Péssimo fim de semana nas bilheterias americanas ressalta crise na indústria de cinema

Bilheterias fraquíssimas em fim de semana de Super Bowl nos EUA mostra que Hollywood está dentro de uma crise difícil de sair.

Péssimo fim de semana nas bilheterias americanas ressalta crise na indústria de cinema

Bilheterias fraquíssimas em fim de semana de Super Bowl nos EUA mostra que Hollywood está dentro de uma crise difícil de sair.

Péssimo fim de semana nas bilheterias americanas ressalta crise na indústria de cinema
TEMPO DE VACAS MAGRAS
Imagem: Reprodução | Divulgação
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Num fim de semana marcado pelo Super Bowl, o líder de bilheteria nos EUA foi Argylle: O Superespião. Em segundo lugar, ficou a principal estreia da semana, a comédia de horror Lisa Frankenstein. Tais filmes arrecadaram apenas US$ 6,25 milhões e US$ 3,7 milhões respectivamente.




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Ao todo, o fim de semana faturou cerca de US$ 37 milhões. Como comparação, o mesmo fim de semana do Super Bowl em 2019, o último ano antes da pandemia, que teve as estreias de Uma Aventura Lego 2 (US$ 34 milhões), Do que os Homens Gostam (US$ 18 milhões) e Vingança a Sangue Frio (US$ 11 milhões), teve um faturamento total de US$ 116 milhões.

Em 2018, tal fim de semana não teve nenhuma estreia de peso (a indústria se preparava para o lançamento de Cinquenta Tons de Liberdade e principalmente Pantera Negra ao longo daquele mês de fevereiro), porém tinha vários veteranos que ainda se mantinham fortes, como Jumanji: Bem-Vindo à Selva e O Rei do Show. Resultado: US$ 95 milhões em faturamento no fim de semana nas bilheterias.


Em 2024, não há nem estreias com grande potencial nem veteranos com bilheterias massivas. O único “blockbuster” em cartaz é Argylle, um pessimamente recebido filme de ação cujo custo foi de mais de US$ 200 milhões e tem uma bilheteria até o momento de US$ 28,5 milhões nos EUA e US$ 31,1 milhões fora, resultando em US$ 59,6 milhões global. Seria um flop histórico se este não fosse um longa produzido pela Apple e pretendido para seu serviço de streaming.

Tal como Assassinos da Lua das Flores e Napoleão (dois outros longas que custaram mais de US$ 200 milhões e faturaram US$ 157 milhões e US$ 220 milhões respectivamente), Argylle é um filme do AppleTV+ lançado nos cinemas por um estúdio tradicional. Tais filmes podem não ser o que a definição tradicional chama de “sucesso nas bilheterias”, porém a Apple é uma empresa de tecnologia que arrecada trilhões em vendas de seus aparelhos eletrônicos. Seu serviço de streaming não é exatamente o foco principal da empresa e, por isso, se alguns filmes pretendidos para lá não tiverem bom desempenho, bem, não afetará tanto as finanças da Apple quanto aconteceria com outras empresas de entretenimento que dependem muito mais de sucessos no cinema.


Porém, enquanto Assassinos da Lua das Flores foi indicado a diversos Oscar e Napoleão era ao menos mais um épico de um diretor renomado (Ridley Scott), Argylle era uma tentativa de iniciar uma franquia para o streaming da Apple. Sua fraca recepção crítica e bilheteria ainda pior pode indicar que, mesmo no AppleTV+, tal longa não será exatamente um grande sucesso capaz de inspirar outras continuações de orçamento similar.

Enfim, Argylle não é o hit que a indústria do cinema precisa no momento, e nenhum dos próximos lançamentos ao menos até Meu Malvado Favorito 4 e Deadpool 3 em julho prometem o tipo de bilheteria bilionária que era tão comum na década passada. Se no ano passado as bilheterias foram salvas pelo fenômeno Barbenheimer, em 2024 não há nada que aparente “sucesso massivo”.


Durante a década passada, Hollywood tinha uma série de franquias confiáveis, que garantiam bilheterias monstruosas. Eram os filmes de super-herói da Marvel e DC, os remakes live-action de clássicos animados da Disney, as próprias animações de estúdios como Disney, Pixar e Illumination (principalmente as sequências), novos filmes de séries longevas como 007 e Velozes & Furiosos e novos capítulos de sagas como Star Wars e Jurassic Park/World (que ganharam novas trilogias).

Entretanto, após a virada da década e principalmente após a pandemia, quase todas essas franquias símbolo dos anos 2010 viram seu sucesso e hype entre o público diminuir drasticamente.


Veja quais foram os grandes sucessos de bilheteria de 2022 e 2023: Avatar: O Caminho da Água, Top Gun: Maverick, Jurassic World: Domínio, Barbie, Super Mario Bros.: O Filme, Oppenheimer. Quase nenhum deles parece ser do tipo que garante bilheterias bilionárias quase todos os anos, tal como o MCU fazia na década passada ou franquias como Harry Potter nos anos 2000, o que certamente deixou Hollywood mal acostumada.

As sequências de Avatar serão bem sucedidas, porém a própria natureza do trabalho de James Cameron garante que tais filmes costumam demorar anos para chegar às salas – por enquanto, o terceiro filme está agendado para 2025 mas eu não descartaria novos adiamentos. Maverick fez sucesso com saudosistas dos anos 80, porém Tom Cruise até o momento não se mostrou disposto em fazer mais sequências. Barbie e Mario bateram a casa do US$ 1 bilhão, mas isso não significa que a audiência esteja necessariamente interessada em um universo cinematográfico da Mattel ou da Nintendo, nem que filmes baseados nos outros personagens de tais marcas sejam bem sucedidos.

Algumas franquias dos anos 2010 ainda tentarão um retorno. A DC vai tentar de novo construir um universo cinematográfico (agora sob o comando de James Gunn), o MCU está tentando corrigir os rumos e retornar aos tempos áureos (nem que para isso tenha que apelar para nostalgia dos filmes da Marvel dos anos 2000), a Universal agendou mais um Jurassic World para 2025 e a Lucasfilm já tem novos Star Wars planejados. Sequências de hits animados da década passada, como Meu Malvado Favorito, Divertida Mente e Moana, chegam às salas ainda neste ano.

Porém, o sucesso de filmes como Barbie e Oppenheimer enquanto longas como Velozes & Furiosos 10, Aquaman 2 e As Marvels decepcionaram sinalizam para Hollywood que o público está cansado das mesmas franquias que costumavam dominar o cinema e mais interessado em novidade.

O problema é que as novidades que o público da atual década aprovou são muito mais difíceis de replicar do que simplesmente lançar novos filmes ambientados no Universo Marvel dos Cinemas ou sequências de Velozes & Furiosos, Star Wars e James Bond.

Fonte: Box Office Mojo

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