[CRÍTICA] Batem À Porta mostra como um trailer pode estragar um filme
O que destaca o filme em meio a esse interessante começo de ano com os estúdios emplacando diversos projetos, sejam filmes de terror ou filmes de Oscar, antes do...
Compartilhe: Elvis de Sá
Publicado em 2/2/2023 - 21h21
“Batem À Porta” é o novo filme do diretor M. Night Shyamalan. Isso por si só já valer qualquer expectativa – para bem ou mal – ou curiosidade, dado a fama do diretor e seus mirabolantes e surpreendentes projetos. Mesmo que esteja em uma fase instável, só Shyamalan consegue atrair para si esse tipo de curiosidade.
O que destaca o filme em meio a esse interessante começo de ano com os estúdios emplacando diversos projetos, sejam filmes de terror ou filmes de Oscar, antes do domínio dos blockbusters de heróis ou algo do tipo. Porém, ao mesmo tempo em que é um dos destaques de fevereiro, o filme se prejudica por dois motivos. Ambos envolvendo a si próprio!
Isso porque Batem À Porta é refém e vítima da habitual expectativa que surge a cada novo projeto de Shyamalan. Com o público já indo com a certeza de uma grande reviravolta ou grandes surpresas. O que, tudo bem, já é algo esperado.
ALERTA DE SPOILERS ABAIXO!
Porém, essa expectativa se torna em algo totalmente negativo graças à própria divulgação do filme, retornando àqueles casos famosos onde os trailers mostram MUITO mais do que deveriam mostrar.
Obviamente, um trailer que entrega muito não é a única desculpa para defender o filme, sendo compreensivo quem saia dessa história sem nenhum envolvimento ou impacto. Mas para quem vai assistir esperando apenas um plot-twist, tudo cai por terra quando descobrimos que… não existe plot-twist.
O trailer aumenta o nível da trama e surge a expectativa de algo maior do que está ali nessas prévias. O que te desvia do que já está sendo entregue desde o primeiro segundo, e pode fatalmente torná-lo em algo muito mais simplório, raso e desinteressante.
Fica discutível se a previsibilidade do roteiro é um erro de Shyamalan depois do desgaste de sua fórmula, ou se podemos passar pano dizendo que isso é algo consciente e intencional do diretor, que dessa vez optaria por algo simples e direto ao ponto.
Se ele está sendo burro ou não em sua visão para a história, ele pelo menos traz uma direção inspirada e imersiva, mesmo que em situações tão batidas do gênero. Que até nos convence de que o trabalho é mais inspirado e profundo do que muitos podem achar.
Sorte dele é que esse trabalho competente se fortalece (ou se escora ainda mais) no verdadeiro trunfo: as atuações! O suspense pode não funcionar, mas pelos menos os atores conseguem superar a previsibilidade com personagens bem interessantes de se acompanhar.
O casal formado por Jonathan Groff e Ben Aldridge é realmente ótimo, mas a estrela da família é a pequena Kristen Cui, que se destaca e brilha em meio aos veteranos. Sem desmerecer o trabalho dos seus parceiros, Rupert Grint aproveita seus 2 minutos em tela e nos deixa com a vontade de que o seu personagem fosse um pouco mais além no filme.
E quem diria que Dave Bautista estaria realmente TÃO BEM assim?! Em busca de se provar como um bom ator “sério”, ele se utiliza de seu talento como BRUTAMONTES… MAS UM CARA SIMPÁTICO para entregar o personagem que melhor incorpora o dilema e desafio dessa corrida contra o fim do mundo.
No fim, “Batem À Porta” compensa o erro de Shyamalan ao inventar um final mirabolante e exagerado demais para “Tempo”, mostrando que o diretor pode viver sem essa obrigação de twist. Fica a esperança de que as eventuais críticas negativas e reclamações não o obriguem a voltar para a fórmula manjada no próximo.
Embora falte uma peculiaridade mais atrativa, o filme pelo menos pode fomentar a dramática discussão: Você mataria algum membro da família para evitar o fim do mundo?! Que é um pós-filme melhor do que apenas atrair comentários de “Nossa… é só isso?”.
O filme chegou hoje aos cinemas de todo o Brasil. Corra logo para assistir!