Kung Fu Panda 4 é a maior abertura para uma animação infantil no Brasil em nove meses
Mais uma vez mostrando a força do público familiar, Kung Fu Panda 4 obteve o maior fim de semana de estreia nas bilheterias para uma animação infantil desde junho...
Compartilhe: Tiago
Publicado em 26/3/2024 - 07h00
Kung Fu Panda 4 foi o líder das bilheterias nacionais no último fim de semana, com 549 mil ingressos vendidos e R$ 11,7 milhões em arrecadação.
Trata-se da maior estreia para uma animação infantil desde Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (820 mil ingressos/R$ 17 milhões) em junho do ano passado. Claro, o longa da Marvel tem um apelo maior entre crianças mais velhas, adolescentes e adultos, de modo que sua classificação indicativa no Brasil foi “inadequado para menores de 10 anos”. Assim, considerando apenas animações “seguras” para crianças menores, Kung Fu Panda 4 é o maior desde Super Mario Bros.: O Filme (1,43 milhão de ingressos/R$ 31,1 milhões) em abril de 2023.
Seja como for, o panda Po superou longas como Elementos (355 mil ingressos/R$ 7,59 milhões), Patrulha Canina: Um Filme Superpoderoso (317 mil/R$ 6,1 milhões), Trolls 3: Juntos Novamente (206 mil/R$ 4,37 milhões, porém com diversas pré-estreias nos dias anteriores, inclusive na Semana da Criança), Wish: O Poder dos Desejos (359 mil/R$ 7,75 milhões) e Patos! (240 mil/R$ 5 milhões).
Na bilheteria americana, o longa que desbancou Duna 2 da liderança foi agora superado pelo novo Ghostbusters, porém ainda mostrou excelente sustentação. Ao todo, são US$ 133 milhões nos EUA e US$ 134 milhões fora de lá, resultando em US$ 267 milhões global, e com vários outros mercados ainda para receber o filme.
Isso mostra que Kung Fu Panda é uma marca mais forte entre o público familiar do que Trolls ou Patrulha Canina, por exemplo, apesar de ser mais velho que essas duas (o primeiro filme é de 2008). E justamente por isso o quarto Panda tem uma vantagem adicional sobre animações totalmente originais, como é o caso de Patos!, Wish e Elementos.
Além disso, seus bons números são sinais de que a franquia era o que faltava para trazer as famílias aos cinemas em grande volume após mais de um semestre sem um grande e poderoso lançamento infantil – embora longas como Patos! (1,37 milhão de ingressos/R$ 25,1 milhões) e Wish (que, com 1,98 milhão de pagantes e R$ 37,6 milhões em bilheteria, obteve resultado surpreendente e não foi totalmente ignorado no Brasil tal como nos EUA) ao menos impediram que os cinemas ficassem totalmente sem receber a visita de pais com crianças nas férias de janeiro.
As perspectivas para o filme da DreamWorks são positivas: dentre os próximos lançamentos para crianças até o meio do ano (quando Divertida Mente 2 e Meu Malvado Favorito 4 dominarão às salas), Godzilla x Kong deve atrair crianças mais velhas e jovens adolescentes e Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é de uma franquia cujos números nunca foram grande coisa no Brasil (ou na maioria dos mercados internacionais – é uma série bastante “americana”).
Vale lembrar que, no meio do ano passado, a falta de lançamentos infantis de peso manteve Elementos em alta por várias semanas, o que o levou a eventualmente superar Homem-Aranha: Através do Aranhaverso na bilheteria final (4,2 milhões de ingressos/R$ 78 milhões do filme da Pixar contra 3,5 milhões/R$ 66,4 milhões do da Marvel). Algo parecido ocorreu em menor escala agora em janeiro com Wish e Patos!.
Panda 4, por sua vez, é de uma franquia já conhecida há 16 anos do público e não é um original tentando conquistar espaço como Elementos ou Wish, portanto, somado com a falta de competidores, o longa tem tudo para atingir números excelentes.
Enfim, os números surpreendentes de Elementos e Wish ou a boa estreia de Kung Fu Panda 4 que reafirmam que o público está sedento por animações infantis de qualidade para poder levar seus filhos ao cinema. E isso já desde que os cinemas se recuperaram da pandemia, entre 2021 e 2022.
Porém, para cada megasucesso no nível de Super Mario Bros ou Minions 2, ou para cada longa que supera os prognósticos ruins de uma animação original e consegue não ser totalmente ignorado nos cinemas (como os citados neste texto ou Os Caras Malvados em 2022), temos semanas e mais semanas sem um lançamento relevante para crianças.
Antes da pandemia, era comum ter um ano inteiro com um calendário infantil à disposição de Hollywood. Lembra-se de 2019, que trouxe às salas nacionais WiFi Ralph, Como Treinar o seu Dragão 3, Homem-Aranha no Aranhaverso, Uma Aventura Lego 2, Dumbo, Pokémon: Detetive Pikachu, Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 e Toy Story 4 – e tudo isso só no primeiro semestre!
Se Hollywood quiser devolver às famílias o hábito de ir aos cinemas (ou desenvolver esse hábito em crianças que só atingiram a idade de ir ao cinema depois da pandemia), vai precisar de ter mais consistência e voltar ao ritmo de lançar várias dessas produções o ano inteiro para que o público familiar não fique meses à espera de algo para ver na telona – pois, enquanto isso não ocorre, certamente terão que arrumar outras formas de entretenimento seus filhos…
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