Público de cinema no Brasil tem cardápio de filmes mais variados em 2024
Brasileiros estão assistindo a outros filmes no cinema afora os grandes blockbusters em proporção maior este ano.
Compartilhe: Tiago
Publicado em 25/6/2024 - 05h00
Dados divulgados pelo Filme B sobre o período entre 1º de janeiro e 31 de maio de 2024 indicam que, em um ano supostamente “fraco” para blockbusters, o público de cinema no Brasil tem procurado diversificar os filmes que assistem nos cinemas afora somente os caríssimos arrasa-quarteirão hollywoodianos.
Até o dia 31 de maio de 2024 haviam sido lançados 207 filmes nos cinemas nacionais, que venderam 39,8 milhões de ingressos. Desse total, 20,4 milhões foram para os 10 filmes de maior bilheteria do ano até aquele dia. São eles:
- Aquaman 2: O Reino Perdido (lançado no final do ano passado, porém tendo vendido 2,5 milhões de seus 4 milhões de ingressos em 2024);
- Planeta dos Macacos: O Reinado (2,21 milhões de ingressos, e ainda em cartaz);
- Godzilla e Kong: O Novo Império (2,17 milhões);
- Todos Menos Você (2,16 milhões);
- Kung Fu Panda 4 (2,15 milhões);
- Minha Irmã e Eu (2,02 milhões);
- Wish: O Poder dos Desejos (1,99 milhão);
- Os Farofeiros 2 (1,91 milhão);
- Nosso Lar 2: Os Mensageiros (1,65 milhão);
- Duna: Parte 2 (1,6 milhão)
Isso significa que 19,4 milhões de ingressos foram para os outros 197 filmes restantes. Isso dá ao top 10 um total de 51,2% e aos demais 48,8% de todas as entradas para o cinema vendidas em 2024 até o final de maio.
Pode parecer pouco para os outros longas fora do top 10. Mas acredite: é uma grande melhora em comparação com 2023. Até o dia 31 de maio do ano passado, o top 10 tinha um share de 75% de todas as entradas, com os 25% restantes divididos entre os outros 161 filmes lançados até então. Dos quase 49 milhões de ingressos, 36,5 milhões pertenciam a somente 10 filmes e somente 12,3 milhões seriam dos outros.
O motivo disso é que o top 10 de 2023 até aquele momento estava recheado de blockbusters bem mais fortes que os deste ano. Confira:
- Super Mario Bros.: O Filme (6,55 milhões de ingressos);
- Avatar: O Caminho da Água (5,91 milhões em 2023, para um total de 11,7 milhões desde dezembro de 2022);
- Gato de Botas 2: O Último Pedido (5,67 milhões);
- Velozes & Furiosos 10 (4,67 milhões – seu lançamento foi na segunda quinzena de maio, sua bilheteria acumulada ultrapassaria os 6,5 milhões ao final de sua carreira);
- Guardiões da Galáxia Vol. 3 (4,24 milhões);
- Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2,72 milhões);
- John Wick 4: Baba Yaga (2,42 milhões);
- M3GAN (1,76 milhão);
- A Pequena Sereia (1,31 milhão – seu lançamento foi no final de maio e sua bilheteria chegaria a mais de 4 milhões ao final de sua carreira);
- Pânico VI (1,23 milhão)
Como dá para perceber, se o filme de maior público lançado em 2024 no Brasil (Planeta dos Macacos: O Reinado) tivesse sido lançado em 2023, seria apenas a oitava maior bilheteria.
Ou seja, com blockbusters muito mais chamativos no ano passado, o público fez o que fora acostumado ao longo dos últimos dez anos: só assistiu aos grandes sucessos de Hollywood.
Já em 2024, a falta de um Super Mario Bros, sequência de Velozes & Furiosos ou novo capítulo do Universo Cinematográfico da Marvel fez com que o público desse uma chance maior a outros filmes. Estes incluem a biografia musical Bob Marley: One Love (que chegou a mais de 1,25 milhão de entradas), a animação original Patos! (1,2 milhão), Madame Teia (1,1 milhão), o thriller Guerra Civil (1 milhão), Furiosa: Uma Saga Mad Max (982 mil, e ainda em cartaz), o live-action infantil totalmente original Amigos Imaginários (913 mil, que também se encontra em cartaz), o oscarizado Pobres Criaturas (739 mil), episódios da quarta temporada da série bíblica The Chosen: Os Escolhidos (705 mil), Mamonas Assassinas: O Filme (550 mil), animes como O Menino e a Garça (450 mil) e Demon Slayer: To the Hashira Training (385 mil)…
Mas o maior beneficiado pela falta de blockbusters estrangeiros muito fortes neste ano foi o cinema nacional. A comparação com 2023 mostra o quanto evoluímos: até o dia 31 de maio do ano passado, os 65 filmes nacionais lançados haviam vendido míseros 602 mil ingressos ao todo. Isso representa um share de apenas 1,2% de todas as entradas até aquele momento.
Já até 31 de maio deste ano, foram 7,6 milhões de ingressos para o cinema nacional, um crescimento de mais de 1400% (!). Em 2024, o share nacional cresceu para 19,1%, o que ainda é baixo se comparado com outros países, mas ainda assim uma clara melhora.
Isso foi graças ao sucesso encontrado por longas como Minha Irmã e Eu, Os Farofeiros 2 e Nosso Lar 2 no primeiro trimestre do ano. Nenhum deles chegou ao nível de blockbusters nacionais do passado, como as séries Minha Mãe é uma Peça, De Pernas pro Ar e Até que a Sorte nos Separe, porém são os maiores sucessos do cinema nacional no pós-pandemia.
Por conta da greve, o calendário menos concentrado em blockbusters de alto impacto no segundo semestre de 2023 e no primeiro de 2024 ajudou a reverter uma tendência que vinha se avizinhando desde o final da década passada. Mas que tendência seria esta? E como chegamos a este ponto?
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