A Verdadeira Dor: Um passeio emocional com atuações absurdas [CRÍTICA]
A Verdadeira Dor, um dos indicados ao Oscar, chegou aos cinemas brasileiros nessa quinta-feira (30). Confira nossa crítica!
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Compartilhe: Elvis de Sá
Publicado em 31/1/2025 - 17h52
Sempre que começa a temporada das premiações, muitos filmes passam a entrar no radar dos cinéfilos e o intenso período de aquecimento para o Oscar. Felizmente, o novo projeto de Jesse Eisenberg se manteve estável ao longo de todas essas premiações. Não por qualquer prêmio, mas sim pelo público.
Afinal, ‘A Verdadeira Dor’ é um filme que poderia facilmente passar despercebido no meio da enxurrada de grandes lançamentos e dos filmes balados que disputam a categoria de Melhor Filme no Oscar. O filme de Eisenberg ficou de fora dessa categoria (injustamente), mas foi reconhecido por suas grandes forças.
Poderia ter tido mais, mas as indicações a Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante são incontestáveis. O roteiro – também escrito por Eisenberg – dialoga bastante com o momento especial que vivemos no nosso próprio cinema.
Embora seja uma história apenas inspirada em experiências pessoais, o filme dialoga com o tema central de ‘Ainda Estou Aqui’ e explora com muita competência toda a discussão sobre trauma e impacto de guerras e governos ditatoriais. É uma conversa sobre toda a nossa história.
A dinâmica de desenvolver a relação entre os primos durante um passeio histórico pela Polônia torna a discussão ainda mais envolvente, pois você se sente parte daquele grupo da excursão. Não há nenhum exagero ou tentativa de imprimir estilo na direção de Eisenberg, mas é essa simplicidade que torna o “passeio” realmente envolvente.
A direção é simples, mas o roteiro é absurdamente puro e honesto. É difícil lembrar de um tipo de filme que tenha personagens tão autênticos e CONVERSAS tão autênticas. Foge das frases de efeito clichês e não apela para algum momento “emocionante”, simplesmente para tentar engajar o público.
Um sutil e excelente equilíbrio entre senso de humor, drama e tragédias
Obviamente, a atuação de Kieran Culkin é emocionante o tempo INTEIRO, mas não há nenhum momento onde ela funciona como um “aqui é o nosso Oscar bait”, ou algo do tipo. Kieran está fazendo a limpa em todas as premiações e não é à toa.
A forma que ele constrói esse Benji como uma pessoa temperamental e difícil, mas extremamente carismática e magnética é bem especial. Não funcionaria e ficaria muito mais fácil de cair pro lado ruim do personagem se fosse alguém que não soubesse equilibrar isso.
Felizmente, o equilíbrio está não apenas na atuação de Kieran mas em todas as interações de personagens. O contraponto entre o ‘explosivo’ e o ‘contido’ que ele tem com o Eisenberg, não cai pro clichê que essa dinâmica de dupla costuma ter.
Muito disso porque, novamente, o roteiro traz algo totalmente honesto e profundo. Como equilibrar e lidar com o trauma e a dor de geração e a dor pessoal de nossa própria existência? Como é lidar com a dor de uma outra pessoa, sem estar no lugar dela? E como é lidar com a nossa dor, enquanto os antepassados enfrentaram coisas absolutamente piores?
Podem haver filmes mais energéticos ou fortes nesse Oscar, mas é difícil ter algum tão honesto quanto ‘A Verdadeira Dor’. Faça QUESTÃO de assistir no cinema!
NOTA: 8/10