Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica marca a menor estreia da Pixar no Brasil

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Não foi só na bilheteria americana que Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica teve uma abertura abaixo das expectativas. Aqui no Brasil o desempenho do longa foi igualmente terrível, e por muito pouco ele não foi ultrapassado por Sonic: O Filme.

O longa arrecadou apenas R$ 4,66 milhões durante o fim de semana. Seu público foi de medíocres 256 mil pessoas. Trata-se do menor público de abertura da história da Pixar (embora eu não possua os dados do primeiro Toy Story e Vida de Inseto), perdendo para WALL-E, Toy Story 2 (266 mil pessoas cada um), Monstros S.A. (272 mil) e Ratatouille (280 mil). 

Estranhamente, muito da culpa parece ter sido da própria Disney, que não conseguiu (ou não quis) agendar muitas salas para o longa. Dois Irmãos está em exibição em 201 salas no Brasil, um circuito menor que o de todos os filmes do parágrafo anterior, a despeito de hoje em dia haver mais do que o dobro do número de salas do que na época de Toy Story 2. Para se ter uma ideia, Dois Irmãos está em cartaz em menos de 6% das salas do país, menos do que Sonic e O Homem Invisível, a despeito de estes serem veteranos. Em comparação, quando a segunda aventura dos brinquedos chegou ao Brasil, em dezembro de 1999, foi exibido em 249 salas, ou 18% do circuito da época. As 289 salas de Monstros S.A., em dezembro de 2001, também foram aproximadamente 18% das salas da época.

Claro, Dois Irmãos é muito menos crucial para a Disney em 2020 do que Toy Story 2 ou Monstros S.A. foram em suas épocas – lembre-se que, duas décadas atrás, a Casa do Mickey ainda não era dona da Marvel, da Lucasfilm, nem da Fox, e sobrevivia nos cinemas graças à animações e filmes para a família. Ainda assim, é estranho que Dois Irmãos tenha saído num circuito tão minúsculo. Não pode ser o coronavírus (o COVID-19 por enquanto não é um problema tão grande no país como na Ásia e na Europa), então talvez a empresa simplesmente tenha desistido do longa no mercado brasileiro, graças à forte competição com Sonic e Dolittle?

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que a Disney trata mal uma animação original da Pixar no Brasil. Em janeiro de 2018, Viva: A Vida é uma Festa estreou também em um circuito minúsculo, menor que o da animação da Warner PéPequeno (!), o que pode ter contribuído para que o longa tenha saído de cartaz tendo vendido menos de 2 milhões de ingressos no país.

De toda forma, Dois Irmãos liderou as bilheterias do fim de semana e obteve boa média por sala (1.273 espectadores), o que significa que se a Disney apostar mais nele, ele talvez venha a ter uma boa performance. É bizarro que uma animação da prestigiosa Pixar alcançou no Brasil uma abertura comparável à do filme dos Jovens Titãs em Ação! (274 mil pessoas) e (misericórdia) Gnomeu e Julieta: O Mistério do Jardim (249 mil), mas ao menos suas sessões não ficaram vazias.

Na hipótese mais otimista, podemos esperar para Dois Irmãos uma performance similar à Ratatouille, o que o faria sair de cartaz com pouco mais de 2 milhões de espectadores, um público maior que o de Viva, por exemplo. Vale lembrar que Ratatouille, em julho de 2007, foi a maior opção para as crianças menores em meio a um mês que trouxe principalmente opções para as mais velhas, como Transformers, Harry Potter e a Ordem da Fênix e Os Simpsons: O Filme. Já Dois Irmãos será, juntamente a Sonic, a maior opção familiar ao longo de quase todo o mês, ao menos até a chegada de Mulan. 

Em uma perspectiva mais realista, um desempenho pós-estreia mais parecido com PéPequeno e O Grinch o leva a sair de cartaz com entre 1,25 milhão e 1,3 milhão de pessoas. Já na hipótese mais pessimista, o longa desempenha como Angry Birds 2 e sai de cartaz com 1,11 milhão de pessoas, o que faria dele o filme da Pixar menos assistido da história, perdendo até mesmo para o primeiro Toy Story, que levou 1,32 milhão de pessoas aos cinemas brasileiros lá no longínquo 1996.

Enfim, vamos acompanhar para ver se Dois Irmãos terá boca a boca no Brasil, ou se afundará com rapidez perante à crise.