Elementos é uma das menores estreias da história nas bilheterias para a Pixar
A nova animação da Pixar Elementos decepcionou nas bilheterias americanas e mundiais e continua tendência preocupante na indústria do cinema.
Compartilhe: Tiago
Publicado em 18/6/2023 - 22h28
Elementos, nova animação da Pixar, arrecadou apenas US$ 29,5 milhões em seu primeiro fim de semana na bilheteria americana. Trata-se de uma abertura bem abaixo das expectativas, que esperavam que o longa faturasse entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões.
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É também uma das menores estreias wide da história da Pixar. Sim, alguns dos longas mais antigos da empresa abriam inicialmente em pouquíssimos cinemas e só se expandiam para o país inteiro na semana seguinte (esta era a prática da Disney nos anos 90, afinal), mas considerando apenas as estreias em todo o território, Elementos só fica à frente do primeiro Toy Story (US$ 29 milhões), lançado nos EUA em novembro de 1995.
Fora de lá, a situação também não foi muito melhor: US$ 15 milhões em 17 mercados internacionais, resultando em US$ 44,5 milhões global. Elementos ainda precisa ser lançado em mais países, incluindo o Brasil (no qual chega na próxima quinta), mas os resultados nesses territórios iniciais não são promissores.
Muitos fatores contribuíram para a performance decepcionante do desenho. Em primeiro lugar, a concorrência segue fortíssima: não apenas Elementos estreou no mesmo fim de semana de The Flash (que por sua vez também fracassou – veja aqui e aqui) como também as semanas anteriores foram carregadas de blockbusters, incluindo aqueles que, tal como a animação da Pixar, também procuravam atrair o público familiar: A Pequena Sereia e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, bem como o mega sucesso Super Mario Bros.: O Filme.
O dinheiro no bolso dos pais e sua disponibilidade em levar os filhos para o cinema, afinal, são bastante limitados. Mas também não ajuda o fato de que sua recepção crítica foi abaixo da aclamação que costumava ser o normal para a Pixar. O longa fez uma pré-estreia em Cannes onde foi recebido de modo hostil, e depois, ao ser exibido para outros críticos, sua situação melhorou um pouco (76% no Rotten Tomatoes enquanto esta matéria é escrita), mas não tanto a ponto do longa se tornar imperdível para a maioria do público.
Além disso, há um outro problema, este mais profundo e complicado de resolver: o fato de que a audiência simplesmente parou de comparecer aos cinemas da mesma forma que antes para assistir animações originais, que não sejam sequências ou adaptações.
Essa é uma questão que já vem desde antes da pandemia. Desde 2018, as únicas animações familiares hollywoodianas de sucesso são ou continuações (Os Incríveis 2, Toy Story 4, Como Treinar o seu Dragão 3, Frozen 2, Meu Malvado Favorito 3, Minions 2, Gato de Botas 2) ou adaptações de material que a audiência já conheça (Super Mario Bros, os dois Aranhaverso, etc).
Isso se deve ao fato de que, nos últimos anos da década passada, a Disney e a Pixar, bem como os outros estúdios, lançaram uma série de sequências de sucessos passados que arrecadaram quantias monstruosas nas bilheterias. Quando a Casa do Mickey estava pronta para voltar a lançar filmes originais, esbarrou na pandemia, que encurtou a carreira de Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica e mandou Luca, Soul e Red: Crescer é uma Fera direto para o streaming.
O único sucesso animado pós-pandêmico da Disney é Encanto, um longa que fracassou nos cinemas e só foi descoberto pelas crianças e seus pais quando chegou ao streaming. De lá para cá, Lightyear e Mundo Estranho até receberam lançamentos tradicionais nos cinemas, mas sua recepção entre o público foi medíocre e marcada por polêmicas envolvendo personagens homossexuais.
Enfim, antes de sua estreia já havia um festival de, bem, elementos colocando em risco a carreira de Elementos nas bilheterias: a dificuldade em fazer as famílias pagarem para ver animações que não pertençam a franquias famosas nos cinemas, as fracas respostas aos últimos desenhos da Disney, o fato dos pais já terem levado seus filhos em Mario, A Pequena Sereia e Aranhaverso…
Mas a recepção mediana dos críticos foi o golpe final que convenceu muitas famílias a esperarem o longa chegar ao Disney+. Elementos precisava ser muito mais aclamado e assim se tornar um evento imperdível se quisesse superar os problemas e se tornar um hit nas bilheterias.
A dependência de Hollywood por franquias, piorada no caso das animações, é um problema que a indústria do cinema precisa resolver o quanto antes. A Disney até vai continuar tentando (no final deste ano e início do próximo, duas novas animações originais, Wish e Elio, serão lançadas), mas de toda forma a Casa do Mickey já prepara sequências de Divertida Mente, Toy Story, Frozen e Zootopia caso as audiências continuem ignorando as caras novas.
Elementos estreia no Brasil na semana que vem. Você vai assistir no cinema ou vai esperar chegar no streaming? Comente conosco!
[fonte: Deadline, The Numbers]