BILHETERIA EUA: A Família Addams tem ótima estreia; Projeto Gemini fracassa!
Em outras notícias da bilheteria americana não relacionadas à Coringa, que manteve o primeiro lugar, o reboot animado A Família Addams teve uma excelente abertura nos EUA. A fantasmagórica...
Compartilhe: Tiago
Publicado em 16/10/2019 - 21h28
Em outras notícias da bilheteria americana não relacionadas à Coringa, que manteve o primeiro lugar, o reboot animado A Família Addams teve uma excelente abertura nos EUA. A fantasmagórica família estreou em segundo lugar com ótimos US$ 30,3 milhões, bem acima do que estavam prevendo as médias. Trata-se da sexta maior abertura para uma animação este ano na bilheteria americana, atrás apenas de O Rei Leão (que estreou com US$ 191,7 milhões, e até hoje não foi decidido se tal filme pertence ou não ao gênero da animação), Toy Story 4 (US$ 120,9 milhões), Como Treinar o seu Dragão 3 (US$ 55 milhões), Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 (US$ 46,6 milhões) e Uma Aventura Lego 2 (US$ 34,1 milhões).
Portanto, isso faz de A Família Addams uma das maiores aberturas para uma animação que não é uma continuação em 2019. Não é segredo, afinal, que este ano continua sendo totalmente desafiador para filmes familiares que não pertençam à Disney ou à alguma franquia de sucesso, haja visto o decepcionante desempenho de Abominável (sobre o qual falaremos daqui a pouco). No entanto, o filme aproveitou-se do fato de que o grande blockbuster em cartaz é totalmente inadequado para crianças (Coringa), bem como da época próxima ao Halloween, na qual os estúdios costumam lançar filmes infantis que misturam comédia e monstros, como os dois primeiros das franquias Hotel Transilvânia e Goosebumps.
Por isso, caso tenha um desempenho pós-abertura no mínimo similar aos de Hotel Transilvânia 1 e 2 e do primeiro Goosebumps, A Família Addams versão 2019 sai de cartaz com um total entre os US$ 102 milhões e os US$ 106 milhões, enquanto uma performance mais parecida com a de Goosebumps 2: Halloween Assombrado ainda leva o longa a decentes US$ 89,5 milhões. De toda forma, A Família Addams será facilmente o maior longa da curtíssima história da United Arts Releasing – o lendário estúdio fundado há exatos cem anos por Charlie Chaplin, Mary Pickford, D.W. Griffith e Douglas Fairbanks e responsável por franquias famosas como 007 e vários clássicos do cinema, foi relançado no ano passado como uma joint venture focada na distribuição dos longas produzidos pela Annapurna Pictures, MGM (sim, o estúdio do leão) e Orion Pictures. Dos seis filmes da United Arts Releasing lançados até hoje, apenas As Trapaceiras e agora este A Família Addams foram bem sucedidos, os outros decepcionaram nas bilheterias.
Em terceiro lugar, outra estreia da semana, o thriller de ação e ficção científica Projeto Gemini. Produzido ao custo de caríssimos US$ 138 milhões, muita da conversa ao redor do filme girou em torno da decisão de seu diretor Ang Lee em apresentar o longa em 120fps, ou ao menos em 60fps (a quase totalidade dos filmes são gravados e exibidos em 24fps), porém as críticas ressaltaram que, afora a inovação tecnológica, a trama do filme estrelado por Will Smith era ruim e genérica. Por isso, Projeto Gemini abriu com fracos US$ 20,5 milhões, uma das piores estreias da carreira do carismático astro de Um Maluco no Pedaço.
Infelizmente, porém, não estamos mais nos anos 2000, onde ficções científicas de ação como Eu, Robô e Eu Sou a Lenda poderiam ter excelentes aberturas (respectivamente US$ 52,1 milhões e US$ 77,2 milhões) baseando-se apenas no carisma de Smith e no apelo de vê-lo enfrentando robôs e zumbis. Também não estamos nos anos 90, onde Inimigo do Estado poderia chegar a uma bilheteria final de US$ 111,5 milhões após abrir com US$ 20 milhões. No caso de Projeto Gemini, some a péssima situação nas bilheterias para filmes originais (ou qualquer longa que não seja baseado em quadrinhos ou em um clássico animado da Disney) com as fracas críticas e a dura concorrência com o mais bem recebido Coringa, e se tem a receita para o desastre.
Falando em desastre, na quarta posição a animação da DreamWorks Abominável continua tendo uma performance decepcionante: US$ 6 milhões em seu terceiro fim de semana em cartaz e um total de US$ 47,8 milhões no total. Certamente impactado pela concorrência com A Família Addams, o longa despencou quase 50% em comparação com a semana anterior. Trata-se de uma queda maior do que a sofrida pelo recente O Parque dos Sonhos em sua terceira semana, embora Abominável tenha obtido um faturamento maior. Ambos os longas estrearam na semana anterior à abertura de um muito comentado e extremamente bem sucedido longa para maiores (Coringa e Nós) e, além disso, logo tiveram que batalhar contra outro filme familiar (A Família Addams e Dumbo).
Nesse ritmo, é bem provável que Abominável encerre sua carreira abaixo dos US$ 60 milhões, melhor do que O Parque dos Sonhos (que finalizou com US$ 45,2 milhões), porém ainda um desastre, em um ano repleto deles para animações de fora da Disney: Angry Birds 2, Uma Aventura Lego 2, Uglydolls… Apenas Como Treinar seu Dragão 3 e Pets 2 se salvaram, e ainda assim faturando menos que seus predecessores imediatos.
Em quinto lugar, Downton Abbey: O Filme arrecadou mais US$ 4,8 milhões em sua quarta semana, e chegou a bons US$ 82,6 milhões. Tal filme sofreu uma queda de apenas 38,9% em relação à semana anterior, o que mostra um bom boca a boca – possivelmente é o filme evento para adultos que não querem assistir ao violento e sombrio Coringa e nem ao complicado (e também violento) Projeto Gemini. Assim, a adaptação da popular série britânica caminha a passos largos para se tornar a maior bilheteria americana não ajustada de seu estúdio, a Focus Features, superando O Segredo de Brokeback Mountain, com US$ 83 milhões.
Na sexta posição, outro longa que tem se segurado de maneira incrível, mesmo concorrendo com o palhaço homicida da DC, é As Golpistas. A dramédia estrelada por Jennifer Lopez faturou mais US$ 3,8 milhões e chegou a incríveis US$ 98 milhões. Em breve, o filme se juntará a Amigos Para Sempre e a Perfeita é a Mãe! como os filmes do estúdio independente STX Entertainment que ultrapassaram a marca dos US$ 100 milhões.
Em sétimo lugar, Judy, a biografia da atriz de O Mágico de Oz estrelada por Renée Zellwegger, que, enquanto todos estavam mais preocupados com Coringa, se tornou um sucesso no cinema independente. O longa faturou mais US$ 3,2 milhões, sofreu uma queda minúscula de apenas 30% e chegou a ótimos US$ 14,9 milhões. Tal filme tem disputado duramente com Downton Abbey para atrair um público mais velho.
Já na oitava posição, outro megasucesso da Warner envolvendo um palhaço assassino: It: Capítulo Dois arrecadou mais US$ 3,1 milhões e chegou a incríveis US$ 207 milhões. Trata-se de uma quantia monstruosa para um filme de terror, de tal forma que ele é o terceiro maior longa do gênero de classificação R-Rated nos EUA, atrás apenas de O Exorcista e o primeiro It. Sim, Pennywise será ultrapassado por Arthur Fleck na bilheteria americana nos próximos dias, mas de toda forma seu confronto final com o Clube dos Otários permanecerá como uma das maiores arrecadações de 2019 para um filme não distribuído pela Disney ou relacionado a quadrinhos.
Finalmente, em nono lugar, a outra estreia da semana, a comédia Jexi, que estreou com péssima críticas e uma péssima bilheteria de US$ 3,1 milhões. Trata-se do último longa produzido para os cinemas pela CBS Films. O estúdio, que produziu alguns dos filmes mais importantes desta década, como Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum e A Qualquer Custo, agora produzirá longas apenas para o serviço de streaming CBS All Access – o que é um triste indicativo do estado do cinema independente na atualidade. Afinal, com tantos filmes de baixo e médio orçamento sendo lançados nas telonas apenas para fracassarem, e o público dando mostras de que só compram ingressos para o cinema se o filme envolver super-heróis ou franquias conhecidas, tem sido preferível lançar tais longas em serviços de streaming… Nos quais eles também são ignorados, enterrados sob uma pilha de diversos episódios de sitcoms, a não ser que ganhem barulho de Oscar. Creio que Martin Scorsese teria uma ou duas palavras a dizer sobre isso…
Na décima posição, outro triste fracasso: Ad Astra: Rumo às Estrelas, a aclamada ficção científica de James Gray que, a despeito de ser estrelada por Brad Pitt e trazer visuais impressionantes, foi totalmente ignorada nos cinemas. O longa arrecadou mais US$ 1,8 milhões e agora possui apenas US$ 46,9 milhões, o que é pavoroso, considerando que o orçamento do longa ficou acima dos US$ 80 milhões. Curiosidade: desde que sua compra pela Disney se concretizou, em março desse ano, a Fox ainda não lançou um único grande sucesso de bilheteria, e vive numa seca após seu excelente 2018, no qual o hoje inexistente estúdio da Raposa lançou Deadpool 2 e Bohemian Rhapsody com imenso sucesso.