Por que Red: Crescer é uma Fera foi lançado exclusivamente no Disney +

Apesar das ótimas críticas, animação da Pixar Red: Crescer é uma Fera não foi lançada nos cinemas, tal como Soul e Luca. Entenda o motivo.

Por que Red: Crescer é uma Fera foi lançado exclusivamente no Disney +

Apesar das ótimas críticas, animação da Pixar Red: Crescer é uma Fera não foi lançada nos cinemas, tal como Soul e Luca. Entenda o motivo.

Por que Red: Crescer é uma Fera foi lançado exclusivamente no Disney +
LEGENDA
Imagem: Reprodução | Divulgação
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Você sabia que a Pixar, por mais aclamados e premiados que sejam seus filmes, não lança um filme nos cinemas desde antes da pandemia? O último foi Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, que saiu poucas semanas antes do fechamento das salas. Desde então, todos os longas da produtora são exclusivos do streaming.




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Claro, o coronavírus é um dos motivos pela decisão de enviar Soul, Luca e agora Red: Crescer é uma Fera direto para o Disney+. Com a vacinação das crianças ocorrendo tardiamente, muitos pais corretamente se sentiram temerosos em levar seus filhos aos cinemas. O resultado disso foram bilheterias medíocres para longas infantis lançados na pandemia, com Sing 2 (US$ 360 milhões globalmente)  sendo o maior deles.

No entanto, há um outro problema, este muito mais profundo e de difícil solução, envolvendo animações familiares que já vem desde bem antes da pandemia. A triste verdade é que: as únicas animações a serem bem sucedidas nas bilheterias nos últimos quatro anos foram continuações. 


Duvida? Então veja quais foram as maiores bilheterias para longas animados entre 2018 e 2020: Os Incríveis 2 (US$ 1,24 bilhão), Hotel Transilvânia 3 (US$ 528 milhões), WiFi Ralph: Quebrando a Internet (US$ 529 milhões), Como Treinar o seu Dragão 3 (US$ 523 milhões), Toy Story 4 (US$ 1.073 bilhão) e Frozen II (US$ 1.45 bilhão). Enquanto isso, desenhos não ligados a nenhuma franquia como PéPequeno (US$ 346 milhões), Abominável (US$ 189 milhões), O Parque dos Sonhos (US$ 115 milhões) e o próprio Dois Irmãos (US$ 133 milhões) acabaram afundando. Durante a pandemia, a única animação a faturar mais de US$ 300 milhões globalmente também foi uma sequência: Sing 2.

Na realidade, a última animação que não é uma continuação de alguma franquia a arrecadar mais do que US$ 550 milhões globalmente foi o premiado musical da Pixar Viva: A Vida é uma Festa, que faturou US$ 800 milhões entre 2017 e 2018 (e com uma grande ajuda da China). De lá para cá, como você viu, todas as maiores bilheterias para animações foram para sequências.


É uma situação exatamente oposta à da encontrada na década de 1990, conhecida como o Renascimento da Disney. Na época, a Casa do Mickey arrecadava horrores com longas como Aladdin (US$ 504 milhões), O Rei Leão (US$ 768 milhões no lançamento inicial) e Tarzan (US$ 448 milhões). As sequências de tais filmes eram lançadas diretamente em VHS e DVD, pois eram filmes menores e, digamos, “menos importantes”. 


Isso começou a mudar a partir de 1999, quando a Pixar resgatou Toy Story 2 de ser lançado direto para home vídeo e ao invés disso o transformou num blockbuster digno dos cinemas. O resultado foi US$ 485 milhões em bilheteria globalmente e a aclamação dos críticos. Cinco anos depois, sua rival DreamWorks lançou Shrek 2 e o resultado foi ainda maior: quase US$ 1 bilhão mundialmente, a maior bilheteria de 2004.

Mesmo assim, naquela época filmes originais ainda eram responsáveis por boa parte da renda. Nos anos 2000, Hollywood assistiu ao ápice da Pixar, que produziu clássicos como Monstros S.A., Procurando Nemo, Os Incríveis, Carros, Ratatouille, WALL-E e Up: Altas Aventuras, todos eles com excelentes bilheterias. A DreamWorks contra-atacou com Shrek, O Espanta Tubarões, Madagascar, Kung Fu Panda e Como Treinar o seu Dragão, e a Blue Sky lançou A Era do Gelo e suas sequências, Robôs e Rio. Até mesmo a Sony entrou na briga, com os bem sucedidos O Bicho Vai Pegar e Tá Dando Onda, enquanto a Warner ganhou um Oscar por Happy Feet: O Pinguim. Já a Universal apostou no estúdio Illumination, que lhe rendeu o sucesso Meu Malvado Favorito.


Em outras palavras, haviam sequências e elas eram bem sucedidas, porém filmes originais ainda eram recebidos com ótimas bilheterias. 

Isso começou a mudar a partir dos anos 2010, que foi quando a Pixar passou a apostar mais frequentemente em sequências para seus clássicos. A primeira foi Toy Story 3, que arrecadou mais de US$ 1 bilhão e ganhou uma indicação ao Oscar de Melhor Filme. Depois vieram Carros 2 e 3, Universidade Monstros, Procurando Dory, Os Incríveis 2 e Toy Story 4. Outros estúdios também seguiram produzindo novos capítulos para suas franquias, como a DreamWorks (Como Treinar o seu Dragão 2 e 3, Kung Fu Panda 3), Illumination (Meu Malvado Favorito 2 e 3, Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2) e Blue Sky (A Era do Gelo 4, Rio 2). 

Até 2017, longas originais ainda tinham a possibilidade de fazer sucesso. Temos exemplos da Disney (Detona Ralph, Frozen, Zootopia, Moana), Pixar (Valente, Divertida Mente, Viva), Illumination (Pets) e DreamWorks (Os Croods, Cada um na sua Casa, O Poderoso Chefinho). Porém, como você viu, de 2018 em diante isso se tornou bastante raro. O público passou a ir ao cinema apenas para ver sequências de longas antigos, deixando as novas ideias relativamente de lado. E a pandemia só acentuou este problema.

Isso significa que as pessoas simplesmente pararam de assistir a qualquer animação que não tenha um numeral no título? Não – o público apenas deixou de ir ao cinema para isso. Ao invés disso, optaram por assisti-los via streaming, no conforto de suas casas.

Os maiores exemplos disso estão na própria Disney. Raya e o Último Dragão e Encanto até foram lançados nos cinemas, porém só viraram sucessos de verdade quando foram liberados de graça para os assinantes do Disney+. Encanto tornou-se um sucesso de audiência e as canções da trilha sonora entraram para o ranking das mais ouvidas, mas apenas depois de ir para o streaming.

Isso é reflexo de uma mudança que já vinha acontecendo desde o final da década passada e que só piorou por conta da pandemia. Grande parte do público está indo a cada vez menos filmes no cinema, com a bilheteria concentrada em torno de um punhado de filmes-evento, em especial super-heróis da Marvel e da DC, remakes, algum terror ocasional e, claro, novas continuações ou spin-offs de animações do passado. Qualquer outro tipo de filme precisa esperar ir para o streaming para ser redescoberto.

Por isso, é bem provável que, mesmo se não houvesse a pandemia e Soul, Luca e Red fossem lançados exclusivamente nos cinemas, é provável que eles seriam recebidos com números medíocres nas bilheterias. Por isso a Disney optou por enviá-los diretamente para seu serviço de streaming – o grande foco da indústria do entretenimento hoje em dia.

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