[CRÍTICA] Free Guy: Um evento de Fortnite com uma crise existencial
Enquanto os cinemas seguem numa batalha e na luta para engrenar novamente as bilheterias em todo o mundo, ao mesmo tempo em que o avanço da variante Delta sugere...
Compartilhe: Elvis de Sá
Publicado em 20/8/2021 - 20h24
Enquanto os cinemas seguem numa batalha e na luta para engrenar novamente as bilheterias em todo o mundo, ao mesmo tempo em que o avanço da variante Delta sugere a possibilidade de todas as salas fecharem as portas novamente, surge um sorriso tão despretensioso quanto o de Ryan Reynolds na forma de Free Guy: Assumindo o Controle.
Curiosamente, a trama do filme compartilha um paralelo interessante com sua própria produção. Já que o longa é uma das poucas produções que a Disney decidiu manter e seguir em frente depois de comprar a Fox, agora nomeada de 20th Century Studios.
Também afetado pela pandemia, o filme sofreu com vários adiamentos até finalmente chegar ao mundo. Felizmente, a espera valeu à pena e o impacto do filme nada sofreu com esse período conturbado. Vindo como uma opção ainda mais forte para quem estiver voltando às salas de cinemas após meses, buscando simplesmente pelo filme mais divertido o possível.
E nesse quesito, ele cumpre totalmente o que promete. Trazendo a ideia que qualquer pessoa que já jogou algum game possa ter imaginado e sonhado, a trama explora a realidade dentro de um jogo online e de muito sucesso, da perspectiva dos NPCs.
A dupla perfeita de NPCs
Os NPCs costumam sempre gerar situações engraçadas por parte de suas interações com os verdadeiros jogadores, e daí surge a oportunidade de criar um mundo deslumbrante que te cativa nos primeiros minutos e deixa interessado para explorar cada canto e possibilidades da Free City.
Baseados em jogos de mundo aberto como GTA, Red Dead Redemption e SimCity, temos uma grande homenagem à história e o mundo dos jogos, fazendo um relato bem honesto da grande mania da atualidade, com o vício frenético de quase todo o mundo por Fortnite, assim como as mais variadas referências e homenagens aos títulos de jogos, os tipos de jogadores e todo tipo de situação que acontece enquanto você comanda seu personagem pelo teclado e mouse ou por um joystick.
Nisso, o filme realmente capricha e a direção de Shawn Levy surpreende por ser imersiva do jeito que deveria ser. E as sequências de ação, descoberta e vislumbre do mundo são feitas com um notável carinho, que compensa qualquer forçada de barra do roteiro.
As infinitas skins dos jogos geram as melhores piadas do filme
Não me leve a mal, o roteiro realmente vai além do que qualquer um esperava em relação á construção dos personagens e apresentar arcos dramáticos e existenciais de forma satisfatória e decente, e tudo isso sem perder o ritmo e o equilíbrio com o humor e ação.
O filme mal começa e não perde tempo ao mostrar o mundo sob a perspectiva do Guy, sem forçar exposição do roteiro ou subestimar o telespectador para explicar que aquilo é um jogo e tudo o que está acontecendo. E isso caiu como uma luva, já que a trama do filme não é a mais original do mundo.
Mesmo com todo o esforço para ser diferente, temos basicamente um crossover híbrido entre Uma Aventura LEGO, Jogador Nº1 e um evento de Fortnite com lampejos de uma crise existencial que poderia ser encaixada em A.I. – Inteligência Artificial.
Vale também uma menção às críticas feitas ao comportamento das grandes empresas desenvolvedoras de jogos e a ganância sem fim pelas continuações que saem a todos os anos, e o hypado lançamento de um jogo cheio de bugs que mais nos faz lembrar de Cyberpunk 2077. Além da direta referência ao nome da Konami, são esses pequenos detalhes que realmente vão tornar uma experiência e crítica completa para todos os fãs dessa área.
Dancinhas de Fortnite e participações especiais trazem ainda mais curiosidades ao filme
Ryan Reynolds, por mais que esteja fazendo as mesmas caras e piadas de sempre e transitando entre um Deadpool censura livre e o protagonista de Uma Aventura Lego, prova porque é um rosto que consegue liderar esses filmes ao sucesso, e se consagra como um dos principais nomes da antiga e nova Fox.
O destaque do elenco também vai para Jodie Comer, que manda bem na sua interpretação da personagem dentro e fora do mundo virtual. E claro, Lil Rel Howery como o guarda Buddy, daqueles caras que te colocam um sorriso no rosto toda vez que entra em tela.
Por fim, mesmo que ele se ache um pouco mais engraçado do que é, Free Guy é realmente super divertido, e talvez uma das melhores produções dessa Era das Referências, onde os filmes se sustentam da ideia do principal propósito: fazer inúmeras referências e encher a tela de easter-eggs, como os já citados Aventura Lego, Jogador Nº 1 e mais recentemente: Space Jam 2.
NOTA: 3,5/5
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