Revelado o prejuízo milionário que Indiana Jones 5 deu para a Disney
Dados financeiros divulgados pela Forbes indicam que Indiana Jones e a Relíquia do Destino deu um prejuízo gigantesco à Disney.
Compartilhe: Tiago
Publicado em 3/4/2024 - 05h00
Informações financeiras publicadas na última sexta-feira deram uma dimensão do tamanho do prejuízo brutal que Indiana Jones e a Relíquia do Destino deu à Disney: US$ 134,2 milhões.
O longa, o quinto da lendária franquia Indiana Jones (que teve quatro bem sucedidos filmes dirigidos por Steven Spielberg lançados entre 1981 e 2008 – o famoso diretor ficou de fora do novo capítulo, comandado por James Mangold), foi lançado em junho do ano passado. Esperava-se que o longa fosse uma das grandes esperanças de bilheterias recorde para a temporada de 2023, houve inclusive quem falasse num sucesso similar ao de Top Gun: Maverick.
Em vez disso, o filme arrecadou apenas US$ 384 milhões nas bilheterias globais, sendo US$ 174,4 milhões nos EUA/Canadá e US$ 209,5 milhões fora de lá (incluindo míseros US$ 3 milhões na China), segundo o Box Office Mojo.
É um valor consideravelmente abaixo do atingido pelo quarto filme, O Reino da Caveira de Cristal, cuja bilheteria de US$ 786 milhões ao redor do mundo foi a segunda maior de 2008. Aliás, é inclusive abaixo até do terceiro longa, A Última Cruzada, de 1989 (!), que foi o líder nas bilheterias globais daquele ano com US$ 474 milhões. Como tais longas foram lançados décadas atrás, então anos de inflação sobre suas bilheterias as tornaram ainda maiores que os resultados vexatórios de A Relíquia do Destino.
No Brasil, o longa vendeu pouco mais de 1 milhão de ingressos e faturou cerca de R$ 23 milhões. Foi completamente obliterado pelo fenômeno Barbenheimer, tal como aconteceu no resto do mundo, aliás.
E isso apesar dos monstruosos custos de produção que Indiana Jones 5 demandou da Disney. Segundo relatório da Forbes, US$ 79 milhões foram gastos apenas com a pós-produção do longa até o mês de abril de 2023, incluindo os complexos efeitos digitais que rejuvenesceram o veterano Harrison Ford até sua aparência dos anos 1980 para o prólogo do filme. Com isso, o orçamento total do filme atingiu absurdos US$ 387,2 milhões.
Porém, a Disney teve grande ajuda do governo britânico. Visando atrair a produção de filmes e séries estrangeiras (especialmente os de Hollywood) para o Reino Unido, o governo local reembolsa os estúdios em até 25,5% de seus gastos totais no país, desde que pelo menos 10% do custo total do filme seja no país.
Indiana Jones 5 teve sequências importantes filmadas no Reino Unido, bem como em outros países da Europa e do norte da África. Assim, a Disney recebeu do governo britânico US$ 60,4 milhões em incentivos fiscais até abril de 2023. Subtraindo isso dos custos que vimos acima, temos um gasto total de US$ 326 milhões com a produção de A Relíquia do Destino para a Casa do Mickey.
Entretanto, dos US$ 384 milhões que Indiana Jones 5 arrecadou nas bilheterias, somente uma média de 50% fica para a distribuidora – o restante pertence aos exibidores, ou seja, os cinemas. Portanto, a Disney pôde ficar com apenas US$ 192 milhões de toda a arrecadação do filme nos cinemas.
Ao subtrair os custos de produção da parcela da bilheteria que fica para a Disney, temos um prejuízo total de US$ 134 milhões.
Agora, esse não é o fim da história nem prova definitiva de que o longa fez a empresa perder dinheiro, mas sim apenas que sua carreira nas bilheterias não foi proveitosa pois não cobriu os custos da produção. Estes, vale lembrar, não são os únicos gastos que uma empresa tem com o filme, pois, além disso, há despesas (massivas no caso de um blockbuster como esse) com o marketing a nível global.
Por outro lado, a arrecadação nas bilheterias não é a única fonte de renda de um longa. Ou ao menos não costumava ser. Antes da era do streaming, os estúdios tinham uma fonte de renda confiável com as vendas para home vídeo (VHS, DVD e finalmente Blu-Ray) e para redes de televisão. Isso poderia até fazer com que um longa antes rejeitado nos cinemas encontrasse uma nova audiência ao chegar às locadoras – que o digam clássicos como Blade Runner: O Caçador de Andróides e Clube da Luta.
Agora quase todo grande estúdio hollywoodiano tem seu serviço de streaming, que cobram uma assinatura mensal para que o cliente tenha acesso à toda a sua biblioteca de conteúdo. Isso torna mais difícil para aferir a performance comercial de um filme, pois se você é assinante do Disney+ então estará pagando por Indiana Jones 5 e também por todos os outros filmes e séries disponíveis por lá, mesmo que você não assista a um segundo deles.
Seja como for, o fato é que Indiana Jones e a Relíquia do Destino foi um fracasso que custou a Disney uma quantia exorbitante de dinheiro e não rendeu o esperado nem muito menos reacendeu o interesse dos espectadores pela saga do arqueólogo, diferentemente do que houve com Star Wars na década passada, a outra icônica franquia da Lucasfilm, adquirida pela Disney por US$ 4 bilhões em 2012 – hoje uma fonte sem fim de dor de cabeça para a empresa fundada por Walt Disney há mais de um século.
O resultado é que 2023 foi um ano lamentável para a Disney. Suas preciosas marcas (Lucasfilm, Marvel, Walt Disney Animation, etc) tiveram uma sequência de fracassos humilhantes no cinema e no streaming, bem no ano do centenário da empresa.
Além disso, a Disney tornou-se a arqui-inimiga dos conservadores nos EUA e se viu no centro de uma guerra cultural com políticos e influenciadores de direita que tem lhe custado caro, tanto em termos financeiros quanto de imagem. O preço por ação da Disney caiu em 40% desde março de 2021.
Será que a secular empresa hollywoodiana conseguirá sair desta confusão?