Ainda Estou Aqui alcança bilheteria histórica no Brasil
Novo drama do renomado diretor Walter Salles, Ainda Estou Aqui causou burburinho nas redes sociais e tem feito números históricos na bilheteria do Brasil.
Em cartaz desde o início de novembro, Ainda Estou Aqui atingiu uma bilheteria acumulada de R$ 42 milhões e 2 milhões de ingressos vendidos.
Com isso, o longa já é o segundo maior filme brasileiro pós-pandemia. Por enquanto, ele perde apenas para a comédia do final do ano passado Minha Irmã e Eu (2,3 milhões). Porém, não vai demorar muito até que Ainda Estou Aqui supere o longa estrelado por Ingrid Guimarães e Tatá Werneck. Afinal, sua performance na bilheteria brasileira tem sido espetacular, com excelente sustentação a cada semana e com números semanais superiores aos de blockbusters americanos.
Na última semana, entre os dias 21 e 27 de novembro, Ainda Estou Aqui atraiu 580 mil pessoas aos cinemas em todo o país. É um total superior aos do estreante Wicked (455 mil ingressos), Gladiador II (454 mil na segunda semana) e Operação Natal (134 mil).
Ou seja, o boca a boca do filme é excelente. Seja nas redes sociais ou na vida real, as pessoas estão falando bem e atraindo outros para as salas, inclusive aqueles que não são tão ligados no rico cinema nacional.
Dramas nacionais de sucesso são ocasionais
Quando se fala nos filmes produzidos aqui muitos pensam nas comédias que faziam sucesso nas bilheterias, como a trilogia Minha Mãe é uma Peça, Minha Vida em Marte, De Pernas pro Ar, Até que a Sorte nos Separe, etc. Mas há um grande contingente de filmes mais “sérios” que também atraem milhões de pessoas.
O problema é que, ao contrário das comédias, dramas nacionais de sucesso são mais ocasionais. Se em Hollywood o cinema blockbuster vive de fórmulas, explorando tendências e franquias até que não seja mais possível, no Brasil somente com as comédias foi-se possível destilar uma fórmula que mantivesse o público sempre em alta, como as produções da Globo Filmes dos anos 2000 e 2010, os filmes da Xuxa e dos Trapalhões e, nos anos 70, as pornochanchadas.
Em comparação, o sucesso de Tropa de Elite (2,4 milhões de ingressos vendidos para o primeiro e absurdos 11,2 milhões para o segundo) não inspirou uma onda de filmes de ação sobre a violência urbana no Brasil de alta bilheteria. Inspirados pela doutrina espírita, como Chico Xavier e Nosso Lar (ambos lançados em 2010), não geraram longas de sucesso similar. Inclusive a continuação de Nosso Lar só foi ser lançada este ano porém, com apenas 1,6 milhão de ingressos vendidos, passou longe dos 4 milhões do primeiro.
Mesmo com o sucesso de Os Dez Mandamentos, a Record nunca mais tentou transformar outras de suas novelas bíblicas em produções para o cinema. Dois Filhos de Francisco até gerou outras biografias musicais nas quase duas décadas desde seu lançamento, mas nenhuma que sequer se aproximou de seus números
Dessa forma, Ainda Estou Aqui é o maior drama nacional nas bilheterias desde Nada a Perder 2 (6 milhões de ingressos em 2019). Desconsiderando produções religiosas, teríamos que voltar até 2013 com Somos Tão Jovens, a biografia de Renato Russo.
Em resumo: se comédias brasileiras são mais fáceis (ou ao menos costumavam ser até a pandemia) de replicar seu sucesso, dramas são mais ocasionais e dependem de conjunturas específicas. Seja o crescimento das religiões pentecostais inspirando as bilheterias de Nada a Perder e Os Dez Mandamentos, as discussões sobre violência urbana resultando nos sucessos de Tropa de Elite ou a polarização e crise política em que o país está mergulhado atraindo audiência para Ainda Estou Aqui.
A segunda Retomada do cinema brasileiro
O momento atual lembra o do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, conhecido como a Retomada. Na época, o cinema se reerguia após o golpe sofrido no início dos anos 90 com o fim da Embracine. Porém, o sucesso (inclusive internacional) de Central do Brasil e Cidade de Deus devolveu não apenas os espectadores às salas mas também a nossa autoestima, mostrando que sim, éramos capazes de produzir grandes filmes.
Agora, desde que a pandemia prejudicou gravemente o cinema brasileiro, Ainda Estou Aqui está cumprindo o mesmo papel. Coincidentemente ou não, tanto o longa atual quanto Central do Brasil foram dirigidos por Walter Salles.
Ainda assim, o fato de filmes mais “sérios” dependerem de conjunturas ocasionais para serem bem sucedidos, se por um lado impede que os dramas se tornem tão formulaicos quanto as comédias, por outro deixam de fornecer a “segurança” financeira necessária para que se invistam mais neles.
Hollywood, afinal, só pode investir nos independentes que “fazem a festa” nas premiações porque os blockbusters estão lá para ganhar os milhões de dólares que os financiam.
Independentemente, o sucesso de Ainda Estou Aqui pode e deve ser festejado como uma das primeiras conquistas do cinema nacional nesta nova Retomada.
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[Fonte: Filme B]