BILHETERIA BRASIL: Projeto Gemini fracassa; animações aumentam o público!

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O último dia 12/10 pode até ter sido Dia das Crianças, porém os dois longas que mais venderam ingressos no último fim de semana foram decididamente para adultos: o monstro de bilheteria Coringa, em primeiro lugar, e a ficção científica de ação com Will Smith Projeto Gemini, que estrou em segundo lugar e afundou no país e no mundo.

Por aqui, Projeto Gemini estreou faturando R$ 4,7 milhões e levando 249 mil pessoas aos cinemas. Trata-se de uma das menores aberturas para um blockbuster estrelado pelo carismático astro de Um Maluco no Pedaço e Independence Day, ficando abaixo de longas como Depois da Terra (342 mil ingressos vendidos na estreia), Eu, Robô (344 mil) e, principalmente, o grande sucesso Eu Sou a Lenda (527 mil). Aliás, a estreia de Projeto Gemini ficou abaixo até de outras ficções científicas de grande orçamento, como Minority Report: A Nova Lei (420 mil), o remake de 2012 de O Vingador do Futuro (356 mil), Prometheus (340 mil) e Elysium (403 mil) – embora este último ao menos tivesse uma vantagem por aqui de ter uma muito publicizada participação do astro tupiniquim Wagner Moura.

Todos esses filmes, bem como Tron: O Legado (que abriu com 245 mil), foram capazes de levar ao menos 1 milhão de pessoas aos cinemas, com Eu Sou a Lenda ultrapassando a marca dos 2 milhões. Já Projeto Gemini deve ter uma carreira similar à de Godzilla II: Rei dos Monstros, que abriu com 259 mil ingressos, porém perdeu salas e foi totalmente ignorado, saindo de cartaz com míseros 532 mil espectadores. Aparentemente, até a primeira metade desta década, longas de ficção científica que traziam grandes astros em cenários instigantes eram capazes de atrair um público decente aqui no Brasil, desde aclamados sucessos como Minority Report e Eu, Robô até o pessimamente recebido Depois da Terra. Já hoje em dia, tais filmes são totalmente ignorados em favor dos grandes sucessos baseados em quadrinhos e distribuídos pela Disney (Godzilla II foi destruído por Aladdin por aqui).

Na terceira posição, Angry Birds 2: O Filme fez bom uso do Dia das Crianças ao faturar mais R$ 3,3 milhões e levar outros 210 mil espectadores aos cinemas em seu segundo fim de semana. O (surpreendentemente) bem recebido filme na realidade vendeu mais ingressos na segunda semana do que na primeira, obtendo um aumento de quase 3% em relação à estreia, e atingindo uma bilheteria de R$ 7,7 milhões e 519 mil espectadores no total. 

Seria um feito impressionante, se não fosse por um detalhe: apesar da pequena queda, os números em geral continuam medíocres. Como comparação, o primeiro Hotel Transilvânia também foi lançado uma semana antes do Dia das Crianças em 2012, estreou com 415 mil ingressos e vendeu outros 634 mil no feriado, um aumento de mais de 50% (embora, para ser justo, naquele ano o feriado caiu numa sexta-feira). No ano seguinte, Tá Chovendo Hambúrguer 2 estreou no início de outubro com 513 mil ingressos e, na outra semana, durante o feriado do 12/10, vendeu outros 481 mil, queda de apenas 7%, mas com números evidentemente maiores que os de Angry Birds 2. Já em 2017, Emoji: O Filme estreou logo antes do Dia da Independência do Brasil e viu sua bilheteria crescer em 17% no feriado. Todos esses longas já haviam passado da marca do milhão de ingressos na ocasião, enquanto Angry Birds 2 ainda está bastante distante.

Tal como o segundo filme dos pássaros nervosos, a animação da DreamWorks Abominável também viu um pequeno aumento em seu público durante o Dia das Crianças: foram 134 mil ingressos, um aumento de 8,1% em relação à semana passada. Ainda assim, seus números são fraquíssimos: apenas 796 mil espectadores após 3 semanas em cartaz. São números bem menores que os que Turbo e As Aventuras de Peabody e Sherman, duas outras aventuras da DreamWorks que abriram com números parecidos com os de Abominável, haviam alcançado após 3 semanas – ambas já estavam em torno da marca do 1 milhão. 

Ainda assim, Abominável deve ser uma das maiores bilheterias para uma animação totalmente original, que não é nem uma sequência, nem uma reimaginação e nem uma adaptação de quadrinhos no país em 2019 – os atuais líderes no ranking dos desenhos são o controverso O Rei Leão (com seus absurdos 15,5 milhões de ingressos), Toy Story 4 (7,9 milhões), WiFi Ralph (4,4 milhões), Como Treinar o seu Dragão 3 (3,9 milhões), Homem-Aranha no Aranhaverso (2,06 milhões) e Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 (1,89 milhão). Será que os pais brasileiros estão ficando menos propensos a levarem os filhos a longas animados se eles não pertencerem a uma franquia ou marca conhecida?

Na quinta posição, a comédia adolescente protagonizada pela estrela teen Maísa Silva Ela Disse, Ele Disse, que levou mais 52 mil pessoas aos cinemas e faturou pouco menos de R$ 850 mil, para um total de R$ 2,3 milhões e 152 mil espectadores após duas semanas. Pelo lado positivo, o longa sofreu uma queda decente, de apenas 23,3%, em relação à semana passada, menos do que a sofrida por filmes similares como Confissões de Adolescente, Tudo por um Pop Star e É Fada! – estes dois últimos também tendo estreado no mês de outubro, respectivamente em 2018 e 2016.

O problema é que ainda assim sua bilheteria está bem abaixo da de outros filmes parecidos nesse mesmo ponto. Tudo por um Pop Star havia vendido 155 mil ingressos em sua segunda semana (sim, tal longa vendeu em apenas um final de semana, que nem foi o de sua estreia, pouco a mais do que Ela Disse, Ele Disse vendeu após 11 dias em cartaz) e chegado a 734 mil; já É Fada!, certamente impulsionado pela popularidade da YouTuber Kéfera, que o protagoniza, conquistou ótimos 260 mil espectadores na segunda semana e um público até então de mais de 1 milhão. Até mesmo o também estrelado por Maísa Cinderela Pop já havia atingido quase 380 mil espectadores após duas semanas.

Aliás, este último despencou a partir da segunda semana, quando passou a competir com o blockbuster Capitã Marvel, e saiu de cartaz com apenas 477 mil espectadores. Será que um destino parecido aguarda Ela Disse, Ele Disse, que passará a brigar com o também voltado para o público feminino e jovem Malévola: A Dona do Mal a partir da próxima semana?

Em sexto lugar, temos o decepcionante Ad Astra: Rumo às Estrelas, que faturou mais R$ 460 mil e levou pouco menos de 21 mil pessoas aos cinemas. No total o filme da Fox, digo, da Disney, possui um faturamento após três semanas em cartaz de R$ 6,5 milhões e um público de 343 mil – bem abaixo dos alcançados por outras ficções científicas cerebrais em suas terceiras semanas, como Interestelar (963 mil) e Blade Runner 2049 (800 mil), porém acima de O Primeiro Homem (290 mil). 

Além disso, impactado pela fortíssima concorrência com Coringa e com o recém chegado Projeto Gemini pelo público adulto, Ad Astra sofreu uma queda fortíssima de 65% em comparação com a semana passada. Ele certamente perderá mais salas para abrir caminho para as futuras estreias, e deverá sair de cartaz com um público em torno dos 350 mil. Ao que parece, o interesse do público brasileiro por longas espaciais e ficções científicas complexas, que já não era muito grande, caiu ainda mais nos últimos tempos.

Em sétimo, o filme nacional mais comentado do ano: Bacurau faturou mais R$ 335 mil e levou outras 20 mil pessoas aos cinemas, alcançando uma bilheteria total de quase R$ 10 milhões e um público total de 634 mil. O longa sofreu uma queda de apenas 17% em comparação com a semana passada mesmo batalhando com fortes concorrentes, o que se deu graças à uma insistente campanha nas redes sociais. De toda forma, trata-se de um excelente resultado para o aclamado diretor Kléber Mendonça Filho (que co-dirigiu o longa com Juliano Dornelles) e para sua pequena distribuidora, a Vitrine Filmes.

Já na oitava posição, Rambo: Até o Fim faturou mais R$ 300 mil e levou pouco mais de 17 mil espectadores aos cinemas em seu quarto fim de semana. No total, o brucutu interpretado por Sylvester Stallone atingiu uma bilheteria brasileira de R$ 11,8 milhões e um público de 763 mil pessoas. Não é nenhum grande sucesso, mas ao menos é um resultado melhor do que o alcançado por alguns dos filmes de ação estrelados pelo icônico ator nesta década, como Rota de Fuga, Alvo Duplo e até mesmo o recente Creed II. 

Na nona posição, Vai que Cola 2: O Começo continuou a desapontar. O filme levou mais 17 mil pessoas aos cinemas e faturou mais R$ 303 mil, alcançando um público total de 792 mil espectadores e uma bilheteria de R$ 11,8 milhões. Trata-se de mais uma continuação de um antigo sucesso da Globo Filmes a alcançar um resultado bem pior que seu predecessor, um destino que já havia se abatido sobre O Candidato Honesto 2, Crô em Família e De Pernas pro Ar 3. Será que o futuro Minha Mãe é uma Peça 3, cujo antecessor é a comédia nacional mais assistida da história, com mais de 9,3 milhões de ingressos vendidos, também vai despencar da mesma forma?

Finalmente, em décimo lugar, o sucesso It: Capítulo Dois, que se prepara para deixar o top 10. Pennywise faturou mais R$ 269 mil e vendeu pouco menos de 15 mil ingressos em seu sexto fim de semana, alcançando uma bilheteria até o momento de R$ 47,3 milhões e um público de 3,1 milhões – o que faz dele um dos filmes de terror mais assistidos da história do Brasil.

Na próxima semana, Angelina Jolie retorna ao seu papel de maior bilheteria na continuação da Disney Malévola: Dona do Mal, visando atrair o público familiar e feminino que não foi conquistado pelas animações em cartaz. Será que ela vai conseguir?

Bilheteria Brasil de 10/10/2019 a 13/10/2019: