Tenet: Uma bagunça confusa e arrogante que… funciona?!

Muita discussão se acumulou acima de Tenet. Mas a principal delas, por um bom tempo, não era sobre o filme em si. Mas sim a tentativa constante do diretor...

REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO
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Compartilhe: Elvis de Sá
Publicado em 31/10/2020 - 17h12


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Muita discussão se acumulou acima de Tenet. Mas a principal delas, por um bom tempo, não era sobre o filme em si. Mas sim a tentativa constante do diretor Christopher Nolan de trazer o filme como a primeira grande novidade após as reaberturas dos cinemas.

Obviamente, por se tratar do retorno dos cinemas em meio à pandemia do coronavírus, muitos questionaram se esse esforço foi algo certo, visando dar uma ajuda aos funcionários dependentes dos cinemas. Ou se foi algo completamente diabólico e erro.

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A ironia da coisa é essa discussão ganhar mais peso, justamente num dos filmes mais divisivos e que mais abre porta para infinitas discussões, de toda a carreira do ‘visionário’ papai Chris.

O engraçado, é que o filme chega quase como que a mesma proposta de Dunkirk. Que chegou como uma resposta às críticas negativas de Interestelar. Se no filme espacial reclamaram dos temas de ‘amor’, Nolan fez do seu filme de guerra o mais cru e frio o possível.

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E quanto a Tenet, soa muito como uma resposta dele para todas as críticas às exposições e explicações óbvias para as coisas mais óbvias, coisas que percorrem por todos os seus filmes. Isso acaba gerando uma contradição confusa e até meio engraçada.

Já que isso se trata tanto da MELHOR quanto da PIOR coisa do filme. Pra provar que consegue fazer um filme que não seja expositivo até o talo, Nolan desempenha um esforço surpreendente para torná-lo confuso. Seja no roteiro, e uma quantidade infinita de vai-e-vem.

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ALERTA DE SPOILERS MODERADOS SOBRE TENET A PARTIR DAQUI!

Mas também na montagem, pulando as sequências e as encaixando de forma que você se esqueça de onde estava, não entende muito bem onde está, e nem para onde devem ir. O conceito de reversão/viagem no tempo é bem interessante.

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E ele possui sim algumas explicações sobre como as coisas funcionam. As explicações estão todas ali, mas a montagem vem te dando uma rasteira para que você não processe bem o que acabaram de explicar. Soando quase como uma brincadeira maldosa. Seja ela pura arrogância do diretor, ou até mesmo uma burrice que acidentalmente cria uma experiência… divertida!

Nolan possui filmes bem criativos em sua carreira. Mas apesar de ter explodido entre o grande povo cinéfilo como gênio, ele nunca fez algo REALMENTE fora da caixinha ou de confundir sua cabeça. E Tenet supera todos seus equívocos de roteiro e possíveis furos grotescos, com esse espírito focado na experiência.

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Chegando em certo ponto do filme, você não se importa mais em tentar entender totalmente o que eles estão explicando. Em vez disso, você se agarra às poucas coisas mais óbvias, e se guia apenas pelos elementos tradicionais da narrativa.

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Pattinson e Washington e uma inesperada história de amizade. Que dupla!

Isso até se conecta com um momento bem engraçado, que é quando o personagem de Robert Pattinson explica o paradoxo do avô para o protagonista sem nome de John David Washington. Sendo o conceito mais ÓBVIO do filme, que é explicado com toda a calma e facilidade do mundo, o oposto de todas outras explicações.

Isso tudo para algumas cenas depois, o próprio protagonista falar sobre esse mesmo paradoxo, mostrando que o entendeu e tá seguindo em frente com a história. Mas como que uma salada bagunçada e prepotente, feita para te dar dor de cabeça e provar que o filme é mais inteligente que você, acaba divertindo?

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Por sorte, o filme é construído dessa forma, mas enrolado e preenchido com ótimas sequências de ação, sempre explorando o lado visual mais empolgante e prazeroso de se ver, que o conceito da inversão temporal implica.

Se em Dark nós temos um conceito absurdamente complexo, mas cujas histórias mostram apenas os personagens conversando e/ou em situações mais comuns, Tenet larga o freio e constrói momentos dignos de blockbusters mais tradicionais.

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Sequências de ação são o grande ponto alto do filme

Se a primeira briga do protagonista sem nome com um homem invertido já é bem legal de se ver, eles elevam isso com o roubo do avião, perseguições de carro. Culminando num campo de batalha épico, quase que uma guerra de viagem no tempo em plena guerra do Iraque.

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Parece que toda essa trama complexa é um mero pretexto para termos soldados correndo pra frente, e outros ao inverso. Chegando ao ponto de ver um prédio explodido ser explodido e revertido só para depois ser explodido novamente.

Para completar, o filme é ao mesmo tempo uma grande homenagem aos filmes de espionagem de James Bond. Com as viagens ao redor do mundo, troca de roupas elegantes a cada minuto, traições, paixões e uma bomba desativada no último segundo.

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Ao mesmo tempo em que ousou fazer seu filme mais experimental, Nolan quis deixar claro que é capaz de comandar um filme do 007. Mostrando pra gente que ele quer uma pessoa melhor, até mesmo a tradição da esposa morta do protagonista é quebrada dessa vez.

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Elizabeth Debicki e a primeira Bond Girl de Nolan

Conseguindo construir uma certa química sexual e emocional entre o protagonista e a personagem de Elizabeth Debicki. A atriz faz muito bem a sua parte. Mas a principal protagonista feminina estar lá como vítima de um relacionamento abusivo e nojento, e seu arco principal ao redor disso, mostra que o diretor ainda precisa de mais dedicação ao elaborar as mulheres de seus filmes.

A fotografia segue o padrão Nolan, sem nenhuma tentativa de extrapolar nada novo por aí. Mas se existe uma escolha que deu certo além do imaginado, foi a de Ludwig Göransson (Pantera Negra, Creed, O Mandaloriano) para cuidar da trilha!

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O compositor construiu uma trilha que só eleva a tensão e imersão no ritmo frenético proposto, trazendo a essência das trilhas que Hans Zimmer sempre fez para Nolan. Com direto a todos os zumbidos crescentes e tique-taques de relógio do antigo parceiro do diretor. Mas com a inovação de sua característica inserção de outros instrumentos. Como as notas de guitarra, que embora sutis, sempre se destacam quando estão lá. É sem dúvidas mais uma adição impecável na carreira da grande revelação das trilhas nos últimos anos.

Eu entendo do fundo do coração todas as pessoas que chegarem e odiarem o filme. Se torna um critério essencial que você GOSTE de filmes malucos e que dão certo por pura insanidade e ciência do telespectador de que terá que achar graça em meio a uma bagunça.

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Enfim, quando todos disseram que não tinham entendido nada do filme, me pareceu um milagre. Afinal, quem imaginaria mm filme do Christopher Nolan que fosse genuinamente complexo?! Só é uma pena essa complexidade ser pura malandragem, e não inteligência.

 

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Dirigido e escrito por Christopher Nolan,  o filme é estrelado por John David Washington, Robert Pattinson, Elizabeth Debicki, Aaaron Taylor-Johnson, Kenneth Branagh e Michael Caine. O filme foi um dos primeiros a ser lançado na reabertura dos cinemas após a suspensão devido à pandemia do coronavírus.

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