aos de O Auto 2 (R$ 19 milhões e 896 mil ingressos vendidos). No acumulado (pois o ouriço também fez pré-estreias na quarta de Natal), o longa para a família possui R$ 22,1 milhões e 1,07 milhão de pagantes. É a maior abertura da trilogia do Sonic até o momento.
Ou seja, tanto Sonic 3 quanto O Auto da Compadecida 2 conquistaram os melhores números possíveis na atual situação. Ambos têm públicos-alvo diferentes, claro, e sua performance combinada tem contribuído para um fim de ano muito feliz para os exibidores nacionais.
Portanto, as salas brasileiras finalmente tem aquilo que lhes faltava desde antes da pandemia: variedade de produções em cartaz para várias audiências diferentes. E nesta variedade está incluso também o cinema feito em nosso próprio país. Ainda há muito o que ser feito, mas é um excelente passo para a recuperação da indústria de cinema brasileira.
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